sábado, 28 de junho de 2014

NEM SEQUER AMAMOS

As miúdas vêm à confeitaria. Parecem felizes. De que falam? De nada que me motive. As pessoas estão mesmo convencidas de que são livres, de que têm direito de voto, de que vivemos numa democracia. A verdade é que a sociedade que construímos conduz cada vez mais à doença mental e abafa o amor. Estamos separados, partidos, poucas vezes nos encontramos porque o trabalho nos prende, nos castra. Celebramos em dias marcados ou por causa de coisas menores como o futebol. Nada fazemos para construir o império do homem sobre a terra, nada fazemos pelo reino da liberdade e da abundância. Exploramo-nos uns aos outros, atropelamo-nos, dividimo-nos em grupos fechados, não nos unimos. Às vezes até parece que não somos da mesma espécie. Não questionamos o homem, não questionamos a vida. Não aprofundamos o nosso pensamento. Somos mecânicos. Entretêmo-nos com imbecilidades. Não crescemos. Não passamos mensagens. Contentamo-nos com pouco, com o nosso dinheirinho, com o nosso carro, com a nossa casinha. Não vamos mais além. Não procuramos sair da rotina. Não nos queremos elevar à altura dos deuses. Não vivemos a vida. Não a celebramos. Estamos perdidos, partidos. Deixamo-nos levar pelas patranhas dos políticos e dos capitalistas. Acreditamos na publicidade. Nem sequer amamos.

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