domingo, 4 de setembro de 2011

UM POETA A MIJAR

Extravagante obra de recorte abjeccionista, este Um Poeta a Mijar recolhe poemas do camarada e amigo A. Pedro Ribeiro vertidos em Dezembro de 2007 pela Corpos Editora. A. Pedro Ribeiro, nunca é demais dizê-lo, leva a poesia ao limite do poético. Não satisfeito, transcende o próprio limite. O resultado é visceral. Desengane-se, pois, o leitor desatento. Estes poemas não são confeccionados na bexiga, nascem nas vísceras e sobem à garganta como um vómito inadiável. Têm a força do necessário. E como já apregoava Epicuro, tudo o que é necessário é bom. Eis o poema que emprestou título ao livro:

UM POETA A MIJAR

O poeta dirige-se à casa de banho e mija
Sim, porque os poetas também mijam e cagam
Não passam a vida a escrever versos e a apurá-los
Não passam a vida a fazer horas
E a aturar chatos no café
Não andam sempre a micar as meninas
Para lhes oferecer poemas
Com fins libidinosos.

O poeta dirige-se à casa de banho e mija.

HENRIQUE MANUEL BENTO FIALHO

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