sábado, 15 de novembro de 2008

ISTO ESTÁ A FICAR MESMO BONITO


Contra política educativa do Governo
Centenas de alunos protestaram nas escolas e em frente ao Ministério da Educação
14.11.2008 - 14h46 Lusa
A concentração de hoje frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, juntou 200 alunos que protestaram contra a política educativa do Governo, segundo a PSP. Em Viana do Castelo, centenas de estudantes saíram à rua, em Fafe atiraram ovos ao edifício da Câmara Municipal e em Coimbra houve escolas fechadas a cadeado.

Os alunos que se concentraram em frente ao Ministério da Educação desmobilizaram ordeiramente e às 12h30 as grades que serviram para cercar a zona em frente ao ministério já estavam arrumadas no passeio.

Mas em Lisboa houve mais protestos contra o regime de faltas. No Liceu Filipa de Lencastre, cerca de 150 estudantes manifestaram-se dentro e fora do estabelecimento de ensino, num protesto que contou com o apoio de alguns professores. "A ideia da manifestação começou numa aula quando a professora mostrou o seu descontentamento para com o sistema de faltas", disse Luís Neves, um aluno que se encontrava à porta a protestar.

"Eu e um colega meu arranjámos os cartazes, viemos cá para fora e agimos logo na hora, não pensamos em meias medidas porque quisemos fazer uma coisa em grande", acrescentou, enquanto nas paredes estavam afixados cartazes onde podia ler-se "Nós só queremos a Ministra a cair" , "Todos contra a Milu", "Não às faltas", "Unidos contra as faltas" e "É tempo de Mudar! Este regime tem de acabar!".

Também em Camarate, Loures, cerca de 200 alunos concentraram-se de manhã em frente à escola básica Mário de Sá Carneiro para contestar o regime de faltas. Um dos organizadores do protesto, Fábio Fernandes, 14 anos, disse rejeitar o novo regime de faltas, garantindo estar a lutar pelos seus "direitos". "Não podemos estar doentes e faltar porque a ministra não deixa", afirmou, enquanto insistia que quem manda nas escolas são os alunos.

A professora do ensino profissional Maria Fortunato disse que não teve qualquer aluno nas aulas, mas afirmou compreender que os jovens lutem pelos seus direitos.

O protesto foi organizado por elementos da Associação de Estudantes, ontem à tarde. Os alunos explicam que foram avisados pelo "passa palavra e por telemóvel".

Estudantes de escolas básicas e secundárias de Lisboa, Estoril, Mafra, Faro, Portimão, Oliveira de Azeméis, Fafe, Viana do Castelo, Porto, Miranda do Corvo, Coimbra, Leiria, Alcobaça, Portalegre e Beja, pelo menos, têm estado em protesto nas ruas das respectivas cidades, essencialmente contra o novo regime de faltas e o diploma da gestão escolar.

Protestos em Viana do Castelo

Centenas de estudantes saíram à rua em Viana do Castelo. "Abaixo o Estatuto do Aluno" era a frase mais presente nas tarjas e cartazes elaborados expressamente para a manifestação e nas palavras de ordem gritadas pelos estudantes.

A manifestação naquela cidade, convocada por SMS (mensagens de telemóvel), juntou alunos da EB 2,3 Frei Bartolomeu dos Mártires e da Escola Secundária de Santa Maria Maior, cujos portões apareceram fechados a cadeado.

Em comunicado, a Associação de Estudantes desta escola explicou que a manifestação de protesto "pretende fazer com que a lei seja alterada, dado que é injusta e penaliza todos os alunos". "As faltas justificadas não devem ter qualquer efeito que penalize os alunos. Lutamos contra um estatuto complicado de respeitar, injusto, com medidas correctivas que fazem lembrar casas de correcção. Não concordamos com as provas de recuperação, porque não se pode recuperar o que nunca se aprendeu, o que nunca tivemos em nós", acrescenta.

Trezentos estudantes protestam frente à Câmara Municipal de Fafe

Em Fafe, onde quarta-feira a ministra da Educação foi recebida com arremesso de ovos, cerca de 300 estudantes manifestaram-se junto ao edifício da Câmara Municipal contra o regime de faltas e as aulas de substituição.

Os alunos da Escola Secundária de Fafe e da Escola EB 2 e 3 de Revelhe exibiam cartazes onde se liam frases como "por uma escola pública gratuita" e "não ao regime de faltas".

Por volta das 10h00, uma delegação estudantil foi recebida pelo presidente da Câmara, o socialista José Ribeiro. Mais tarde, os estudantes da Escola Secundária de Fafe acabaram por pedir desculpa ao presidente da Câmara por terem "manchado o nome do município" quando atiraram ovos ao carro da ministra da Educação e negaram a intervenção de professores no protesto.

A greve às aulas e a consequente manifestação em Fafe foi convocada por um SMS onde se dizia "sexta-feira greve contra o Estatuto. Não faltes".

Algumas escolas de Coimbra fechadas a cadeado

Algumas escolas da região de Coimbra foram fechadas esta manhã por estudantes em protesto.

Na Escola Secundária da Mealhada, os primeiros jovens e professores a chegar ao estabelecimento, pouco antes das 08h30, depararam com os portões do estabelecimento fechados a cadeado, disse o presidente do conselho executivo, Fernando Trindade.

Representantes dos cerca de 150 manifestantes disseram a este responsável que o acto é uma forma de protesto contra o regime de faltas e contra a escassez de pessoal no bar.

Também o Instituto Pedro Hispano, na Granja do Ulmeiro, Soure, foi hoje fechado por alunos contra o regime de faltas, disse uma das manifestantes. Fonte deste estabelecimento do ensino particular e cooperativo confirmou o encerramento por manifestantes de um dos três acessos à escola, com concentração de jovens nesse local, mas ressalvou que há alunos nas aulas.

Na Escola Básica 2,3 Secundária José Falcão de Miranda do Corvo várias centenas de alunos manifestaram-se também hoje de manhã contra o Estatuto do Aluno. Os estudantes fecharam a escola a cadeado, mas a intervenção da GNR permitiu que o estabelecimento de ensino mantivesse os portões abertos, possibilitando a entrada de alunos que não aderissem ao protesto.

Fonte da GNR de Coimbra confirmou o fecho destes estabelecimentos e adiantou que alunos encerraram também as EB 2,3 de Condeixa-a-Nova, Arganil e Cantanhede.

www.publico.clix.pt

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