quinta-feira, 1 de setembro de 2011


A minha vida é assim. Durante dias e dias nada de relevante se passa. Até que vem o dia, a noite em que vivo 1000 anos, quer graças à criação, quer graças à aventura, aos filmes, como eu lhes costumo chamar. Assim tem sido, de facto, a minha vida. Nada a fazer. Sou assim. Há bocado até me sentia entediado. Mas dei um belo passeio até ao "Pinha Doce" e agora sinto-me bem. O "Pinha Doce" é o velho café junto à estação, antes do comboio, agora do metro. Para variar, pedi um carioca. O puto mafioso também está aqui. É Setembro. Foi-se Agosto, o mês onde nada se passa, excepto a Gotucha. No sábado vou a Famalicão dizer poesia e participar na "Portuguesia". No "Café Paraíso" há poemas que não me convencem totalmente. Mas, enfim, há que situá-los. Há sempre o factor futebol que entra. É questão de fazer uns cortes. Não tenho que renegar a fase das mamas e das gajas boas. Apenas estou noutra fase. De certa forma, a regressar às origens. Ao estilo Mário de Sá-Carneiro/ Fernando Pessoa. E depois a escrita é diferente consoante se bebe ou não àlcool. Voltarei a estar mais exposto. Enfim, o que importa é que me voltei a sentir solto. O pensamento vagueia. O velho relógio na parede. A verdade é que me estava a sentir entediado. Agora prossigo o diário. Nada de relevante se passa aqui no "Pinha Doce". Senão o homem a escrever á mesa. Não escrevo romances nem conto estórias. Tenho esta ocupação, como diz o dr. Jorge Marques. Olho o camião a passar na rua. A bola, inevitavelmente, passa na TV sem ninguém a olhar para ela. Poderia até abandonar o café sem pagar mas seria ridículo. Seria óptimo se algo de brilhante me viesse à cabeça. Sou apenas o homem que escreve. Tem havido textos meus a receber muitos elogios. Estou no bom caminho.

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