sábado, 15 de novembro de 2008

OLH'Ó LOUREIRO, OLH'Ó CAVACO

Cavaco sem razões para questionar o seu lugar no Conselho de Estado
Dias Loureiro pede para ser ouvido no Parlamento sobre caso BPN
14.11.2008 - 19h55
Por Lusa
Luís Ramos (arquivo)

O responsável é ex-administrador da "holding" que controla o banco
O ex-ministro da Administração Interna, Manuel Dias Loureiro, enviou uma carta à Assembleia da República, onde pede para ser ouvido no âmbito das irregularidades detectadas no Banco Português de Negócios (BPN).O pedido foi dirigido ao presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, que o encaminhou para a comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, que agora terá de o apreciar, confirmou o presidente desta comissão, Jorge Neto.

Dias Loureiro foi administrador-executivo da Sociedade Lusa de Negócios, detentora do BPN, entre Dezembro de 2001 e Setembro 2002 e administrador não-executivo até 2005. Recentemente, o PS chumbou um pedido do Bloco de Esquerda, onde solicitava a audição de vários ex-gestores (entre eles Dias Loureiro) e de Miguel Cadilhe, o presidente à data da nacionalização do banco.

O Presidente da República, Cavaco Silva, afirmou hoje que não vê razões para se questionar a continuação no Conselho de Estado de Dias Loureiro. "Não posso fazer qualquer afirmação sobre um assunto que não conheço suficientemente. Não vejo sequer razão até para me ser feita essa pergunta", afirmou Cavaco Silva depois de ter sido questionado sobre se mantém a confiança em Dias Loureiro como conselheiro de Estado por o seu nome aparecer associado ao caso BPN.

Operações clandestinas

A 3 de Novembro, dias depois da nacionalização do BPN, o antigo ministro e ex-secretário-geral do PSD garantiu desconhecer quaisquer irregularidades que tenham sido cometidas pela anterior gestão do banco. "Não sei de nada sobre a nacionalização do Banco Português de Negócios, nem nunca tive conhecimento de problemas relacionados com o BPN", garantiu ex-administrador da “holding” que controla o BPN.

Segundo o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, a anterior gestão do BPN, liderada por Oliveira e Costa, fez "um conjunto vasto de operações clandestinas que não estavam registadas em nenhuma entidade do grupo" envolvendo "centenas de milhões de euros". Estas operações levaram a perdas de cerca de 700 milhões de euros, as quais, associadas à crise financeira internacional, conduziram a uma situação de falência iminente do banco, pelo que o Governo anunciou a sua nacionalização. Dias Loureiro chegou a ser um dos rostos mais visíveis do grupo SLN/BPN, durante a gestão de Oliveira e Costa.

O Conselho de Estado é o órgão político de consulta do Presidente da República e é composto pelo presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro, presidente do Tribunal Constitucional, provedor de Justiça, e pelos presidentes dos Governos Regionais.

O órgão inclui, ainda, os antigos Presidentes da República eleitos na vigência da Constituição que não tenham sido destituídos do cargo, cinco cidadãos designados pelo Presidente da República pelo período correspondente à duração do seu mandato e cinco cidadãos eleitos pela Assembleia da República, de harmonia com o princípio da representação proporcional, pelo período correspondente à duração da legislatura.

(Notícia actualizada às 20h07)

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