quinta-feira, 30 de junho de 2011

O JIM ERA MESMO O MAIOR


Macacos peludos na TV da bola
as meias-finais da taça do hóquei

aqui chegados
a escrita diz
o que a vida não diz
a feira da Ladra
na Cordoaria
voltámos a uma certa pureza
inicial
estamos condenados,
ó barbudo de Braga

há gajos que comparecem
em todos os lugares
mesmo nas assembleias de voto
abutres que se fazem às gajas
e que as ferem de morte
loucos que investigam
a tua escrita
América, América
estás aqui
trouxeste a tua banda de bêbados
e levas-me até Deus
até à boca da baliza
como quando marcaste nove golos
no pátio do liceu
levaram-te em ombros
para depois te abandonarem,
ó bicho da noite e dos copos,
agora estranhas o sol
e dizes tudo o que te vem à alma
como estás longe,
ó versejador da corte,
faço versos
à tua custa
banqueteio-me à tua mesa
desaprendo todas as maneiras
e o Sporting até volta a ganhar
és um grande filho da vida
as mamas abanam
e até te esqueces do que ias dizer
guitarradas no Piolho
sangue na arena
um preto invadiu o campo
um protagonista
para adicionar ao Garcia
Deus meu, tanta poesia
há no futebol!
Mesmo que seja de sala
e leve leitões
começo a ficar farto
do politicamente correcto
só vejo porrada
e gajos corpulentos
e polícias
camarada, agarra-te à guitarra,
somos do rock
estamos na estrada
vamos á procura
a bola já cá canta
e o Jim
era mesmo o maior.


Piolho, 18.6.2011

quarta-feira, 29 de junho de 2011

NO PASARAN

NO PASARAN

António Pedro Ribeiro

A Grécia. Sempre a Grécia. Da Grécia não levais nada, ó inquisidores, ó capitalistas. Na Grécia não há Medinas Carreira que vos valham, nem profetas da morte, nem economistas da treta, nem contabilistas. Na Grécia o povo bate-se nas ruas, enfrenta o poder e a polícia. Na Grécia não há meias-tintas. Na Grécia não há Passos Coelho, nem Cavacos, nem vendilhões, nem troca-tintas. Ou, se os há, estão em xeque. O povo combate nas ruas. O povo de Homero, de Sófocles, de Eurípedes, de Pitágoras, de Sócrates, de Platão, de Aristóteles não aceita mais a ditadura dos mercados e a escravatura da troika, da Merkel, do Obama, do Sarkozy. Um povo assim não pode cair. Um povo assim não cai na cantiga. Um povo assim dignifica o Homem na Terra. Um povo assim faz o homem. Sejamos todos gregos. Como no princípio. Pela civilização, pelo homem livre, pela Vida. No Pasaran.

terça-feira, 28 de junho de 2011

LIBERDADE


.
LIBERDADE



Vim ao mundo de graça

não tenho de pagar o que como

nem o que bebo

não tenho de pagar

a ponta de um corno

pela vida

nem tenho de trabalhar

para pagar o que como

e o que bebo

não tenho de me sacrificar

por coisa nenhuma

a vida é livre e gratuita

só faço o que quero

o que me dá na real gana



e é isto que vos tinha a dizer.

[texto realizado/enviado por A. Pedro Ribeiro no âmbito da queima do judas 2011, subordinada ao tema "Liberdade, Revolução de Abril e metamorfoses do Mosteiro de Santa Clara"]

quarta-feira, 22 de junho de 2011

DESPEDIMENTOS NOS ESTALEIROS DE VIANA

Estaleiros Navais de Viana do Castelo: Traição consumada…despedimentos de 380 trabalhadores até ao final do ano

Durante a campanha eleitoral, o camarada Garcia Pereira à frente de uma delegação da candidatura esteve presente nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, num encontro com a CT. Neste encontro, o camarada afirmou a dado passo, “está em curso um plano de aniquilamento desta empresa. Por exemplo não tendo nenhuma perspectiva para os estaleiros e amanhã virem invocar o desequilíbrio económico-financeiro assim criado para justificar primeiro o lay-off, algumas rescisões voluntárias e depois um despedimento colectivo”, isto foi dito em 28 de Maio, em resposta às preocupações da Comissão de Trabalhadores, que acusava a novel administração, que a dita reestruturação que a empresa se preparava para fazer, com os seus homens de mão contratados recentemente, com currículos de desmantelamentos de outras empresas, era para efectivamente acabar com a empresa.

Menos de um mês, estas palavras vêm infelizmente comprovar-se, a administração anunciou ontem o plano com nome pomposo, de reestruturação, que irá provocar a saída, até final do ano, de 380 trabalhadores, dos actuais 720.


E como se esperava as desculpas são os prejuízos provocados pelas políticas sucessivas de desinvestimento no sector, provocado ostensivamente durante os últimos anos pelos diversos governos. E a continua descapitalização da empresa.


Os trabalhadores que se dizem “surpreendidos pela brutalidade dos números”, afirmam pela voz do coordenador da CT, António Barbosa, “se é para reduzir efectivos para tornar isto apetecível para um privado qualquer estrangeiro vir apoderar-se do que é nosso, obviamente que nem nós, trabalhadores, nem a comunidade vianense o vamos aceitar”.

Lembra que esta medida é aprovada “nas vésperas” da entrada em funções do novo Governo. “O que sai faz um favor fabuloso ao Governo que entra, tudo coordenado pela troika externa e interna”, denuncia mais adiante António Barbosa.


Na altura da visita da candidatura do nosso partido, o camarada Garcia Pereira sublinhou que seria um crime para a região e para o país deixar que os Estaleiros Navais fossem “abatidos ou desmantelados”.

A resposta dos trabalhadores que deve ter a máxima solidariedade dos sindicatos do sector, das centrais sindicais e de todos os trabalhadores que lutam contra a política da Troika, de terra queimada, tem de ser determinante na combatividade contra o governo que tomou posse hoje, mero gestor de negócios do grande capital.


Pela parte do nosso partido, os trabalhadores dos estaleiros terão todo o apoio e a solidariedade na luta contra esta traição, esta medida anti-patriótica e de vende-pátrias.

http://lutapopularonline.blogspot.com

A CAIR, A CAIR...


Agência mantém perspectiva negativa
Moody´s baixa rating do Banif para “lixo”
22.06.2011 - 11:03 Por Paulo Miguel Madeira

9 de 9 notícias em Economia
« anteriorA agência de notação (rating) de risco de crédito Moody´s baixou a classificação do Banif para Ba2, com perspectiva negativa, um nível que entra já na classificação de “lixo” no jargão dos mercados.
(Catarina Oliveira Alves (arquivo))

O anterior rating do Banif era de Baa3 (a última categoria dos investimentos considerados seguros), o que significa que o corte hoje anunciado é de dois níveis, sendo esta decisão justificada com os problemas financeiros que o Governo enfrenta, e que enfraquecem a sua capacidade para apoiar a banca.

A agência chama ainda a atenção para as crescentes incertezas por toda a Europa relativamente à vontades das autoridades para continuarem a apoiar as instituições que não sejam as mais importantes nos seus mercados.

A nota de crédito do Banif, tal como a do resto da banca nacional, está assim a ser penalizada também pela situação no país, dizendo a Moody´s que que se a nota de Portugal (que se encontra com perspectiva negativa) baixar, então é provável que a do Banif também volte a baixar.

Por outro lado, se o banco não conseguir com as novas exigências de capital em Portugal ou se a sua posição líquida, se não conseguir melhorar a sua rendibilidade e indicadores de eficiência, ou se a qualidade dos seus activos se deteriorar. A Moody’s não exclui que o Estado apoie o banco, mas considera que a sua dimensão não lhe permite ter garantias de apoio ao mesmo nível que os de maior dimensão.

A agência explica que a acção de hoje sobre a nota do Banif conclui em parte a revisão relativa aos bancos portugueses desencadeada em Abril. O Banif é assim o segundo banco português que cai na categoria de Lixo, depois de já ter atribuído Ba1 ao Montepio (um nível acima do Ba2 hoje dado ao Banif).

No entanto, o Millenium BCP tem também a sua nota de longo prazo em Baa3, e com perspectiva negativa, pelo que é possível que proximamente caía também na acategoria de lixo da Moody’s.


www.publico.clix.pt

quinta-feira, 16 de junho de 2011

MULHERES


Já começam a desconfiar que pertences
aos "gangues" do multibanco
as mulheres amam-te mas não
te entendem
é mesmo melhor que não lhes mostres
certas coisas
mesmo às mais belas
as mulheres, certas mulheres,
afinal começam a perceber-te
mas não te dirigem a palavra
praia, "Modelo", Umberto Eco
vá-se lá perceber as gajas
é certo que tens seguido
correntes machistas
continuas a não perceber
as mulheres
no liceu
na Faculdade,
quando as tinhas à mão,
eras tímido
ou tinhas depressões de sete meses
salvaram-se duas ou três
a loira fala, fala
vai ao carro
traz presentes
sou definitivamente diferente
das mulheres
Umberto Eco
fala-se de literatura
e de protectores solares
estão realmente mais à mão
a TV vomita violência
adoro a ignorância
das mulheres
sinto-me melhor do que as estrelas
mas, para já, não saco nada
sou louco
sensato de mais para este mundo,
princesa

ajuntamento de amigas
a Gotucha não está
amo-a de qualquer forma
apesar da loira fixe
ainda não está tudo morto
a menina benfeitora
em Pedras Rubras
as pessoas saem à rua
não têm medo da revolução
ah!Ah!Ah!
Coitados
mal sabem o que os espera...

LADY BABÁ (CANÇÃO)


Lady Babá
vais aqui, vais acolá
és aquela que dá

olhos selvagens
foges às ordens
à pose instituída
à TV dominical

lady Babá
és aquela que dá

melhor do que as vedetas
melhor do que os patetas
sangue ao rubro
eu na tua fogueira
dás-te inteira
dás-te inteira

lady Babá
aqui e acolá

Lady Babá
quero-te (dadá)

Lady Babá
quero-te já já...


Braga, 13.6.2011

REINO


A vossa vidinha de escravos
está a chegar ao fim
Maria, deixa o namorado
os tempos estão a mudar
podes até votar nos sociais-democratas
e nos liberais
podes fazer o teu número de prima-dona
de bairro
os tempos estão a mudar


Escutai, juízes, homens de lei,
coquetes televisivas
de nada vos serve apelar à Pátria
e ao folclore
de nada vos serve dar umas risadas
a populaça sois vós, homens pequenos
mesmo quando vos dizeis
revolucionários anti-sistema
agarrai-vos à nova barca
que o jogo está a virar

Vinde, profetas,
que não sois da morte nem da desgraça
já não há ditaduras do proletariado
nem proletariado
os cravos de Abril já eram
estamos em Maio
o homem voltou a aparecer na televisão
sabe perfeitamente
que esta é a sua era
a era que Agostinho da Silva profetizou
vinde, companheiros, camaradas,
escrevei o manifesto
da nova revolução

E vós, pequenos,
a vossa vidinha de escravos
está a chegar ao fim
deixai as telenovelas
deitai a bola fora
tendes vivido mortos
levantai-vos
ainda tendes uma última hipótese
de salvação
deixai o vosso trabalho escravo
a família
a televisão
talvez Jesus esteja aqui
a olhar para a gaja do lado
com desejos carnais
talvez falte pouco
para o muro começar a cair
a história começou
com o Roger Waters e os Pink Floyd
em 79/80
Cabeceiras de Basto
com o Berto, com o Carlos,
lembras-te?
Nunca mais foste o mesmo
não percebias muito bem
mas a mente começou a remoer
questionaste a máquina
mais tarde tornaste-te maldito
uma puta dos tascos e do rock
é natural que alguns te provoquem
te mandem bocas
que não gostem de ti
porque os incomodas
porque pões em causa
o status quo
mas este é o teu tempo, camarada
este é realmente o teu tempo,
acredita
tudo o que fizeste e disseste
até hoje
tudo isso hoje desabrocha
faz todo o sentido
mesmo os teus erros
tiveram uma razão de ser
este é verdadeiramente
o teu reino
poeta dos bares e das noitadas
olha como agora olham para ti
não caias
não esmoreças
a tua loucura é necessária
para mudar o mundo
este é o reino
escuta
dança
celebra
este é o reino
não mais escravos
não mais meias-tintas
o homem que escreve
é o homem que age
o homem que escreve
é o homem que nasce.


V. N. Telha, 24.5.2011

BEM-VINDOS À REVOLUÇÃO, AMIGOS



Gregos invadem as ruas em protesto contra novas medidas de rigor
15.06.2011 - 13:16 Por Inês Sequeira, com AFP

Milhares de gregos estão a invadir hoje as ruas de Atenas, numa manifestação gigante que tenta impedir a aprovação de um novo plano de austeridade pelo parlamento e que já provocou alguns feridos em confrontos com a polícia.
A polícia junto ao Parlamento grego

(Foto: Yannis Behrakis/Reuters)

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Em causa estão as medidas que começam a ser debatidas hoje no Parlamento, destinadas a assegurar que a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional irão emprestar novamente dinheiro ao Estado grego.

Armados de cornetas, panelas e apitos, os manifestantes estão a fazer pressão sobre os polícias de intervenção que montaram guarda ao edifício do Parlamento, num dia de greve geral –a terceira deste ano - que colocou a meio gás os serviços administrativos, os transportes e os estabelecimentos de comércio.

De acordo com a polícia, citada pela AFP, são cerca de 20.000 os gregos que desceram às ruas da capital, mas os média locais referem o dobro de manifestantes.

Alguns recontros entre populares e as forças de segurança, com os primeiros a atirarem tijolos e cocktails molotov e a polícia de intervenção a responder com gás lacrimogéneo, provocaram hoje ao final da manhã pelo menos uma dúzia de feridos.

No entanto, apesar do gás lacrimogéneo que enche de fumo a praça do Parlamento, muitos gregos optaram por permanecer no protesto e no acampamento que ocupa uma parte do espaço da praça Syntagma já há três semanas.

Apesar da pressão, o primeiro-ministro grego, Georges Papandreou, declarou hoje que o governo “vai assumir as suas responsabilidades”, procurando chegar a um entendimento com a oposição sobre as medidas de austeridade.

“Assumimos as nossas responsabilidades para com o povo e com o país, vamos continuar a avançar e a tomar as medidas necessárias para tirar o país da crise”, declarou hoje Papandreou ao chegar ao palácio presidencial, onde se ia encontrar com o Presidente Carolos Papoulias no âmbito do novo plano.

Ao pé do Parlamento, na praça Syntagma, o espaço está ocupado por estandartes e bandeirolas gregas e espanholas, que destacam apelos à resistência: “No passaran” (“Não passarão”, em espanhol) e “Resistam” são algumas das palavras de ordem.

“Não se trata apenas de um problema económico, é também um problema moral e político”, disse à AFP um empregado bancário.

Têm ocorrido também alguns conflitos entre polícia de intervenção e manifestantes, que procuraram formar um “cordão” humano em torno do Parlamento mas não conseguiram ter sucesso e impedir os deputados de entrarem no edifício.

Apesar dos apelos à calma dos organizadores do protesto, vários manifestantes atiraram pedras à polícia e no final da manhã tentaram romper a barreira que circunda o Parlamento, mas foram repelidos com gás lacrimogéneo pelos agentes das forças de segurança.

O protesto está a ser conduzido pelo movimento de protesto popular dos “indignados”, lançado a 25 de Maio em solidariedade com o movimento espanhol que ostenta o mesmo nome, mas também participam movimentos de esquerda e da direita nacionalista.

Durante a última noite, as forças de segurança montaram uma barreira na rua que dá acesso ao Parlamento, diante da entrada do Parlamento. Dezenas de carrinhas da polícia estão ali estacionadas.


www.publico.clix.pt

terça-feira, 14 de junho de 2011

GARCIA PEREIRA

Antes de mais, a monumental e expressiva derrota de Sócrates (tendo o PS perdido meio milhão de votos) foi uma coisa boa e altamente positiva para o Povo Português, que assim se livrou de um verdadeiro ditador que liquidou o País nos seus seis anos de governação e que nem no discurso da noite da derrota deixou de evidenciar o estado de completa alucinação em que se encontra.



Por outro lado, a constituição de um Governo de coligação da direita (PSD e CDS) - e para além de que convirá recordar aqui o facto de que tal tipo de coligações não tem normalmente chegado ao fim da respectiva legislatura … - torna bem mais claras as coisas daqui para diante, deixando os campos de luta perfeitamente demarcados, sem peias ou nuvens de fumo de pretensos “amigos dos trabalhadores” como Sócrates e companhia: de um lado, estará o Governo PSD/CDS a aplicar o programa de medidas da Troika e do outro os trabalhadores e as forças políticas e movimentos de esquerda a combaterem esse programa.


De igual modo não é verdade que “a esquerda tenha perdido estas eleições”. Desde logo porque o PS não é de esquerda mas de direita e, aliás, foi exactamente por isso que foi tão humilhantemente derrotado. E ademais, o que é hoje claro, é que, com essa derrota humilhante de Sócrates e a solidariedade e apoio que lhe foram prestados pela denominada “ala esquerda” do PS (em vez de se ter reclamado como vencedora na noite eleitoral por a política direita de Sócrates ter sido veementemente condenada nas urnas), o que muito provavelmente se verificará agora não é qualquer viragem à esquerda do PS, mas sim uma sua viragem ainda mais à direita. Aliás o ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado, muito significativamente, falou já na necessidade dum “choque liberal” no PS…


E dos partidos da área da esquerda quem foi afinal fragorosamente derrotado foi o BE, pois que perdeu metade dos votos e metade dos deputados. E foi-o, não por ter uma política de esquerda, mas exactamente por ter uma posição hesitante e oportunista acerca das questões políticas essenciais, a começar pela do não pagamento da dívida, e por não se ter apresentado como querendo ser Governo ou formar Governo com quem quer que fosse. Em contrapartida, o PCP/CDU, porque procurou manter uma posição mais firme face à Troika e se ateve mais à necessidade de combater as respectivas medidas, conseguiu ainda assim segurar o respectivo eleitorado.


O PCTP/MRPP – que foi, recorde-se, o único partido a defender clara e consequentemente o não pagamento da dívida e a apresentar um programa de Governo democrático patriótico – reconfirmou a sua posição de primeiro partido extra-parlamentar, atingindo mais de 62.400 votos, o que mostra uma tendência para o seu crescimento contínuo, pois representa uma subida de 20% em relação aos resultados de 2009 e de 30% em relação aos de 2005, tudo factos completamente ocultados pela generalidade da Comunicação Social.


Tal resultado eleitoral – para mais obtido face a uma nunca vista operação concertada de silenciamento e mesmo de provocação contra a candidatura do PCTP/MRPP – constitui, não obstante a não eleição de deputados, um êxito assinalável. E a subida geral de votos e em particular o aumento em 50% do votos alcançados no distrito de Lisboa mostram que, a fazer-se um bom trabalho nestes próximos anos e a conseguir-se desta forma manter e mesmo acentuar esse ritmo de subida, a agora não atingida eleição de um deputado pelo círculo de Lisboa está perfeitamente ao nosso alcance.


Por fim, estas eleições serviram também para demonstrar outros dois pontos, que não devem deixar de merecer a nossa reflexão.


O primeiro é o de que, embora importantes, os meios de comunicação social, e em particular as televisões, não são tão relevantes quanto por vezes se pensa e os próprios julgam. Na verdade, os partidos políticos extra-parlamentares que aceitaram ir aos debates discriminatórios promovidos pelas três televisões não subiram por isso de votação e o que teve maior tempo de antena, aliás à boleia da providência cautelar intentada e ganha pelo PCTP/MRPP, ou seja, o MEP, sofreu mesmo uma enorme derrota eleitoral.


O segundo é o de que epifenómenos de candidaturas e partidos sem ideologia politica e sem programa e que tudo apostam nesse mesmo vazio ideológico ou no folclore e até na provocação, após algum sucesso momentâneo e apesar de quase sempre levados ao colo por uma comunicação social empenhada em com eles demonstrar que só vale a pena debater com os partidos do parlamento, acabam sempre por se esvaziarem por completo – foi assim com o PRD há mais de 20 anos atrás; foi assim agora com o PND e o PTP (o ex e o actual partido do tão mediaticamente promovido Coelho), e será decerto assim com todos aqueles que, como o PAN, cegos por uma aparência de instantâneo sucesso, logo se apressaram a proclamar que tinham alcançado em meses o que outros não teriam conseguido em décadas…









Agora, do que se trata é de, com o entusiasmo e a convicção que a análise reflexiva dos resultados eleitorais e da situação política actual nos impõem, prosseguir a defesa firme do não pagamento de uma dívida que o Povo Português não contraiu nem foi contraída em seu benefício, e que aliás é impossível pagar, bem como a constituição de um Governo democrático patriótico, com um programa de desenvolvimento da economia nacional e de combate ao desemprego. E de integrar, fortalecer, organizar e dirigir a resistência e a luta dos operários e demais trabalhadores, dos jovens, das mulheres, dos idosos e reformados contra todas e cada uma das medidas da Troika, cuja exacta dimensão e gravidade foram propositadamente escondidas (pela própria Troika, pelos partidos que a apoiam e pela comunicação social ao seu serviço) até ao dia das eleições e que só agora vão começar a ser reveladas.


E uma dessas lutas deverá ser a luta contra a privatização da TAP (http://bloggarciapereira.blogspot.com/2011/05/tap-nao-pode-ser-privatizada.html) e contra a sua entrega, directa ou indirecta, à Iberia.


A luta continua, pois!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O BIG BROTHER E OS MACACOS


O BIG BROTHER


E OS MACACOS


António Pedro Ribeiro





"Big Brother is Watching You". George Orwell no seu esplendor.


Contas bancárias vigiadas, todos os passos vigiados, um fiscal em cada esquina.


Só falta pagar o ar.


À parte uns lampejos de liberdade controlada, que homem é este que estamos a criar?


Um homem servil, cheio de medo e, por isso, cheio de invejas e ressentimentos.


Um homem pessimista, niilista, o homem da "grande náusea face ao homem" que Nietzsche descreve magistralmente em "Para a Genealogia da Moral".


Um homem que não cresce, que não evolui, que se agarra á carteira e à moral do mercado e da mercearia.


Um homem mesquinho, pequeno, que se vai adaptando, que vai sobrevivendo, que vai vigiando e maldizendo os seus pares, que não suporta o homem livre, nobre, criador porque o inveja.


Chega mesmo ao ponto de se colocar ao lado daqueles que o roubam, que o saqueiam, que o empurram ainda mais para baixo.


Não, não é com um homem (e uma mulher) assim que construimos a vida.


Não é com macacos vigilantes e mercadores que chegamos às alturas.

EZLN


enlaceZapatista
Esta es la bitácora en línea de la Comisión Sexta del Ejército Zapatista de Liberación Nacional Inicio / Denuncias
jun
09
2011El CNI denuncia estado de sitio en Tlanixco, edomex, por construcción de autopista que destruye tierras y bosques.

TLANIXCO EN ESTADO DE SITIO: CRIMINAL AUTOPISTA DESTRUYE EN FORMA ILEGAL
LAS TIERRAS Y BOSQUES DE SAN PEDRO TLANIXCO

AL PUEBLO DE MÉXICO,
AL CONGRESO NACIONAL INDÍGENA,
A LAS ORGANIZACIONES DEFENSORAS
DE LOS DERECHOS HUMANOS Y DEL MEDIO AMBIENTE

La comunidad de San Pedro Tlanixco pertenece al pueblo nahua y se localiza en la cordillera del Nevado de Toluca o Xinantécatl, en el municipio de Tenango del Valle, Estado de México. Se trata de un poblado de origen comunal incorporado en 1934 al régimen agrario ejidal que se dedica fundamentalmente al campo y que a través de los años ha sido despojado de muchos de sus manantiales y del Río Texcaltenco que nace en su territorio y lo atraviesa, del cual no puede tomar ni una gota de agua, pues, tanto los manantiales como el río están concesionados en su totalidad a los floricultores de Villa Guerrero, municipio con el que colindamos por la parte sur. Dichas aguas, tanto las del Río como las de los manantiales, son aprovechadas fundamentalmente por poderosos empresarios extranjeros y políticos mexiquenses ligados a la oligarquía regional, mientras que los campesinos de Tlanixco vivimos en la pobreza y migrando hacia Estados Unidos en porcentajes muy altos.

Lo anterior derivó en una importante lucha de Tlanixco en los años 2002 y 2003 para recuperar las aguas que nos despojaban. Mediante juicios de amparos, presencia en los medios de comunicación y acciones directas sustentadas en la organización de toda la comunidad, Tlanixco empezó a recuperar sus aguas, sin embargo, en abril de 2003 el empresario IsaakBasso, representante de los poderosos usuarios de agua en Villa Guerrero, murió en una acción confusa y aparentemente “provocada”. De inmediato fueron perseguidos y detenidos sin razón alguna y sin cargos reales la mayoría de los dirigentes de la lucha por el agua en San Pedro Tlanixco y actualmente tres de ellos purgan una condena de 50 años, mientras que otros ochos están siendo procesados y el ex comisariado es perseguido –todavía hoy- como delincuente de alta peligrosidad.

Hace algunas semanas la lucha de San Pedro Tlanixco revivió porque el gobierno del estado ha empezado a realizar, en forma ilegal y sin consentimiento de la asamblea ejidal, la ampliación de la autopista Tenango del Valle-Ixtapan de la Sal, misma que será un ramal del megaproyecto carretero correspondiente a la autopista Toluca-Tres Marías-Cuernavaca. Para dicho fin el gobierno contrató a Julio Antonio Vírgen, ex delegado de la Procuraduría Agraria en el Estado de México, quien, actuando como todo un mercenario agrario, se ha dedicado a “liberar tierra” de las comunidades por donde pasará la autopista con el fin de evitarle al gobierno el surgimiento de nuevos Atencos y, sobre todo, el cumplimiento de sus obligaciones constitucionales y legales.

De este modo el gobierno del estado ha destruido bosques y tierras de cultivo de Tlanixco sin consideración y sin ningún sustento legal. Por dicho razón el pueblo determinó parar las obras hace dos semanas y la respuesta fue el envío, desde el pasado 12 de mayo, de 1500 policías de diversas corporaciones estatales que cotidianamente están INTIMIDANDO A NUESTRA POBLACIÓN, AMENAZANDO CON GOLPEARLA SI REALIZA REUNIONES O MANIFESTACIONES DE CUALQUIER TIPO, ASUSTANDO A NUESTROS HIJOS QUE VAN A LAS ESCUELAS Y APOYANDO A LOS TRABAJADORES DE LA AUTOPISTA QUE EN MÁS DE UNA OCASIÓN HAN DERRIBADO EL CABLEADO ELÉCTRICO DE NUESTRO PUEBLO Y QUE ACTUALMENTE ESTÁN TALANDO INMISERICORDEMENTE NUESTROS BOSQUES.

Ante dicha situación el ejido interpuso un amparo indirecto, radicado bajo el número 590/2011 en el Juzgado Quinto de Distrito en Materias de Amparo y Juicios Civiles Federales de la Ciudad de Toluca. El Juez Agustín Archundia Ortiz, en forma sorprendente y en contra de las disposiciones legales que en materia de amparo protegen a los núcleos ejidales y comunales, negó otorgar una suspensión para frenar las criminales obras de la autopista; después de lo anterior las obras se han acelerado, incluso por las noches y hasta los domingos.
Por lo anterior solicitamos la intervención y el apoyo decidido de los medios de comunicación, los organismos de derechos humanos, los grupos ambientalistas y la sociedad civil para frenar la ejecución de unas obras que se están realizando en aras de un pretendido “progreso” que no es más que vil despojo de nuestras tierras, destrucción de la naturaleza y atropello flagrante de nuestros derechos fundamentales contenidos en la Constitución Federal y en los artículos 1, 2, 3, 4, 6, 13, 14 , 15 y 18 del Convenio Número 169 sobre pueblos indígenas y tribales en países independientes y 1, 2, 3, 7, 10, 18, 19, 25, 26, 28, 29 y 32 de la Declaración de las Naciones Unidas sobre los derechos de los pueblos indígenas.


San Pedro Tlanixco, a 07 de junio de 2011.
ATENTAMENTE
LA COMISIÓN PARA LA DEFENSA DE TLANIXCO

terça-feira, 7 de junho de 2011

VENHAM AS PRÓXIMAS


VENHAM AS PRÓXIMAS


António Pedro Ribeiro



Sócrates caiu, finalmente. Chegaram ao fim seis anos de mentira, arrogância e incompetência absoluta. A vitória de Passos Coelho e Paulo Portas é sobretudo a derrota de Sócrates. O PCP de Jerónimo resiste e reforça-se com o deputado do Algarve. O Bloco afunda-se e volta a ser o que realmente é- uma federação de tendências- a UDP de Fazenda, o PSR de Louçã, a Política XXI de Miguel Portas, a Ruptura/FER de Gil Garcia e outras. Ou seja, vai desde a social-democracia ao trotskismo puro e duro. Entendei-vos, camaradas, ou então separai-vos de uma vez por todas. O PCTP/MRPP ultrapassa a barreira mítica do 1%, tal como o Partido dos Animais e da Natureza (PAN), e mantém-se como sexta força política nacional, ficando perto de eleger Garcia Pereira. Aliás, se os principais partidos tivessem comparecido ao debate com Garcia (como foi determinado pelos tribunais), certamente que este teria sido eleito. O Coelho da Madeira passou de quase 40% na ilha e 4,5% no país nas presidenciais à patetice absoluta. Por isso desaparece. E bem. O MEP do queque cristão Rui Marques foi à vida.



Esta foi também a campanha do insulto primário, a mais baixa de sempre. PS e PSD não tiveram pejo algum em usar palavrões como “Saddam Hussein”, “Adolf Hitler” ou pura e simplesmente “pateta” para insultar o adversário. De resto, a “troika”- FMI, Banco Central Europeu, Comissão Europeia- mantém-se aqui a controlar o país e aí nada muda. Os temas financeiros, a TSU e as outras taxas, ou seja, a linguagem assexuada ao serviço dos mercados e dos banqueiros que quase ninguém entende dominaram a campanha. A própria esquerda parlamentar- PCP e BE- não é capaz de ir muito além do discurso economicista, não pondo em causa o capitalismo no seu todo. Como diziam os situacionistas, além do risco de morrer de fome (cada vez mais real), há o risco de morrer de tédio. O tédio é consequência directa de um sistema brutal e inumano que (quase) tudo castra. É a morte em vida que inclui o aumento galopante das situações de depressão, bem como o avanço das tentativas de suicídio e de suicídio, sobretudo no Alentejo. Quase ninguém nesta campanha foi capaz de se referir aos problemas existenciais do “mal de vivre”, à dramática questão da solidão. Os políticos do sistema nem sequer vivem, estão fora da vida, como dizem Miller, Morrison e Nietzsche, quase se limitando a vomitar percentagens e estatísticas. Jamais questionarão o homem de Homero, de Sócrates (esse mesmo, o grego, o outro está moribundo…), de Pessoa, de Shakespeare, de Marx, de Bakunine. São seres absolutamente limitados.



Por sua vez, o cidadão comum, na sua maioria, vota nesses partidos, está de tal forma dominado pelas tricas televisivas e pela máquina que perdeu toda a capacidade de reacção e de reivindicação. É escravizado pelo trabalho (quando o tem…), pelos mercados e pelos poderes vários. Compete às minorias conscientes mudar este estado de coisas. Há sinais que vêm de fora, da Grécia, de Espanha, da Islândia, do Egipto, da Tunísia, do Iémen, da Síria. Há também (ou havia) os acampados, os “indignados” da Batalha, do Rossio, de Barcelos, de Faro, de Coimbra. Os tempos estão a mudar, cantava Bob Dylan. É preciso tomar consciência do novo mundo, do novo homem, da era do espírito que preconizava Agostinho da Silva. Por todo o lado, os velhos valores começam a entrar em decadência. Um novo espectro se levanta, meu caro Marx. Transmutação de todos os valores, meu caro Nietzsche. Estas eleições pouco ou nada resolveram. Venham as próximas…



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PADRE MÁRIO DE OLIVEIRA


A troika acaba de perder o seu melhor aliado

Desde domingo, o País está livre de José Sócrates, primeiro-ministro. Pelo menos, durante os próximos quatro anos. A troika europeia e do FMI acaba de perder o seu melhor aliado. Mentiroso compulsivo como nenhum outro governante da União Europeia. Inculto, ainda que de verbo fácil e veloz, com frases construídas sempre segundo o mesmo molde mental. Louco de mais pelo Poder, mas que ele, habilmente, disfarça de empenho pelo País. Gastador sem limites, dos dinheiros do Estado. Magalómano-num-País-de-Populações-ainda-dobradas-ao-clero-às deusas-e-deuses-aos-Pintos-da-Costa-e-outros-Padrinhos-de Máfias. Déspota, todo eu-sou-quero-posso-e-mando, O Partido-Socialista-sou-eu! Com manha de sete raposas e fôlego de sete gatos, quando se trata da luta pela conquista do Poder Político. Muito mais maquiavélico que o próprio Maquiavel, Autor de O Príncipe.

Aliás, agora, que, estrategicamente, acaba de anunciar que regressa à sua condição de militante de base do PS (a frase, apenas um slogan de cassete mais, que ele repete sem saber o que está a dizer, sai-lhe assim, boca fora, como quase todas as frases que a sua boca atira para os microfones e para as câmaras de tvs), uma das ocupações em que tem garantido sucesso, é escrever e editar O Novo Príncipe, de José Sócrates. É best-seller de certeza, com tradução em todas as línguas da Europa e do resto do Mundo. Mesmo entre os Índios da Amazónia, para, também eles, aprenderem a deixar de ser tão Humanos, no seu Pensar, no seu Decidir e no seu Fazer.

Os da troika vão ter de se haver, agora, com um tal Pedro Passos Coelho. Oficialmente, é ele o sucessor de José Sócrates, por agora, ainda sem quase nenhuma das suas inúmeras manhas. Mas, como o próximo Governo é de coligação, o primeiro-ministro efectivo, é Paulo Portas, outro José Sócrates, só que do CDS /PP. Nos próximos 4 anos, as Feiras e os mercados do país podem esperar, que ele não será visto por lá. E, se for, é com aquela pose de primeiro-ministro, mesmo que a sua, não venha a ser essa pasta. Nem que seja ministro do mar ou da agricultura, a pose e o mando são sempre de primeiro-ministro. Mas ele exigirá uma pasta paralela, ou um tudo-nada abaixo da do primeiro-ministro. Vice-primeiro-ministro, por exemplo. Ou primeiro-ministro 2. Num frente-a-frente com José Sócrates, Paulo Portas vence todos os combates. José Sócrates vai sucessivamente ao tapete. O homem só fez uma escolha errada, na vida de Político profissional. Meteu-se no CDS e, algum tempo depois, deu um ponta-pé no cu do Fundador, Freitas do Amaral, e refundou o CDS, como PP, o CDS de Paulo Portas (pensam que o PP é coincidência? Quanta ingenuidade! Coincidências, com Paulo Portas?!) Pretende ser o elefante do Poder Político e escolhe uma gaiola de pássaro, para chegar lá? Deveria ter feito como José Sócrates. Ia directo ao PS. E, há muito que seria o primeiro, do Governo de Portugal, por exemplo, em lugar do António Guterres, católico de confissão semanal ao padre Milícias, sempre de hábito vestido, para parecer que é franciscano, quando tem sonhos, ambições, desejos e proveitos como os do rico pai de Francisco de Assis, apenas com o formal voto de pobreza que ele logo transmuta em riqueza, com a mesma facilidade com que todos os dias transmuta a hóstia da missa em corpo de cristo e o vinho da missa em sangue de cristo!

Matreiro q.b.

Desembaraçado do cargo de líder do PS, José Sócrates já não tem nada a ver com a troika, nem com o documento assinado por ele, enquanto primeiro-ministro. O primeiro-ministro, agora, é outro. Sócrates sabe, melhor do que ninguém, como está o País e, matreiro q.b., entrega a batata quente ao inexperiente e com ar de seminarista, Passos Coelho. As gargalhadas que já está farto de dar, desde que os jornalistas o deixam em paz, depois daquela estopada de vir protestar o seu louco amor a Portugal e aos Portugueses, na noite do dia 5 de Junho. Todas as palavras e frases do seu longo discurso, perante a clamorosa derrota que recolhe nas urnas, é apenas para cumprir o protocolo. Nem o PS, nem as Populações podem levar a sério aquelas suas palavras. Só os ignorantes em maquiavelismo político. Uma frase, apenas uma frase, ele diz nesse discurso sem fim, que corresponde por inteiro à verdade. Sinto-me hoje profundamente feliz! Deveria dizer, Sinto-me profundamente satisfeito. Mas, no seu curtíssimo vocabulário, feliz e satisfeito são duas palavras distintas para traduzirem o mesmo sentimento. Mas só no seu curtíssimo vocabulário. Porque, satisfeito, José Sócrates tem mais que motivos para estar. Feliz, é que não. Satisfeito, sim, porque, sem que o próprio se aperceba de tal, acaba de passar ao seu Inimigo n.º 1, a batata quente da governação, sem, entretanto, ter, ele próprio, de passar para a História, como o que desiste, tal como faz António Guterres, ou, então, como o que foge, como faz Durão Barroso. Pelo contrário, passa a batata quente da governação ao seu principal Inimigo e ainda se faz passar à História como o-que-vai-à-luta e o-que-dá-a-cara. Mas é tudo teatro, no pior dos sentidos. É tudo Hipocrisia.

Já não são capazes de viver sem aquela arena

Vai-se José Sócrates, vem Paulo Portas e Pedro Passos Coelho, exactamente, por esta ordem. Os dois Partidos são a maioria que faz e desfaz. Nem os deputados do PS-sem-José-Sócrates, nem os deputados do PCP-Verdes do Jerónimo, nem os deputados do BE (mas que tombo, Francisco Loucã, nestas eleições!) são precisos no Parlamento. Estarão lá, todos os dias, porque, de tão viciados e de tão estéreis, já não são capazes de viver sem aquela arena. De resto, a troika paga-lhes todos os meses, para eles estarem lá, a animar a arena parlamentar. Os telejornais, as rádios e os jornais vivem disso. Tal como os três diários exclusivamente desportivos vivem das arenas do Futebol dos Milhões, que são os Estádios de luxo. Tirem o Poder Político e o Futebol dos Milhões às tvs, às

www.jornalfraternizar.pt
PADRE MÁRIO DE OLIVEIRA
MACIEIRA DA LIXA

A SUBIR, A SUBIR

Juros a dez anos registaram novo máximo histórico
07.06.2011 - 13:57 Por Paulo Miguel Madeira

18 de 19 notícias em Economia
« anteriorseguinte »Os juros da dívida pública a dez anos fecharam o dia de ontem num máximo histórico de 10,099 por cento nos mercados secundários, após mais de um mês abaixo do anterior limite de 10,089 por cento, ficado no final de Abril.
(Pedro Cunha (arquivo))

As taxas de juro implícitas aos valores de transacções com títulos da dívida pública nacional nos mercados secundários atingiram máximos nos principais prazos entre o final de Abril e o início de Maio, e desde então têm oscilado em níveis ligeiramente abaixo, que obviamente estão em níveis historicamente muito elevados.

Hoje a taxa a um ano descia hoje acentuadamente, quase um ponto percentual, para 8,469 por cento às 13h40, segundo os dados da agência Reuters (os que o PÚBLICO utiliza), quando ontem encerrou em 9,458 por cento. O seus máximo de final de dia foi de 11,839 por cento, registado no final de Abril.

Nos prazos a cinco e a dois anos os valores apresentavam-se relativamente estáveis à mesma hora, em respectivamente 11,252 e 10,972 por cento à mesma hora, face a máximos de respectivamente 12,104 e 12,234 no início do mês passado. A taxa a dez anos estava a recuar muito ligeiramente, para 10,082 por cento.

www.publico.clix.pt

O GRITO DA BORBOLETA


Ouve-se um grito pela vida, pela urgência da vida contra o cinzentismo dos burocratas do país, de Bruxelas e até de Washington.


Ouve-se um rumor muito nítido, como cantava Jim Morrison em "When The Music's Over".


Estamos fartos de tantos rodeios, estamos fartos que outros joguem com a nossa vida, como diz Adolfo Luxúria Canibal.


Estamos fartos que castrem a nossa liberdade e os nossos sentimentos.


Estamos fartos dos Sócrates e dos Passos Coelhos.


Estamos fartos de galãs bem-comportadinhos e de copinhos de leite.


Começa a ser a hora!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Noite DOORS - JIM MORRISON, 40 anos depois! - AS FOTOS!!! (99)

Noite DOORS - JIM MORRISON, 40 anos depois! - AS FOTOS!!! (99)

ACAMPADOS E UNIDOS


4 de Junho de 2011 17:45

Na assembleia popular da acampada de Barcelos estamos solidários com todas as acampadas do país, em especial com a acampada do Rossio e com os colegas detidos, contra a vergonhosa carga policial exercida.
Este acto é anti-democrático e atenta contra as nossas liberdades. É inadmissível a detenção de pessoas que apenas protestam contra as condições miseráveis em que a maioria da população se encontra, e apenas o fazem de forma pacífica e ordeira.
O Artigo 45.º da Constituição Portuguesa diz que:
"1. Os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos ao público, sem necessidade de qualquer autorização.
2. A todos os cidadãos é reconhecido o direito de manifestação."
Como podemos assistir a este acto injusto e repleto de censura a vésperas de eleições?
Exigimos a reposição da legalidade e a libertação imediata dos colegas presos!

DEUS MORREU. NIETZSCHE VIVE.


Friedrich Nietzsche

Postado por Cativa do Saara em 6 junho 2011 às 12:26Enviar mensagem Exibir blog de Cativa do Saara.

Até Deus tem um inferno: é o seu amor pelos homens.


Friedrich Nietzsche

Friedrich Wilhelm Nietzsche (Röcken, 15 de Outubro de 1844 — Weimar, 25 de Agosto de 1900) foi um filólogo e influente filósofo alemão do século XIX

Biografia
Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu numa família luterana em 15 de outubro de 1844, filho de Karl Ludwig, seus dois avós eram pastores protestantes; o próprio Nietzsche pensou em seguir a carreira de pastor. Entretanto, Nietzsche rejeita a fé durante sua adolescência, e os seus estudos de filosofia afastam-no da tentação teológica. Iniciou seus estudos no semestre de Inverno de 1864-1865 na Universidade de Bonn em Filosofia Clássica e Teologia evangélica. Em Bonn, participou da Burschenschaft Frankonia, a qual acabou abandonando em razão de atrapalhar seus estudos. Por diferentes motivos transfere-se depois para Universidade de Leipzig, mas isso se deve, acima de tudo, à transferência do Prof. Friedrich Wilhelm Ritschl (figura paterna para Nietzsche) para essa Universidade. Durante os seus estudos na universidade de Leipzig, a leitura de Schopenhauer (O Mundo como Vontade e Representação, 1820) vai constituir as premissas da sua vocação filosófica. Aluno brilhante, dotado de sólida formação clássica, Nietzsche é nomeado aos 24 anos professor de Filologia na universidade de Basileia. Adota então a nacionalidade suíça. Desenvolve durante dez anos a sua acuidade filosófica no contacto com o pensamento grego antigo - com predileção para os Pré-socráticos, em especial para Heráclito e Empédocles. Durante os seus anos de ensino, torna-se amigo de Jacob Burckhardt e Richard Wagner. Em 1870, compromete-se como voluntário (exército) na guerra franco-prussiana. A experiência da violência e o sofrimento chocam-no profundamente.




Nietzsche em agosto de 1868Em 1879 seu estado de saúde obriga-o a deixar o posto de professor. Sua voz, inaudível, afasta os alunos. Começa então uma vida errante em busca de um clima favorável tanto para sua saúde como para seu pensamento (Veneza, Gênova, Turim, Nice, Sils-Maria…): "Não somos como aqueles que chegam a formar pensamentos senão no meio dos livros - o nosso hábito é pensar ao ar livre, andando, saltando, escalando, dançando (… )." Em 1882 ele encontra Paul Rée e Lou Andreas-Salomé, a quem pede em casamento. Ela recusa, após ter-lhe feito esperar sentimentos recíprocos. No mesmo ano, começa a escrever o Assim Falou Zaratustra, quando de uma estada em Nice. Nietzsche não cessa de escrever com um ritmo crescente. Este período termina brutalmente em 3 de Janeiro de 1889 com uma "crise de loucura" que, durando até a sua morte, coloca-o sob a tutela da sua mãe e sua irmã. No início desta loucura, Nietzsche encarna alternativamente as figuras míticas de Dionísio e Cristo, expressa em bizarras cartas, afundando depois em um silêncio quase completo até a sua morte. Uma lenda dizia que contraiu sífilis. Estudos recentes se inclinam antes para um cancro no cérebro, que eventualmente pode ter origem sifilítica. Após sua morte, sua irmã, Elisabeth Förster-Nietzsche e Peter Gast, dileto amigo do filósofo, segundo um plano de Nietzsche, datado de 17 de março de 1887, efetuaram uma coletânea de fragmentos póstumos para compor a obra conhecida como Vontade de Poder[2]. Essa obra foi, amiúde, acusada de ser uma deturpação nazista; tal afirmação mostrou-se inverídica, frente as comparações com a edição crítica alemã, como denotaram os tradutores da nova tradução para o português[3], e especialmente o filósofo Gilvan Fogel, que afirmou que é preciso que se enfatize: os textos são autênticos. Todos são da cunhagem, da lavra de Nietzsche. Não foram, como já se disse e se insinuou, distorcidos ou adulterados pelos organizadores.[4].

Durante toda a vida sempre tentou explicar o insucesso de sua literatura, chegando a conclusão de que nascera póstumo, para os leitores do porvir. O sucesso de Nietzsche, entretanto, sobreveio quando um professor dinamarquês leu a sua obra Assim Falou Zaratustra e, por conseguinte, tratou de difundi-la, em 1888.

Muitos estudiosos da época tentaram localizar os momentos que Nietzsche escrevia sob crises nervosas ou sob efeito de drogas (Nietzsche estudou biologia e tentava descobrir sua própria maneira de minimizar os efeitos da sua doença).

Obra



Nietzsche ao lado de sua mãe.Crítico da cultura ocidental e suas religiões e, consequentemente, da moral judaico-cristã. Nietzsche é, juntamente com Marx e Freud, um dos autores mais controversos na história da filosofia moderna, isto porque, primariamente, há certa complexidade na forma de apresentação das figuras e/ou categorias ao leitor ou estudioso, causando confusões devido principalmente aos paradoxos e desconstruções dos conceitos de realidade ou verdade como nós ainda hoje os entendemos.

Nietzsche, sem dúvida considera o Cristianismo e o Budismo como "as duas religiões da decadência", embora ele afirme haver uma grande diferença nessas duas concepções. O budismo para Nietzsche "é cem vezes mais realista que o cristianismo" (O anticristo). Religiões que aspiram ao Nada, cujos valores dissolveram a mesquinhez histórica. Não obstante, também se auto-intitula ateu:

"Para mim o ateísmo não é nem uma consequência, nem mesmo um fato novo: existe comigo por instinto" (Ecce Homo, pt.II, af.1)

A crítica que Nietzsche faz do idealismo metafísico focaliza as categorias do idealismo e os valores morais que o condicionam, propondo uma nova abordagem: a genealogia dos valores.

Friedrich Nietzsche quis ser o grande "desmascarador" de todos os preconceitos e ilusões do gênero humano, aquele que ousa olhar, sem temor, aquilo que se esconde por trás de valores universalmente aceitos, por trás das grandes e pequenas verdades melhor assentadas, por trás dos ideais que serviram de base para a civilização e nortearam o rumo dos acontecimentos históricos. E assim a moral tradicional, e principalmente esboçada por Kant, a religião e a política não são para ele nada mais que máscaras que escondem uma realidade inquietante e ameaçadora, cuja visão é difícil de suportar. A moral, seja ela kantiana ou hegeliana, e até a catharsis aristotélica são caminhos mais fáceis de serem trilhados para se subtrair à plena visão autêntica da vida.

Nietzsche golpeou violentamente essa moral que impele à revolta dos indivíduos inferiores, das classes subalternas e escravas contra a classe superior e aristocrática que, por um lado, pelo influxo dessa mesma moral, sofre de má consciência e cria a ilusão de que mandar é por si mesmo uma forma de obediência. Essa traição ao "mundo da vida" é a moral que reduz a uma ilusão a realidade humana e tende asceticamente a uma fictícia racionalidade pura.

Com efeito, Nietzsche procurou arrancar e rasgar as mais idolatradas máscaras. Mas a questão é: que máscaras são essas? Responde, então, que as máscaras se tornam inevitáveis pela própria vida, que é explosão de forças desordenadas e violentas, e por isso, é sempre incerteza e perigo.

A vida só se pode conservar e manter-se através de imbricações incessantes entre os seres vivos, através da luta entre vencidos que gostariam de sair vencedores e vencedores que podem a cada instante ser vencidos e por vezes já se consideram como tais. Neste sentido a vida é vontade de poder ou de domínio ou de potência. Vontade essa que não conhece pausas, e por isso está sempre criando novas máscaras para se esconder do apelo constante e sempre renovado da vida; pois, para Nietzsche, a vida é tudo e tudo se esvai diante da vida humana. Porém as máscaras, segundo ele, tornam a vida mais suportável, ao mesmo tempo em que a deformam, mortificando-a à base de cicuta e, finalmente, ameaçam destruí-la.

Não existe via média, segundo Nietzsche, entre aceitação da vida e renúncia. Para salvá-la, é mister arrancar-lhe as máscaras e reconhecê-la tal como é: não para sofrê-la ou aceitá-la com resignação, mas para restituir-lhe o seu ritmo exaltante, o seu merismático júbilo.

O homem é um filho do "húmus" e é, portanto, corpo e vontade não somente de sobreviver, mas de vencer. Suas verdadeiras "virtudes" são: o orgulho, a alegria, a saúde, o amor sexual, a inimizade, a veneração, os bons hábitos, a vontade inabalável, a disciplina da intelectualidade superior, a vontade de poder. Mas essas virtudes são privilégios de poucos, e é para esses poucos que a vida é feita. De fato, Nietzsche é contrário a qualquer tipo de igualitarismo e principalmente ao disfarçado legalismo kantiano, que atenta o bom senso através de uma lei inflexível, ou seja, o imperativo categórico: "Proceda em todas as suas ações de modo que a norma de seu proceder possa tornar-se uma lei universal".

Essas críticas se deveram à hostilidade de Nietzsche em face do racionalismo que logo refutou como pura irracionalidade. Para ele, Kant nada mais é do que um fanático da moral, uma tarântula catastrófica.




Friedrich Nietzsche em 1861.Para Nietzsche o homem é individualidade irredutível, à qual os limites e imposições de uma razão que tolhe a vida permanecem estranhos a ela mesma, à semelhança de máscaras de que pode e deve libertar-se. Em Nietzsche, diferentemente de Kant, o mundo não tem ordem, estrutura, forma e inteligência. Nele as coisas "dançam nos pés do acaso" e somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida.

Mesmo assim, apesar de todas as diferenças e oposições, deve-se reconhecer uma matriz comum entre Kant e Nietzsche, como que um substrato tácito mas atuante. Essa matriz comum é a alma do romantismo do século XIX com sua ânsia de infinito, com sua revolta contra os limites e condicionamentos do homem. À semelhança de Platão, Nietzsche queria que o governo da humanidade fosse confiado aos filósofos, mas não a filósofos como Platão ou Kant, que ele considerava simples "operários da filosofia".

Na obra nietzschiana, a proclamação de uma nova moral contrapõe-se radicalmente ao anúncio utópico de uma nova humanidade, livre pelo imperativo categórico, como esperançosamente acreditava Kant. Para Nietzsche a liberdade não é mais que a aceitação consciente de um destino necessitante. O homem libertado de qualquer vínculo, senhor de si mesmo e dos outros, o homem desprezador de qualquer verdade estabelecida ou por estabelecer e estar apto para se exprimir a vida, em todos os seus atos - era este não apenas o ideal apontado por Nietzsche para o futuro, mas a realidade que ele mesmo tentava personificar.

Aqui, necessário se faz perceber que, involuntariamente, Nietzsche cria e cai em seu próprio Imperativo Categórico, por certo, imperativo este baseado na completa liberdade do ser e ausência de normas.

Para Kant a razão que se movimenta no seu âmbito, nos seus limites, faz o homem compreender-se a si mesmo e o dispõe para a libertação. Mas, segundo Nietzsche, trata-se de uma libertação escravizada pela razão, que só faz apertar-lhe os grilhões, enclaustrando a vida humana digna e livre.

Em Nietzsche encontra-se uma filosofia antiteorética à procura de um novo filosofar de caráter libertário, superando as formas limitadoras da tradição que só galgou uma "liberdade humana" baseada no ressentimento e na culpa. Portanto toda a teleologia de Kant de nada serve a Nietzsche: a idéia do sujeito racional, condicionado e limitado é rejeitada violentamente em favor de uma visão filosófica muito mais complexa do homem e da moral.

Nietzsche acreditava que a base racional da moral era uma ilusão e por isso, descartou a noção de homem racional, impregnada pela utópica promessa - mais uma máscara que a razão não-autêntica impôs à vida humana. O mundo para Nietzsche não é ordem e racionalidade, mas desordem e irracionalidade. Seu princípio filosófico não era portanto Deus e razão, mas a vida que atua sem objetivo definido, ao acaso, e por isso se está dissolvendo e transformando-se em um constante devir. A única e verdadeira realidade sem máscaras, para Nietzsche, é a vida humana tomada e corroborada pela vivência do instante.

Nietzsche era um crítico das "idéias modernas", da vida e da cultura moderna, do neo-nacionalismo alemão. Para ele os ideais modernos como democracia, socialismo, igualitarismo, emancipação feminina não eram senão expressões da decadência do "tipo homem". Por estas razões, é por vezes apontado como um precursor da pós-modernidade.




Nietzsche fotografado por Hans Olde no verão de 1899.A figura de Nietzsche foi particularmente promovida na Alemanha Nazi, tendo sua irmã, simpatizante do regime hitleriano, fomentado esta associação. Como dizia Heidegger, ele próprio nietzschiano, "na Alemanha se era contra ou a favor de Nietzsche".

Todavia, Nietzsche era explicitamente contra o movimento anti-semita, posteriormente promovido por Adolf Hitler e seus partidários. A este respeito pode-se ler a posição do filósofo:

Antes direi no ouvido dos psicólogos, supondo que desejem algum dia estudar de perto o ressentimento: hoje esta planta floresce do modo mais esplêndido entre os anarquistas e anti-semitas, aliás onde sempre floresceu, na sombra, como a violeta, embora com outro cheiro.[5]

… tampouco me agradam esses novos especuladores em idealismo, os anti-semitas, que hoje reviram os olhos de modo cristão-ariano-homem-de-bem, e, através do abuso exasperante do mais barato meio de agitação, a afetação moral, buscam incitar o gado de chifres que há no povo… [5]

Sem dúvida, a obra de Nietzsche sobreviveu muito além da apropriação feita pelo regime nazista. Ainda hoje é um dos filósofos mais estudados e fecundos. Por vários momentos, inclusive, Nietzsche tentou juntar seus amigos e pensadores para que um fosse professor do outro, uma espécie de confraria. Contudo, esta idéia fracassou, e Nietzsche continuou sozinho seus estudos e desenvolvimento de idéias, ajudado apenas por poucos amigos que liam em voz alta seus textos que, nos momentos de crise profunda, ele não conseguia ler.

Ideias



Nietzsche em 1862Seu estilo é aforismático, escrito em trechos concisos, muitas vezes de uma só página, e dos quais são pinçadas máximas. Muitas de suas frases se tornaram famosas, sendo repetidas nos mais diversos contextos, gerando muitas distorções e confusões. Algumas delas:

1."A filosofia é o exílio voluntário entre montanhas geladas."
2."Nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmo somos desconhecidos."
3."Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."
4."O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são."
5."Como são múltiplas as ocasiões para o mal-entendido e para a ruptura hostil!"
6."Deus está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remédio? - Vitória!".
7."Há homens que já nascem póstumos."
8."O Evangelho morreu na cruz."
9."A diferença fundamental entre as duas religiões da decadência: o budismo não promete, mas assegura. O cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada."
10."Quando se coloca o centro de gravidade da vida não na vida mas no "além" - no nada -, tira-se da vida o seu centro de gravidade."
11."Para ler o Novo Testamento é conveniente calçar luvas. Diante de tanta sujeira, tal atitude é necessária."
12."O cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da humanidade, por ter desprezado o Corpo."
13."A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade."
14."As convicções são cárceres."
15."As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras."
16."Até os mais corajosos raramente têm a coragem para aquilo que realmente sabem."
17."Aquilo que não me destrói fortalece-me"
18."Sem música, a vida seria um erro."
19."E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música."
20."A moralidade é o instinto do rebanho no indivíduo."
21."O idealista é incorrigível: se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno."
22."Em qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder."
23."Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos."
24."Quanto mais me elevo, menor eu pareço aos olhos de quem não sabe voar."
25."Se minhas loucuras tivessem explicações, não seriam loucuras."
26."O Homem evolui dos macacos? É, existem macacos!"
27."Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal."
28."Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura."
29."Torna-te quem tu és!"
30."Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar"
31."O desespero é o preço pago pela autoconsciência"
32."O depois de amanhã me pertence"
33."O padre está mentindo."
34."Deus está morto mas o seu cadáver permanece insepulto."
35."Acautela-te quando lutares com monstros, para que não te tornes um."
36."Da escola de guerra da vida: o que não me mata, torna-me mais forte."
Longe de ser um escritor de simples aforismas, ele é considerado pelos seus seguidores um grande estilista da língua alemã, como o provaria Assim Falou Zaratustra, livro que ainda hoje é de dificílima compreensão estilística e conceitual. Muito pode ser compreendido na obra de Nietzsche como exercício de pesquisa filológica, no qual se unem palavras que não poderiam estar próximas ("Nascer póstumo"; "Deus Morreu", "delicadamente mal-educado", etc… ).

Adorava a França e a Itália, porque acreditava que eram terras de homens com espíritos-livres. Admirava Voltaire, e considerava como último grande alemão Goethe, humanista como Voltaire. Naqueles países passou boa parte de sua vida e ali produziu seus mais memoráveis livros. Detestava a prepotência e o anti-semitismo prussianos, chegando a romper com a irmã e com Richard Wagner, por ver neles a personificação do que combatia - o rigor germânico, o anti-semitismo, o imperativo categórico, o espírito aprisionado, antípoda de seu espírito-livre. Anteviu o seu país em caminhos perigosos, o que de fato se confirmou catorze anos após sua morte, com a primeira grande guerra e a gestação do Nazismo.

Referências nietzschianas
Contudo, no próprio legado do filósofo podemos inferir suas opiniões em relação a outras filosofias e posições. É sumamente importante notar que Nietzsche perdeu o pai muito cedo, seus primeiros livros publicados até 1878, que não expunham suas idéias mais ácidas, ainda assim fizeram pouco ou nenhum sucesso. Que ele ficou extremamente desapontado com o sucesso de Richard Wagner, o qual se aproximou do cristianismo. Teve uma vida errante, com poucos amigos, e sempre perseguido por surtos de doença.

Na sua obra vemos críticas bastante negativas a Kant, Wagner, Sócrates, Platão, Aristóteles, Xenofonte, Martinho Lutero, à metafísica, ao utilitarismo, anti-semitismo, socialismo, anarquismo, fatalismo, teologia, cristianismo, budismo, à concepção de Deus, ao pessimismo, estoicismo, ao iluminismo e à democracia.



Dentre os poucos elogios deferidos por Nietzsche, coletamos citações, muitas vezes com ressalvas a Schopenhauer, Spinoza, Dostoiévski, Shakespeare, Dante, Napoleão, Goethe, Darwin, Leibniz, Pascal, Edgar Allan Poe, Lord Byron, Musset, Leopardi, Kleist, Gogol, Voltaire e ao próprio Wagner, grande amigo e confidente de Nietzsche até certo momento.

Ele era, sem dúvida, muito apreciador da Natureza, dos pré-socráticos e das culturas helénicas.

Niilismo



Nietzsche em 1869O legado da obra de Nietzsche foi e continua sendo ainda hoje de difícil e contraditória compreensão. Assim, há os que, ainda hoje, associam suas idéias ao niilismo, defendendo que para Nietzsche:

"A moral não tem importância e os valores morais não têm qualquer validade, só são úteis ou inúteis consoante a situação"; "A verdade não tem importância; verdades indubitáveis, objectivas e eternas não são reconhecíveis. A verdade é sempre subjectiva"; "Deus está morto: não existe qualquer instância superior, eterna. O Homem depende apenas de si mesmo"; "O eterno retorno do mesmo: A história não é finalista, não há progresso nem objectivo".

Outros, entretanto, não pensam que Nietzsche seja um autor do niilismo, mas ao contrário um crítico do niilismo. Pois, para ele o homem pode ser, além de um destruidor, um criador de valores. E os valores a serem destruídos, como os cristãos (na sua obra, faz menção à doença, à ignorância), um dia seriam substituídos pela saúde, a inteligência, entre outros. Tal afirmação se baseia na obra Assim falou Zaratustra, onde se faz clara a vinda do super-homem, sendo criar a finalidade do ser. Tal correspondência é totalmente contrária ao niilismo, pelo menos em princípio. Ou um "niilismo positivo", para Heidegger. Todavia, Nietzsche, contrário ou não, não deixando escapar de suas críticas nem mesmo seu mestre Schopenhauer nem seu grande amigo Wagner, procurou denunciar todas as formas de renúncia da existência e da vontade. É esta a concepção fundamental de sua obra Zaratustra, "a eterna, suprema afirmação e confirmação da vida". O eterno retorno significa o trágico-dionisíaco dizer sim à vida, em sua plenitude e globalidade. É a afirmação incondicional da existência.

Talvez a falta de consenso na apreciação da obra de Nietzsche tenha em parte a ver com os paradoxos no pensamento do próprio autor. As suas últimas obras, sobretudo o seu autobiográfico Ecce Homo (1888), foram escritas em meio à sua crise que se aprofundava. Em Janeiro de 1889, Nietzsche sofreu em Turim um colapso nervoso. Como causa foi-lhe diagnosticada uma possível sífilis. Este diagnóstico permanece também controverso. Mas certo é que Nietzsche passou os últimos 11 anos da sua vida sob observação psiquiátrica, inicialmente num manicômio em Jena, depois em casa de sua mãe em Naumburg e finalmente na casa chamada Villa Silberblick em Weimar, onde, após a morte de sua mãe, foi cuidado por sua irmã.

Escritos


O arquivo de Nietzsche em Weimar, Alemanha, que guarda muitos de seus manuscritos.Obras de Friedrich Nietzsche, na ordem em que foram compostas:

■O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música (Die Geburt der Tragödie aus dem Geiste der Musik, 1872); reeditado em 1886 com o título O Nascimento da Tragédia, ou Helenismo e Pessimismo (Die Geburt der Tragödie, Oder: Griechentum und Pessimismus) e com um prefácio autocrítico. — Contra a concepção dos séculos XVIII e XIX, que tomavam a cultura grega como epítome da simplicidade, da calma e da serena racionalidade, Nietzsche, então influenciado pelo romantismo, interpreta a cultura clássica grega como um embate de impulsos contrários: o dionisíaco, ligado à exacerbação dos sentidos, à embriaguez extática e mística e à supremacia amoral dos instintos, cuja figura é Dionísio, deus do vinho, da dança e da música, e o apolíneo, face ligada à perfeição, à medida das formas e das ações, à palavra e ao pensamento humanos (logos), representada pelo deus Apolo. Segundo Nietzsche, a vitalidade da cultura e do homem grego, atestadas pelo surgimento da tragédia, deveu-se ao desenvolvimento de ambas as forças, e o adoecimento da mesma sobreveio ao advento do homem racional, cuja marca é a figura de Sócrates, que pôs fim à afirmação do homem trágico e desencaminhou a cultura ocidental, que acabou vítima do cristianismo durante séculos.

■A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos (Philosophie im tragischen Zeitalter der Griechen - provavelmente os textos que o compõem remontam a 1873 - publicado postumamente). Trata-se de um livro deixado incompleto, mas que se sabe ter sido intenção de Nietzsche publicar. Trata-se, no fundo, de um escrito ainda filológico mas já de matriz filosófica disfarçada por uma pretensa intenção histórica. Considera os casos gregos de Tales, Anaximandro, Heráclito, Parménides e Anaxágoras sob uma perspectiva inovadora e interpretativa, relevadora da filosofia que é de Nietzsche.
■Sobre a verdade e a mentira em sentido extramoral[6] (Über Wahrheit und Lüge im außermoralischen Sinn, 1873 - publicado postumamente; edição brasileira, 2008). — Ensaio no qual afirma que aquilo que consideramos verdade é mera "armadura de metáforas, metonímias e antropomorfismos". Apesar de póstumo é considerado por estudiosos como elemento-chave de seu pensamento.
■Considerações Extemporâneas ou Considerações Intempestivas (Unzeitgemässe Betrachtungen, 1873 a 1876). — Série de quatro artigos (dos treze planejados) que criticam a cultura européia e alemã da época de um ponto de vista antimoderno, e anti-histórico, de crítica à modernidade.
■David Strauss, o Confessor e o Escritor (David Strauss, der Bekenner und der Schriftsteller, 1873) no qual, ao atacar a idéia proposta por David Friedrich Strauss de uma "nova fé" baseada no desvendamento científico do mundo, afirma que o princípio da vida é mais importante que o do conhecimento, que a busca de conhecimento (posteriormente discutida no conceito de "vontade de verdade") deve servir aos interesses da vida;
■Dos Usos e Desvantagens da História Para a Vida (Vom Nutzen und Nachteil der Historie für das Leben, 1874);
■Schopenhauer como Educador (Schopenhauer als Erzieher, 1874);
■Richard Wagner em Bayreuth (Richard Wagner in Bayreuth, 1876).
■Humano, Demasiado Humano, um Livro para Espíritos Livres (Menschliches, Allzumenschliches, Ein Buch für freie Geister, versão final publicada em 1886); primeira parte originalmente publicada em 1878, complementada com Opiniões e Máximas (Vermischte Meinungen und Sprüche, 1879) e com O Andarilho e sua Sombra ou O Viajante e sua Sombra (Der Wanderer und sein Schatten, 1880). — Primeiro de estilo aforismático do autor.
■Aurora, Reflexões sobre Preconceitos Morais (Morgenröte. Gedanken über die moralischen Vorurteile, 1881). — A compreensão hedonística das razões da ação humana e da moral são aqui substituídas, pela primeira vez, pela idéia de poder, sensação de poder, início das reflexões sobre a vontade de poder, que só seriam explicitadas em Assim Falou Zaratustra.
■A Gaia Ciência, traduzida também com Alegre Sabedoria, ou Ciência Gaiata (Die fröhliche Wissenschaft, 1882). — No terceiro capítulo deste livro é lançada o famoso diagnóstico nietzschiano: "Deus está morto. Deus continua morto. E fomos nós que o matamos", proferido pelo Homem Louco em meio aos mercadores ímpios (§125). No penúltimo parágrafo surge a idéia de eterno retorno. E no último, aparece Zaratustra, o criador da moral corporificada do Bem e do Mal que, como personagem na obra posterior, finalmente superará sua própria criação e anunciará o advento de um novo homem, um além-do-homem.
■Assim Falou Zaratustra, um Livro para Todos e para Ninguém (Also Sprach Zarathustra, Ein Buch für Alle und Keinen, 1883-85).
■Além do Bem e do Mal, Prelúdio a uma Filosofia do Futuro (Jenseits von Gut und Böse. Vorspiel einer Philosophie der Zukunft, 1886). Neste livro denso são expostos os conceitos de vontade de poder, a natureza da realidade considerada de dentro dela mesma, sem apelar a ilusórias instâncias transcendentes, perspectivismo e outras noções importantes do pensador. Critica demolidoramente as filosofias metafísicas em todas as suas formas, e fala da criação de valores como prerrogativa nobre que deve ser posta em prática por uma nova espécie de filósofos.
■Genealogia da Moral, uma Polêmica (Zur Genealogie der Moral, Eine Streitschrift, 1887). Complementar ao anterior — como que sua parte prática, aplicada — este livro desvenda o surgimento e o real significado de nossos corriqueiros juízos de valor.
■O Crepúsculo dos Ídolos, ou como Filosofar com o Martelo (Götzen-Dämmerung, oder Wie man mit dem Hammer philosophiert, agosto-setembro 1888). Obra onde dilacera as crenças, os ídolos (ideais ou autores do cânone filosófico), e analisa toda a gênese da culpa no ser humano.
■O Caso Wagner, um Problema para Músicos (Der Fall Wagner, Ein Musikanten-Problem, maio-agosto 1888).
■O Anticristo - Praga contra o Cristianismo (Der Antichrist. Fluch auf das Christentum, setembro 1888) - Apesar de apontar Cristo, mesmo em sua concepção "própria", como sintoma de uma decadência análoga à que possibilitou o surgimento do Budismo, nesta obra Nietzsche dirige suas críticas mais agudas a Paulo de Tarso, o codificador do cristianismo e fundador da Igreja. Acusa-o de deturpar o ensinamento de seu mestre — pregador da salvação no agora deste mundo, realizada nele mesmo e não em promessas de um Além — forjando o mundo de Deus como a cima e além deste mundo. "O único cristão morreu na cruz", como diz no livro que seria o início de uma obra maior a que deu sucessivamente os títulos de Vontade de Poder e Transmutação de Todos os Valores: uma grande composição sinótica da qual restam apenas meras peças (O Anticristo, O Crepúsculo dos Ídolos e o Nietzsche contra Wagner) não menos brilhantes que a restante obra.
■Ecce Homo, de como a gente se torna o que a gente é (Ecce Homo, Wie man wird, was man ist, outubro-novembro 1888) — Uma autobi(bli)ografia, onde Nietzsche, ciente de sua importância e acometido por delírios de grandeza, acha necessário, antes de expor ao mundo a sua obra definitiva (jamais concluída), dizer quem ele é, por que escreve o que escreve e por que "é um destino". Comenta as suas obras então publicadas. Oferece uma consideração sobre o significado de Zaratustra. E por fim, dizendo saber o que o espera, anuncia o apocalipse: "Conheço minha sina. Um dia, meu nome será ligado à lembrança de algo tremendo — de uma crise como jamais houve sobre a Terra, da mais profunda colisão de consciências, de uma decisão conjurada contra tudo o que até então foi acreditado, santificado, requerido. (… ) Tenho um medo pavoroso de que um dia me declarem santo: perceberão que público este livro antes, ele deve evitar que se cometam abusos comigo. (… ) Pois quando a verdade sair em luta contra a mentira de milênios, teremos comoções, um espasmo de terremoto, um deslocamento de montes e vales como jamais foi sonhado. A noção de política estará então completamente dissolvida em uma guerra de espíritos, todas as formações de poder da velha sociedade terão explodido pelos ares — todas se baseiam inteiramente na mentira: haverá guerras como ainda não houve sobre a Terra." [7]
■Nietzsche contra Wagner (Nietzsche contra Wagner, Aktenstücke eines Psychologen, dezembro 1888).

Manuscritos publicados postumamente
Escreveu ainda uma recolha de poemas, publicados postumamente, com o nome de Ditirambos de Dioniso.

Nietzsche deixou muitos cadernos manuscritos, além de correspondências. O volume desses textos é maior do que o dos publicados. Os de 1870 desenvolvem muitos temas de seus livros publicados, em especial uma teoria do conhecimento. Os de 1880 que, após seu colapso nervoso, foram selecionados pela sua irmã, que os publicou com o título "A vontade de poder", desenvolvem considerações mais ontológicas a respeito das doutrinas de vontade de poder e de eterno retorno e sua capacidade de interpretar a realidade. Entre essas especulações e sob os esforços de intérpretes de sua obra, os manuscritos de 1880 estabelecem repetidamente que "não há fatos, somente interpretações".

Contudo, está disponível a obra Fragmentos Finais, que é baseada na reestruturação feita aos seus manuscritos no Arquivo.VER

No Brasil, alguns trechos desses fragmentos póstumos podem ser encontrados no livro Nietzsche da coleção Os Pensadores, publicada pela editora Abril Cultural.

Comentários de terceiros sobre Nietzsche


Gilles Deleuze
Em Nietzsche e a Filosofia, Gilles Deleuze expõe sua interpretação sobre o Eterno Retorno como movimento seletivo, em que somente o que fosse positivo e ativo retornaria, e o que fosse negativo na existência seria negado pelo Eterno Retorno (esta interpretação vem hoje sendo cada vez mais contestada) e denuncia o emprego da Filosofia de Nietzsche por correntes de pensamento as mais díspares, em uma tentativa de apropriação do pensamento nietzscheano como instrumentalização de ideologias. Deleuze diz que "Nietzsche sempre retira sua aposta do jogo que não é seu".

Raymond Aron
Em O ópio dos intelectuais, Raymond Aron escreve: "Nietzsche e Bernanos, este último um crente, enquanto que o primeiro proclamando a morte de Deus, são autenticamente não-conformistas. Ambos, um em nome de um futuro pressentido, o outro invocando uma imagem idealizada do Ancien Régime, dizem não à democracia, ao socialismo, ao regime das massas. Eles são hostis ou indiferentes à elevação do nível de vida, à generalização da pequena burguesia, ao progresso da técnica. Eles têm horror da vulgaridade, da baixeza, difundida pela práticas eleitorais e parlamentares".

Bertrand Russell
Bertrand Russell escreve em "A History of Western Philosophy": "Apesar de Nietzsche criticar os românticos, a sua atitude é fortemente determinada por eles; é o ponto de vista do anarquismo aristocrático que Byron também representara, de modo que não é surpreendente que Nietzsche seja um grande admirador de Byron. Ele tenta unir duas categorias de valores que dificilmente se relacionam: por um lado ele ama a crueldade, a guerra e o orgulho aristocrático e, por outro, a filosofia, a literatura, arte e antes de tudo a música".

Martin Heidegger
No entender de Heidegger a noção de Vontade de potência e o pensamento do Eterno Retorno do Mesmo formam uma totalidade indissolúvel e não uma incoerência. Pensar a fundo o Eterno Retorno é ir de encontro até ao extremo nihilismo, segundo Nietzsche, única via para superá-lo. Pensar a fundo o nihilismo de Nietzsche para Heidegger é pensar a fundo a ausência de fundamento da verdade do Ser. Em Heidegger eis aí que só pode fundar a essência humana em Nietzsche, visto que este constitui para o filósofo da Floresta Negra "uma tomada de decisão no que tange o pensamento nietzscheano". A obra de Heidegger sobre Nietzsche compreende duas etapas. A primeira delas constitui uma exegese dos escritos de Nietzsche em Nietzsche I e Nietzsche II é a expressão da filosofia que toma forma a medida que interrelaciona os interesses dos dois.

Heidegger adverte que, embora seja uma obra recorrente devido ao seu caráter didático, os textos não acompanham a sequência das preleções de Marlburg de 1931 a 1936 e de Marlburg de 1940 a 1946, onde teve início o nascimento da obra, e o pensamento que já o acompanhava desde antes de seu doutorado tomou forma.

Referências
1.↑ Ainda que tanto leigos quanto alguns críticos o classifiquem como um "filósofo alemão" (The Stanford Encyclopedia of Philosophy; Source: Nietzsche: A Very Short Introduction (See Preview on Amazon); Britannica; The Cambridge Companion to Nietzsche, page 1), outros não lhe categorizam como um nacionalista (exemplos: Edward Craid (editor): The Shorter Routledge Encyclopedia of philosophy. Abingdon: Routledge, 2005, pages 726-741; Simon Blackburn: The Oxford Dictionary of Philosophy. Oxford: Oxford University Press, 2005, pages 252-253; The Concise encyclopedia of western philosophy. 3rd edition ed. London: Jonathan Rée and J. O. Urmson, 2005. 267–270 p.). Nietzsche, na verdade, nasceu antes que o estado nacional da Alemanha viesse a existir e, de qualquer maneira, quando ele aceitou seu posto de professor em Basel, pediu a anulação de sua cidadania prussiana. (Er beantragte also bei der preussischen Behörde seine Expatrierung [Translation:] "Dessa forma, ele pediu às autoridades prussianas que fosse expatriado". Curt Paul Janz: Friedrich Nietzsche: Biographie volume 1. Munich: Carl Hanser, 1978, page 263), o que o tornou oficialmente um indivíduo sem nacionalidade definida; a resposta oficial confirmando a sua expatriação veio em um documento datado de 17 de abril de 1869. Texto em alemão em Entlassungsurkunde für den Professor Friedrich Wilhelm Nietzsche aus Naumburg in Giorgio Colli and Mazzino Montinari: Nietzsche Briefwechsel: Kritische Gesamtausgabe. Part I, Volume 4. Berlin: Walter de Gruyter, 1993. ISBN 3 11 012277 4, page 566.
2.↑ FOGEL, Gilvan. Apresentação. in: NIETZSCHE, Friedrich. Vontade de Poder. RJ: Editora Contraponto, 2008. p.9
3.↑ FERNANDES, Marcos Sinésio Pereira e MORAES, Francisco José Dias.Sobre a tradução. in: NIETZSCHE, Friedrich. Vontade de Poder. RJ: Editora Contraponto, 2008. p.15-20
4.↑ FOGEL, Gilvan. Apresentação. in: NIETZSCHE, Friedrich. Vontade de Poder. RJ: Editora Contraponto, 2008. p.10
5.↑ a b Genealogia da Moral
6.↑ http://books.google.com.br/books?id=JK2WxX8vjGgC&dq=isbn:857715... Google Books] (em inglês)
7.↑ Porque Sou um Destino §1, tradução de Paulo César Souza.
Friedrich Wilhelm Nietzsche

Nietzsche em 1882
Nascimento 15 de Outubro de 1844
Röcken, Alemanha
Morte 25 de agosto de 1900 (55 anos)
Weimar, Alemanha
Nacionalidade Alemã
Ocupação Filósofo, filólogo
Influências
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Influências
Influenciados
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Influenciados
Magnum opus Assim falou Zaratustra
Escola/tradição Filosofia Contemporânea, Filosofia continental, Romantismo
Principais interesses Epistemologia, Ética, Ontologia, Filosofia da história, Psicologia
Ideias notáveis Morte de Deus, Vontade de Poder, Eterno retorno, Super-Homem, Perspectivismo, Apolíneo e Dionisíaco

Referência bibliográfica
Nietzsche, Frederich. Obras Incompletas, 1ª. edição. São Paulo: Abril Cultural, 1974.