quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O JUÍZO FINAL


"Vais morrer esta noite",
diz o infame ao narciso

vim ao bar
pronunciar estas palavras
esperei séculos para tas dizer
na cara,
ó mafioso da máquina,
estou farto de vos ver triunfar
hoje despejei sobre ti
a gargalhada satânica
provoquei o caos
ameacei-te
e isso deu-me um gozo imenso
há séculos que não me sentia assim
depois fui partir montras para a avenida
lojas, bancos
como na Grécia, como em Inglaterra
ficai lá com o vosso Zéca Afonso,
ó parados no tempo,
eu estou a fazer a nova revolução
insulto Deus em plena Sé
não me arrependo de nada
queríeis o incendiário,
aqui o tendes,
ó filhos da puta!
Já não temo a vossa manha
estou farto do vosso sacar
das punhetas que fazeis
ao poder e ao dinheiro
"ides morrer esta noite"
começai a tremer de medo
o novo rei está aqui
regressou de Camelot
vem combater os macacos,
os banqueiros e os seus cães
já nada teme
é-vos superior
às vossas festinhas
ao vosso vinho
ao vosso "tudo bem"
venho combater-vos
passei demasiado tempo
no inferno
agora é a minha vez
EU SÓ QUERO VER O PODER A ARDER
EU SÓ QUERO VER O PODER A ARDER
o rum arde dentro de mim
sou o homem superior
venho incendiar o vosso sossego
escravos,
saí das vossas tocas!
A nova era está aqui
deixai-vos de abraços
e beijinhos
bem-vindos ao caos
ao Shakespeare da pesada
"I'm the lizard king
i can do anything"
sabes, estes versos mordem
queimam
não são líricos
e bonitinhos
como o Eugénio de Andrade
tendes aqui o novo poeta
tendes aqui o novo rei
segui-me
ainda podeis salvar-vos
"come, follow me
cross the sea
endlessly"
amigos, isto não é conversa
para entreter
amigos, isto sou eu
a incendiar
há poetas capazes
de mudar o mundo
de fazer as vossas mentes
em vez da televisão

onde estás,
país da minha infância?
onde está
o menino puro
que eu era?
tornou-se demoníaco
todos os que tentaram fazer-lhe mal
pagaram a factura
nem que seja 100 anos depois
tremei, pois, ó inimigos,
empresários, especuladores,
homens de mão de Bruxelas e do FMI
ides cair um a um
ides ser empalados no alto
da Torre dos Clérigos
nem vós vos safais, ó futeboleiros,
chegou a hora do juízo final.


Vilar do Pinheiro, 12.10.2011

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