Venho ao bar
para te olhar
a minha cara
no livro
a tua cara
no vidro
a minha cara
na tua cara
contra a rotina
a pose do artista
despalavrado
diante da menina.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006
sábado, 25 de fevereiro de 2006
AGUASFURTADAS
Tudo começou com um grupo de quatro amigos no Jornal Universitário do Porto. Agora aí está a Aguasfurtadas 8 com a direcção de Rui Manuel Amaral e de Luisa Marinho. Poesia, tradução, conto, teatro, fotografia, acto performativo, ensaio, BD, música e biografias preenchem a edição. Affonso Romano de Sant' Anna, Rui Lage, Margarida Ferra, Manuel Portela, João Luciano Vieira, Regina Guimarães, Saguenail e Fernando C. Lapa são alguns dos colaboradores.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006
Ainda o Fontes Novas
Não sei se o apanhado do clima americano, que anda aos pardais de gente à sorte, não estará a decifrar a àrvore mental do psicopata mor da casa branca.
A América é cada vez menos um sonho e cada vez mais um pesadelo. Morto ou vivo dá-se inteligência a quem se sentir insultado.
A América é cada vez menos um sonho e cada vez mais um pesadelo. Morto ou vivo dá-se inteligência a quem se sentir insultado.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006
O Regresso do Fontes Novas
FASE DA SEMANA
estamos numa falo-democracia
o falo cala muitas bocas.
JOSÉ FONTES NOVAS
estamos numa falo-democracia
o falo cala muitas bocas.
JOSÉ FONTES NOVAS
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006
Meu caro Rui Lage
Caro Rui,
tenho um grande respeito por todos os que lutaram e fizeram o 25 de Abril e por todos quantos sentiram a censura na pele durante a ditadura. No entanto, continuo a dizer que hoje também existe censura, talvez mais subtil, mais camuflada, mas existe.
tenho um grande respeito por todos os que lutaram e fizeram o 25 de Abril e por todos quantos sentiram a censura na pele durante a ditadura. No entanto, continuo a dizer que hoje também existe censura, talvez mais subtil, mais camuflada, mas existe.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006
Declaração de Amor
"Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" é o título do novo livro de A. Pedro Ribeiro (Objecto Cardíaco). Ver http://www.objectocardiaco.pt/projectos/portfolio/ver_projecto.php?id=36 ou http://last-tapes.blogspot.com.
UMA OPA NA TUA SOPA
Dá-me uma OPA
uma contra-OPA
Quero ver a alta finança a delirar
a bolsa sem controle
os capitalistas a devorarem-se
Dá-me uma OPA
para eu brincar
Uma OPA papa o papa
uma OPA caga a caca
uma OPA na tua sopa
uma OPA vem-se na copa
uma OPA snifa a coca
uma OPA sai da toca
uma OPA viola a foca
uma OPA saca da faca
uma OPA vai à tropa
uma OPA ao sabor da ressaca
uma OPA morta na estrada
uma OPA para quem a apanhar
Há uma OPA
na tua sopa
dá-me uma OPA
para eu brincar.
uma contra-OPA
Quero ver a alta finança a delirar
a bolsa sem controle
os capitalistas a devorarem-se
Dá-me uma OPA
para eu brincar
Uma OPA papa o papa
uma OPA caga a caca
uma OPA na tua sopa
uma OPA vem-se na copa
uma OPA snifa a coca
uma OPA sai da toca
uma OPA viola a foca
uma OPA saca da faca
uma OPA vai à tropa
uma OPA ao sabor da ressaca
uma OPA morta na estrada
uma OPA para quem a apanhar
Há uma OPA
na tua sopa
dá-me uma OPA
para eu brincar.
sábado, 11 de fevereiro de 2006
terça-feira, 7 de fevereiro de 2006
As Realidades
Era uma vez uma realidade
com as suas ovelhas de lã real
a filha do rei passou por ali
e as ovelhas baliam que linda que está
a re re a realidade.
Na noite era uma vez
uma realidade que sofria de insónia
então chegava a fada madrinha
e realmente levava-a pela mão
a re re a realidade.
No trono havia uma vez
um velho rei que se aborrecia
e pela noite perdia o seu manto
e por rainha puseram-lhe ao lado
a re re a realidade
CAUDA: dade dade a reali
dade dade a realidade
a real a real
idade idade dá a reali
ali
a re a realidade
era uma vez a REALIDADE.
(Louis Aragon)
com as suas ovelhas de lã real
a filha do rei passou por ali
e as ovelhas baliam que linda que está
a re re a realidade.
Na noite era uma vez
uma realidade que sofria de insónia
então chegava a fada madrinha
e realmente levava-a pela mão
a re re a realidade.
No trono havia uma vez
um velho rei que se aborrecia
e pela noite perdia o seu manto
e por rainha puseram-lhe ao lado
a re re a realidade
CAUDA: dade dade a reali
dade dade a realidade
a real a real
idade idade dá a reali
ali
a re a realidade
era uma vez a REALIDADE.
(Louis Aragon)
domingo, 5 de fevereiro de 2006
Situacionismo
A Internacional Situacionista (IS) foi fundada em 1958 e dissolvida em 1972 (o último número da revista do movimento, num total de doze edições, é de 1969). Fundada e dissolvida por Guy Debord, a Internacional Situacionista no período de sua existência, não reuniu mais que setenta membros. Desses, dezenove desligaram-se e quarenta e cinco foram expulsos (expulsos, obviamente, por Debord). Tal característica, a de pequeno grupo, atendia bem aos propósitos do movimento:
“a I.S. só poderá ser uma conspiração dos Iguais, um Estado - Maior que não quer tropas (...). Nós apenas organizamos o detonador; a livre explosão deverá subtrair-se-nos e subtrair-se também qualquer outro controle” (Revista Internacional Situacionista, n. 08, 1963 - in HENRIQUES, 1997: 11).
E qual foi o projeto político do situacionismo francês? A crítica radical da vida cotidiana no capitalismo. Da crítica da vida cotidiana propunha-se a desmontagem do capitalismo enquanto civilização (HENRIQUES, 1999: 15). E do cotidiano a disseminação revolucionária generalizada da autogestão conselhista, o único termo político possível para um cotidiano livre de suas formas reificadas.
A “sociedade - espetáculo” é o mundo das pseudo-necessidades, o mundo da economia do consumo, o mundo do espaço-tempo da “monotonia imóvel”, o mundo em que o viver tornou-se uma representação caricata da própria forma-mercadoria, enfim, o mundo em que o valor de troca das mercadorias acabou por dirigir o seu uso (DEBORD, 1997: 33) - a mercadoria como o centro absoluto da vida social (GOMBIN, 1972: 82). O movimento do ser para o ter, degradando-se ainda mais, no movimento do “parecer” ter (JAPPÉ, 1999: 19). Ou seja, o espetáculo é a afirmação ulterior de um outro momento da reificação social, a confirmação da “baixa tendencial do valor de uso”, em que a “fabricação ininterrupta de pseudo-necessidades” impõe a lógica da contemplação passiva sobre o todo social (DEBORD, 1997: 33-35). É preciso que se ressalve que os situacionistas não negam o consumo em si, mas a escolha condicionada das pseudo necessidades (GOMBIN, 1972: 83).
Se para Marx a vida social no capitalismo se reduz ao valor, à economia e suas leis, para Debord, o espetáculo absolutiza a economia à sua própria imagem e essa, tautologicamente, impõe a circularidade da imagem-mercadoria como a entificação do pseudo-desejo de consumo contemplativo da “geologia” mercantil, a mercadoria no seu auto-movimento aparece à sociedade como uma segunda natureza. Como afirma Debord: “O espetáculo estende a toda a vida social o princípio que Hegel, na Realphilosophie de Iena, concebeu como o do dinheiro: é ‘a vida do que está morto se movendo em si mesma’” (DEBORD, 1997: 138 -139).
“a I.S. só poderá ser uma conspiração dos Iguais, um Estado - Maior que não quer tropas (...). Nós apenas organizamos o detonador; a livre explosão deverá subtrair-se-nos e subtrair-se também qualquer outro controle” (Revista Internacional Situacionista, n. 08, 1963 - in HENRIQUES, 1997: 11).
E qual foi o projeto político do situacionismo francês? A crítica radical da vida cotidiana no capitalismo. Da crítica da vida cotidiana propunha-se a desmontagem do capitalismo enquanto civilização (HENRIQUES, 1999: 15). E do cotidiano a disseminação revolucionária generalizada da autogestão conselhista, o único termo político possível para um cotidiano livre de suas formas reificadas.
A “sociedade - espetáculo” é o mundo das pseudo-necessidades, o mundo da economia do consumo, o mundo do espaço-tempo da “monotonia imóvel”, o mundo em que o viver tornou-se uma representação caricata da própria forma-mercadoria, enfim, o mundo em que o valor de troca das mercadorias acabou por dirigir o seu uso (DEBORD, 1997: 33) - a mercadoria como o centro absoluto da vida social (GOMBIN, 1972: 82). O movimento do ser para o ter, degradando-se ainda mais, no movimento do “parecer” ter (JAPPÉ, 1999: 19). Ou seja, o espetáculo é a afirmação ulterior de um outro momento da reificação social, a confirmação da “baixa tendencial do valor de uso”, em que a “fabricação ininterrupta de pseudo-necessidades” impõe a lógica da contemplação passiva sobre o todo social (DEBORD, 1997: 33-35). É preciso que se ressalve que os situacionistas não negam o consumo em si, mas a escolha condicionada das pseudo necessidades (GOMBIN, 1972: 83).
Se para Marx a vida social no capitalismo se reduz ao valor, à economia e suas leis, para Debord, o espetáculo absolutiza a economia à sua própria imagem e essa, tautologicamente, impõe a circularidade da imagem-mercadoria como a entificação do pseudo-desejo de consumo contemplativo da “geologia” mercantil, a mercadoria no seu auto-movimento aparece à sociedade como uma segunda natureza. Como afirma Debord: “O espetáculo estende a toda a vida social o princípio que Hegel, na Realphilosophie de Iena, concebeu como o do dinheiro: é ‘a vida do que está morto se movendo em si mesma’” (DEBORD, 1997: 138 -139).
Poema Dadaísta
Receita para fazer um poema dadaísta:
Pegue num jornal.
Pegue na tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar ao poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida, com atenção, algumas palavras que formam esse artigo e mete-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que as palavras são tiradas do saco.
E assim temos um escritor infinitamente original e de sensibilidade fascinante, mesmo que incompreendido.
(Tristan Tzara)
Pegue num jornal.
Pegue na tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar ao poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida, com atenção, algumas palavras que formam esse artigo e mete-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que as palavras são tiradas do saco.
E assim temos um escritor infinitamente original e de sensibilidade fascinante, mesmo que incompreendido.
(Tristan Tzara)
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006
Em Palco
Ser um e ser outro em cima do palco. A glória de mocrofone à frente e guitarra atrás. O aplauso. O transpor da fronteira.
Confeitaria
Os cafés da aldeia aborrecem-me. Falta-lhes a vida, o rodopio do "Piolho", da "Brasileira", do "Oceano". Se vens ler um livro ou escrever és logo olhado com desconfiança. Hoje pareço ter-me rendido à confeitaria. Ao menos tem uma menina bonita para se olhar. Como dizia o Pessoa as confeitarias ensinam mais que todas as religiões.
Os Anarquistas
Não chegam ao 1% e, no entanto, existem
a maior parte espanhóis, vá lá saber-se porquê
parece que em Espanha não os compreendem
os anarquistas.
Deram-lhes com tudo
bombas e granadas
têm o coração à frente
e os sonhos partidos
a alma roída pelas suas ideias malditas.
Não chegam a 1% e, no entanto, existem
a maioria filhos de nada
ou filhos de muito pouco
só são vistos quando se tem medo deles
os anarquistas.
Centenas de vezes morreram
por isto ou por aquilo
empunhando a força do amor
sobre a mesa ou no ar
com o semblante triste
que dá o sangue derramado.
Não chegam ao 1% e, no entanto, existem
e há que começar a dar patadas no cu
convém não esquecer que também sabem sair à rua
os anarquistas.
Agitam a bandeira negra
carregam a esperança
e têm a melancolia
de andar pela vida
canivetes para cortar
o pão da amizade
e as armas oxidadas para nunca esquecer.
Não chegam a 1% e existem
mantêm-se firmes e enlaçados pelos braços
estão contentes
e por isso seguem confiantes como sempre
os anarquistas.
(Léo Ferré)
a maior parte espanhóis, vá lá saber-se porquê
parece que em Espanha não os compreendem
os anarquistas.
Deram-lhes com tudo
bombas e granadas
têm o coração à frente
e os sonhos partidos
a alma roída pelas suas ideias malditas.
Não chegam a 1% e, no entanto, existem
a maioria filhos de nada
ou filhos de muito pouco
só são vistos quando se tem medo deles
os anarquistas.
Centenas de vezes morreram
por isto ou por aquilo
empunhando a força do amor
sobre a mesa ou no ar
com o semblante triste
que dá o sangue derramado.
Não chegam ao 1% e, no entanto, existem
e há que começar a dar patadas no cu
convém não esquecer que também sabem sair à rua
os anarquistas.
Agitam a bandeira negra
carregam a esperança
e têm a melancolia
de andar pela vida
canivetes para cortar
o pão da amizade
e as armas oxidadas para nunca esquecer.
Não chegam a 1% e existem
mantêm-se firmes e enlaçados pelos braços
estão contentes
e por isso seguem confiantes como sempre
os anarquistas.
(Léo Ferré)
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