quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Á MESA DO HOMEM SÓ


Em 2001, João publicou "Á Mesa do Homem Só" (Silêncio da Gaveta), o seu primeiro livro. "Á Mesa do Homem Só" tem grandes poemas. "Na ressaca das noites ébrias/crio cenários/ liberto pássaros/ absorvo conversas/ tudo parece absurdo convencional/ diante do meu fogo/ diante da embriaguez permanente". Há uma "escrita vertiginosa e automática", como escreveram no Diário de Notícias, uma embriaguez que ......desce aos infernos, o fogo diante do quotidiano cinzento, entediante, vazio das convenções. "Ontem percorri quilómetros de cérebro/ em busca do totem da tribo/ em busca de ti". Há uma busca da idade do ouro perdida, da musa do além e do aquém. "Procuro o beijo/ o anel sagrado/ (...) Jesus, mostra-nos a luz! Dá-nos arco-íris/candelabros". "Em palco/ actores alucinados/ interpretam o triunfo da arte sobre a sobrevivência". Já aqui a arte como alternativa ao sustento, à sobrevivência. A arte como criação e redenção. "Dá-me alucinações delírios quimeras/ afasta o espectro repressivo da razão/ mostra-me o extermínio dos relógios e dos televisores/ conduz-me aos bares/ onde o àlcool acende as conversas/ encharca de whisky o meu cadáver vivo!" A fuga para a loucura em alternativa à razão, ao mundo quotidiano dos relógios e da TV, outra vez a descida aos infernos (ou paraísos) dos bares, da embriaguez, do whisky. "No cérebro estalam vulcões, montanhas. A viagem recomeça rumo ao cume. Dentro dos sonhos existem lugares verdes (...). A alucinação expressa, a viagem interior, o fantasma do hospício.
“Quiseram prender-me. Atirar-me para o hospício. Mas eu não estava lúcido. E os inquisidores fugiram de mim”. “Paixão, delírio, desvario e perda”, “projecção de erotismo, que reflectem uma poética tipicamente onírica, marcada por uma profusão de imagens que se sobrepõem, reproduzindo um caos interior”, como escreveu a crítica Cláudia de Sousa Dias

Sem comentários: