sábado, 5 de julho de 2008

MANIFESTO SITUACIONISTA


Apesar dos meus defeitos
apesar dos erros passados
apesar das depressões
declaro que não pertenço à sociedade espectacular mercantil
declaro que não sou um escravo do dinheiro
que não sou um alienado
e que sou um ser humano
um artista que não está à venda no mercado
um poeta fora das capelinhas
um ser que se opõe ao poder
que recusa o valor de troca
que preconiza a pilhagem da mercadoria
a revolução da vida quotidiana
a vitória da vida sobre a morte.

ELA


Acordei sem depressão
e o amor foi-se
ela só quer que sejamos amigos
mas dá-me a mão
ela é bonita
e sorri no metro
ela vai para casa
e fica pouco tempo
nunca a vi dançar

Miúdas bonitas
e eu em baixo.
Leio textos situacionistas
e as mulheres falam e falam

CARLOS CÉSAR PACHECO


balada do homem sólido



brincas com as pedrinhas e fazes muitas perguntas
saltas dos braços da tua mãe e olhas a tua volta, curioso
/como se a morte não existisse
vais para a escola e começas a esquecer
brincas e jogas futebol nos intervalos
e ensinam-te os ritmos e a submissão tranquila
/como se a morte não existisse

depois descobres o teu par e começas a passear
esquecido – corres e ris e bebes com os teus amigos
/como se a morte não existisse
na universidade, ignoras o fim da noite
saltas e cantas e depois estudas na véspera dos exames
/como se a morte não existisse

depois conquistas o primeiro emprego
já quase não fazes perguntas, continuas a viajar
/como se a morte não existisse
compras uma casa e começam a viver juntos
esquecido dos jogos e das pedrinhas
por duas noites foges de ti, enganando o dia
levantas os braços e sorris , contas e ouves piadas
/como se a morte não existisse

depois há um tempo em que tens filhos
cuidas deles e fazes por que aprendam a ser como tu
reais e concretos, sem perguntas, nem duvidas
/como se a morte não existisse
chegam os os filhos dos teus filhos
continuas a fazer o que se faz para que o tempo flua
sem inquietação, entre festas e trabalhos
/como se a morte não existisse

depois morres



Carlos César Pacheco
5 de Julho, 2008, de madrugada

segunda-feira, 30 de junho de 2008

MACEDO É FASCISTA


Pela primeira vez em Portugal, um blogue foi mandado encerrar por força de uma ordem judicial. Trata-se do Povoaonline, fechado compulsivamente na sequência de uma ordem das Varas Cíveis de Lisboa, emitida a 13 de Maio e cumprida na passada sexta-feira, noticia o jornal Público.

Esta medida judicial obrigou o Google Inc. e o Google Portugal a bloquearem o acesso ao blogue e surgiu na sequência de uma providência cautelar interposta pelo presidente, Macedo Vieira, e vice-presidente da câmara da Póvoa do Varzim, Aires Pereira, contra anónimos que aí os difamavam com o pseudónimo Tony Vieira.

No mesmo dia em que foi mandado encerrar, surgiu outro blogue, o Povoaoffline, onde consta a ordem do tribunal.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim garantiu esta segunda-feira que pedirá igualmente o fecho do blogue Povoaoffline, se este prosseguir o caminho do seu antecessor - o povoaonline - encerrado na sequência de uma providência cautelar que o autarca intentou.

«Se o novo blogue enveredar pelo caminho do anterior é evidente que também vamos intentar uma providência cautelar para o seu encerramento», assegurou Macedo Vieira.

O autarca acrescentou que «corre os seus termos» uma acção principal relativa ao primeiro blogue.

Para Macedo Vieira, o recurso à justiça para silenciar o blogue «não configura qualquer atitude censória».

«Não se trata de limitar o direito à opinião, mas sim de impedir insultos aos autarcas, aos seus colaboradores e até aos familiares, ainda por cima de uma forma anónima», disse.

Ao requerer o fecho do blogue, Macedo Vieira e o seu vice-presidente, Aires Pereira, tinham considerado que as considerações do povoaonline eram feitas «com o único objectivo de difundir junto da opinião pública, de forma gratuita, vulgar e difamatória, a ideia de que os requerentes são corruptos e corruptíveis».

«Vingou a lei do cimento»

Entretanto, em vários blogues surgiam comentários sobre a decisão «sem precedente em Portugal».

Para António Pedro Ribeiro, colaborador do blogue suspenso citado pelo jornal, trata-se de uma «atitude prepotente, autoritária e fascizóide» dos autarcas.

Circularam pela Póvoa vários nomes de suspeitos, mas nunca se soube ao certo quem eram os autores do blogue.

«Actualmente [a Póvoa de Varzim] apenas oferece lixo, areia da praia contaminada e um mar poluído, tudo supervisionado por autarcas agarrados ao poder e sustentados por uma teia de corrupção que corrói toda a gestão municipal. Vingou a lei do cimento» - denunciava o blogue.

O tribunal considerou provado que «a maior parte do conteúdo do blogue» consistia em «artigos de opinião» sobre Macedo Vieira e Aires Pereira. O autor/administrador do blogue, disponível desde Maio de 2005, critica-os como presidente e vice-presidente da câmara, mas também como «cidadãos, pais, familiares e amigos».

domingo, 29 de junho de 2008

O MANIFESTO DA VELHA


Ontem no café ouvi uma velha
dizer que isto está cheio de gente
que não quer trabalhar
que anda tudo atrás do rendimento mínimo
que não falta trabalho

Olha, velha, eu assumo que não quero trabalhar
olha, velha, podes ir rezar aos teus santinhos
podes ir chupar a piça ao Sócrates
que o meu reino não é o teu
Sabes, velha, estou-me a cagar para os vossos preconceitos
e para a poesia lírica
sabes, velha, eu quero que o teu país fique ingovernável
que os partidos se fodam uns aos outros
que o dinheiro e o trabalho desapareçam
que se gere o caos
que reine Dionisos
que as pessoas se amem e forniquem como iguais
sabes, velha, estou farto dos teus brandos costumes
e da tua sociedade imbecil
quero vinho, danças, circo
uma república de poetas.

retido nas trevas por mil anos
regresso
venho reclamar o meu trono

olho as caras
e elas parecem amigáveis
fuma-se e bebe-se
já me apetece ficar noite fora
de bar em bar
esse que eu era
este que sou agora
um príncipe anarquista
e as mulheres olham para mim

POVOA ONLINE CENSURADO

O blog povoaonline foi apagado pelo Google, por determinação das Varas Cíveis de Lisboa, mediante providência cautelar apresentada por Macedo Vieira e Aires Pereira.Esta determinação, inédita em Portugal, vem provar que os responsáveis máximos da Câmara da Póvoa de Varzim mantém a sua visão autoritária e fascizante da vida pública, sendo incapazes de lidar com a crítica e pretendendo colocar todos os que se lhes opõem em tribunal. Os blogues, como o Povoaonline, de que éramos colaboradores, são um espaço priviligiado de liberdade de expressão e de crítica, mesmo que desbragada, e não podem ser censurados numa sociedade onde a liberdade escasseia. Era como se José Sócrates agora decidisse censurar o Trip na Arcada ou o nosso livro "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro".

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O TRABALHINHO


"Ninguém jamais deveria trabalhar. O trabalho é a fonte de quase todos os sofrimentos no mundo. Praticamente qualquer mal que se possa mencionar vem do trabalho ou de se viver num mundo projectado para o trabalho. Para parar de sofrer, precisamos parar de trabalhar."




in www.pontodevista.jor.br./guerrilha/terrorismo.htm

MANIFESTO ANTI-DINHEIRO (PASSANDO POR JOSÉ SÓCRATES)


O dinheiro destrói o homem, destrói tudo o que ele tem de mais puro: a bondade, o amor, a fraternidade. O dinheiro, a troca mercantil, traz consigo a competição desenfreada, a luta por lugares, promoções, sucesso, estatuto social, as guerras, o salve-se quem puder.
Uma sociedade baseada no dinheiro, no lucro e no poder reduz o homem à condição de mercadoria. Uma sociedade assim é sinónimo de miséria, depressões, suicídios. Uma sociedade assim não é mais suportável.
O próprio primeiro-ministro, Sócrates, não é apenas detestável por ser um péssimo governante mas sobretudo por ser um agente castrador ao serviço do dinheiro. Sócrates e o dinheiro amam o cinzento, o vazio, os automatismos, a morte. Sócrates e o dinheiro são ridículos. Sócrates e o dinheiro são inimigos da vida. Urge acabar com o dinheiro e despachar Sócrates o quanto antes.

PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO DO MAIO DE 68

PARA A LAURA-2


A depressão é terrível
queima por dentro
as conversas passam ao lado
ficamos sem palavras
há quem fuja de nós
como da peste

mas tu ficas
sabes que eu vou voltar
não sei quando
uma vez mais
eu vou partir a loiça

PARA A LAURA


Fui ao bar da poesia
curar a depressão
puxei pela raiva
gritei até mais não
mas a depressão não passou

Ficaste tu
e uma canção
os beijos trocados
junto ao carro

Fui ao bar da poesia
e a palavra não sai
bebo copos
mas não consigo
entrar nas conversas

Ficaste tu
e uma canção

CÓDIGO DO TRABALHO


Código do Trabalho
CGTP considera que acordo assinado é uma "encenação"
25.06.2008 - 15h01 Lusa
A CGTP considera que a revisão do Código de Trabalho é mais uma "encenação" que cria expectativas de melhorias na economia, ao mesmo tempo que piora as condições dos trabalhadores, afirmou hoje o seu secretário-geral.

Em declarações à agência Lusa, comentando o acordo obtido na concertação social relativo à alteração do Código de Trabalho, Manuel Carvalho da Silva disse que "de tempos a tempos fazem-se encenações e criam-se expectativas que os acordos vão melhorar a economia e aumentar a competitividade" do país.

"Depois constata-se que os trabalhadores estão mais explorados, o seu rendimento baixa, a competitividade não aumenta e o país não se desenvolve", defendeu Carvalho da Silva.

O secretário-geral da CGTP disse sentir "tristeza e preocupação" com a situação actual dos portugueses e dos trabalhadores.

A CGTP abandonou hoje a reunião de Concertação Social onde se discutiu - e alcançou - um acordo para a revisão do Código de Trabalho, porque considera não ter condições sequer para discutir a última proposta do Governo.

"Dava um prémio a um qualquer deputado da Assembleia da República que consiga interpretar o documento durante uns meses", disse Carvalho da Silva, para demonstrar que o documento do governo é complexo e demora muito tempo a analisar e interpretar.

Segundo disse Carvalho da Silva ao abandonar a concertação social, a CGTP "não participa na reunião por razões fundamentadas, pois a última proposta do Governo, um documento com 33 páginas, foi enviada na terça-feira e precisávamos de tempo para o analisar", disse o secretário-geral da CGTP aos jornalistas, na altura.

A central sindical argumenta ainda com o facto de o Governo propor a fusão do texto do Código de Trabalho (composto por 689 artigos) e a respectiva Regulamentação (499 artigos).

Segundo Carvalho da Silva, esta fusão originará novas interpretações da lei cujos efeitos são impossíveis de perceber antes de se conhecer o respectivo articulado final.

Fui ao bar da poesia
curar a depressão.