quinta-feira, 3 de julho de 2014
HOMENS-DEUSES
Não tenho multidões a pedir para autografar os meus livros. Não tenho milhares de leitores. No entanto, sei que exerço uma certa influência. Sei que provoco a discussão. Porque eu não segui a via das multidões. Haverá outros mais cultos e mais inteligentes do que eu, haverá outros mais eloquentes, mas eu sei que tenho a minha originalidade. Sigo os mestres. Sigo a palavra. Não estou armado. Admito a violência como último recurso mas não ando armado. Bebo do cálice. Sou verdade, sou vida. Mesmo que tenha a minha doença. E que, por vezes, caia. Na verdade, desde miúdo que me afasto do rebanho. Inventava personagens. Depois compreendi, aos 16 anos, que este mundo não servia. Era o Peter Owne, seguia os "hippies". A paz e o amor. Agora já me sinto ligeiramente embriagado. A dada altura defendi a embriaguez permanente. Não me arrependo. Não tenho que ser anjo de Deus nem militante disciplinado. Foi nos bares que me descobri. Não devo nada a ninguém. Não tenho obrigações nem compromissos. Não tenho de estar em casa a horas certas. Sou o homem da liberdade, como dizia Jim Morrison. A timidez foi-se. Sou o senhor da aldeia. Cantei em bandas. Não resultou. Tento influenciar as pessoas. Dizer-lhes que há outro mundo, outra vida. Que o homem não é escravo do capitalismo nem da tecnologia. Vejo o dinheiro a ir e vir, a ir parar às mãos dos especuladores, dos mercadores, dos políticos. Vejo o homem esfomeado. Não é justo. Nascemos para viver, não para sermos escravos. Nascemos para desenvolver as nossas potencialidades. Para criarmos. Para sermos homens-deuses. Nada nos parará.
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