sábado, 24 de setembro de 2011

O MANIFESTO, OS UTÓPICOS E OS VERDADEIROS


O MANIFESTO, OS UTÓPICOS E OS VERDADEIROS

A função do dinheiro é a alienação da essência humana, diziam os socialistas alemães do séc. XVIII. Os mesmos afirmavam que, em vez de defendermos os interesses do proletariado, deveríamos defender os interesses da essência humana, do homem que não pertence a nenhuma classe. Já os socialistas utópicos (Saint-Simon, Fourier, Owen) defendem o fim do lucro e do trabalho assalariado. É aí que me situo depois de reler o “Manifesto do Partido Comunista”. Tenho reservas em relação a Marx e a Engels, se bem que estes afirmem que “a burguesia afogou o sagrado êxtase do fervor religioso, o entusiasmo cavalheiresco e o sentimento pequeno-burguês nas águas geladas do cálculo egoísta”, que “rasgou (…) as relações familiares e reduziu-as a simples relações de dinheiro” e que “converteu o médico, o jurista, o padre, o poeta, o sábio em assalariados ao seu serviço”. Dizem ainda que “estes operários (agora muito mais escravos), obrigados a vender-se dia-a-dia, são uma mercadoria, um artigo de comércio como qualquer outro, sujeito a todas as vicissitudes da concorrência, a todas as flutuações do mercado”. Já então como agora. Os autores do “Manifesto” acrescentam também que “a burguesia já não é capaz de reinar porque não pode assegurar ao escravo a existência”. Para os nossos senhores, acrescentamos nós, e para os escribas ao seu serviço, a liberdade resume-se à liberdade de compra e venda. O que vai de encontro à nossa “tese” do homem assassinado.

Sem comentários: