segunda-feira, 19 de novembro de 2012

VIVER

VIVER "Construir, todos os dias, incansavelmente, demencialmente, momentos inesquecíveis: isso sim vale a pena. Sê um construtor de momentos inesquecíveis, de momentos que vais querer, tal como quiseste vivê-los, recordar. Momentos que vais querer recordar incansavelmente, demencialmente. Sê um criador que nunca se cansa de construir momentos que vai querer recordar." (Pedro Chagas Freitas, "Eu Sou Deus") Fazer da vida uma festa, um banquete permanente. Eis o que os mercados e os governos nos querem impedir de fazer. Gozar a vida na leitura, no conhecimento, na arte, no prazer. Não ser o homem das meias-medidas, o meio-homem, a meia-mulher. Viver intensamente o instante. Viver é "nascer todos os dias, de novo. Consiste em ver tudo de novo", em fazer tudo de novo, em ser todos os dias "virgem de felicidade, criança de exaltação, bebé de euforia", como diz Pedro Chagas Freitas. Não é andar todo o dia a contar os trocos, a fazer contas. Viver é excesso mas também contemplação. Não é andar trabalho-casa, casa-trabalho, não é estar às ordens do governo, da polícia, da Merkel, dos mercados. Viver definitivamente é não estar às ordens de ninguém. Viver é andar sem Deus nem amos, como dizem os anarquistas. Não é certamente andar em função da televisão, do telejornal, do futebol, das telenovelas. Viver é desfrutar a vida. Quer através do saber, quer através do próprio querer, da vontade. Viver é sermos reis e senhores da vida. E eu conheci poetas vadios, sem-abrigo que o eram. Não são necessárias fortunas. Aliás, o dinheiro a partir de determinado nível só traz escravidão, dependência. Viver é certamente dar e receber amor e ser livre. É isso que somos. É isso que podemos ser. Não escravos disto e daquilo. Não subservientes em relação a este e àquele. Livres, soberanos, sonhadores. Donos da vida. Construtores de momentos inesquecíveis, criadores de vida. Eis porque estamos aqui, eis porque usamos a palavra. Ninguém nos vai roubar isto.

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