sábado, 30 de março de 2013
O QUE É O HOMEM?
O que é o homem? O que veio cá fazer? Veio certamente interrogar-se. Veio certamente gozar, brincar, criar. Não veio para passar a vida a trabalhar, a sacrificar-se, a sofrer. Nasceu, está aqui. Apercebe-se do mundo que o rodeia, do outro. Usa as ferramentas. Pensa. Pensa que pode ser maior, que pode atingir a glória, sem andar a competir, a passar por cima dos outros. Quem é o homem? Certamente aquele que interroga o mundo. Certamente aquele que quer crescer, que quer dar amor. Certamente aquele que quer construir, que se quer afirmar, que quer conhecer, que quer descobrir. Certamente aquele que quer a liberdade.
quarta-feira, 27 de março de 2013
REINO
A publicidade que nos atiram aos cornos, os programas imbecis, os filmes imbecis. Tudo isso faz parte de uma estratégia de amolecimento do cérebro, de castração das ideias, de entrave ao conhecimento. As pessoas perdem a capacidade de raciocínio, bloqueiam o pensamento, perdem as capacidades criativas. É por isso que devemos persistentemente ler, trocar ideias, passar para o papel os raciocínios. Para que o "big brother", para que a máquina, não nos vença, para que sejamos livres e autónomos. Devemos ser amáveis com a maioria das pessoas mas devemos deixar claro que não tomamos parte da barbárie, da ignorância. Devemos deixar claro que atingimos um certo nível, que temos os nossos instintos, as nossas fantasias, mas que não cedemos à futebolização da vida. Sim, atingimos um certo nível. Não somos superiores. Mas atingimos um certo patamar que nos permite olhar de cima, que nos permite reinar, que nos permite viver em triunfo.
quinta-feira, 21 de março de 2013
O GRITO ANIMAL
Para esta gente sou um senhor simpático e respeitável que se ocupa do estudo e da escrita. Um professor, um historiador, um escritor tímido que raramente fala com alguém. Mal sabem eles os vulcões e explosões que se dão dentro de mim. Mal sabem eles como sou diferente deles, como acho ridícula a vida que "vivem", sempre preocupados com o conforto e a segurança, sempre cheios de medo do papão. Não ouço falar de política nesta aldeia. Esta aldeia é uma pasmaceira. Vá lá que me permite trabalhar, desenvolver as minhas ideias, as minhas teses. Não tenho razões de queixa nesse aspecto. Mas, de facto, sou diferente desta gente. Vá lá que, de vez em quando, aparecem umas beldades para me despertar. Contudo, não posso falar com elas. Não posso expor a minha filosofia. Não posso mostrar quem sou. Serei o último dos homens? Certamente que não, há outros que pensam, que elaboram teorias. No entanto, esta prolongada estadia na aldeia coloca-me à beira da explosão. É o tal grito animal de que fala o Serguilha. É o louco impaciente no meio da normalidade. É o homem que percorre galáxias à mesa da confeitaria. É o louco divino que faz o poema.
segunda-feira, 18 de março de 2013
DONO DA VIDA
O pensamento em movimento. Nada mais poderoso. Vem das estrelas. A voz que ouvimos dentro de nós, que comanda a escrita, vem dos xamãs. Deus, Jesus, revolução. Está tudo no pensamento que tudo comanda, que pode aliar-se ao amor e construir a nova sociedade. Há um grito dentro de mim, um grito animal, intemporal, que vem dos milénios, que vem das cavernas. O grito da liberdade absoluta. Que reina. Que é caótico. Que vai contra o mundo ordenado. Que quer a festa, a celebração, Dionisos. Sou dono de mim e da vida.
sábado, 9 de março de 2013
JORNAL FRATERNIZAR
Edição 86, sexta-feira, 8 Março 2013
NADA ACIMA DA VIDA
Leste Nietzsche, sobretudo "Zaratustra", e por isso achas absurda essa preocupação quase exclusiva com o sustento, com os trocos, o metro-trabalho-casa. Eles e elas lá vão levando a sua vidinha e há dias em que são mais felizes do que tu. Todavia, tu sabes que não vieste para o sustento, para o lar, para a família. Tens lar, tens família mas vieste para criar, para pensar o mundo. No fundo, achas ridículo o reino do dinheiro, dos especuladores, dos banqueiros. Achas ridículo tanto sacrifício, tanta preocupação, tanta guerra por causa das contas bancárias. Não é isso que te entusiasma. O que te entusiasma é o conhecimento, é a liberdade, é a vida pela vida. O que te entusiasma é o próprio pensamento. Daí que não suportes a incultura, a ignorância, a imbecilidade. O teu pensamento chega muito longe, ó poeta. É certo que conheceste pessoas muito inteligentes que acabaram na miséria: o Jaime Lousa, o Sebastião Alba. No entanto, no fundo, tens a esperança de um dia vires a ser realmente reconhecido. Sempre foste um dos mais inteligentes. Sabes que isto pode cair na barbárie, como já cai na imbecilidade tipo "Preço Certo" ou outros programas televisivos. Não tens que te vender. Tens de prosseguir o teu trabalho de investigar o homem e a vida, com o objectivo de entregar o homem à vida porque nada está acima da vida.
AGARRAR A VIDA
Ainda não fui reconhecido enquanto escritor como outros o são. No entanto, não me considero inferior a eles. Fazem uns truques, dizem umas coisas engraçadas mas nada de verdadeiramente profundo. Não vão à essência da vida. Não questionam a luta pela existência, o esforço, o trabalho nem os macacos que trepam uns para cima dos outros em busca do lugar, do emprego, do estatuto. Claro que há o esforço, o trabalho em prol de uma obra de arte, de um poema maior. Mas há também o trabalho alienado, o trabalho escravo em favor de um explorador, de um capitalista, o trabalho que é sacrifício, que provoca a dor em vez do prazer ou então o tédio.
Neste momento estou num café de Vila do Conde e observo um grupo de macacos a vociferar em torno de um jogo de futebol. O que é que esta gente tem na cabeça? Tem instintos agressivos, primários, é totalmente manipulada pelo jogo e pela máquina. Esta gente tira prazer da bola, vive da bola, não é capaz de um raciocínio elevado. Vive de cânticos, de gritos, de insultos ao clube inimigo. Não sou da espécie deles. Não estou na mesma galáxia. Esta gente nunca questionou a existência, o que faz aqui, julga-se afirmativa, agressiva mas é dominada pelo chefe, pela televisão, pela polícia. Arrisco-me a dizer que não tem alma, que não tem humanidade. Que é incapaz de apreciar uma obra de arte, que é incapaz de ouvir ou entender uma mulher sensível. É gente sem cultura e sem educação. São macacos que trepam. Não são os únicos, claro. Há mais.
Verdadeiramente começo a compreender a vida. Temos de agarrar a vida, é certo. Mas colocam-nos a competir uns contra os outros desde muito cedo. Há as notas escolares, há a pressão para integrarmos os grupos, mesmo que nos descaracterizemos, que adulteremos o nosso crescimento. Só a espaços acontece a verdadeira união, a comunhão, a celebração. Temos de agarrar a vida, repito, mas a vida não tem que ser guerra, luta, corrida, competição. A vida são os dias em que criamos mas são também os dias, noites em que dançamos, em que partilhamos, em que construímos em comum. Daí que não possamos admitir que eles nos roubem o tempo, que eles nos manipulem, que eles nos façam guerrear uns com os outros seja por que motivo for. É isto que eu vos tenho a dizer.
www.jornalfraternizar.pt.vu
NADA ACIMA DA VIDA
Leste Nietzsche, sobretudo "Zaratustra", e por isso achas absurda essa preocupação quase exclusiva com o sustento, com os trocos, o metro-trabalho-casa. Eles e elas lá vão levando a sua vidinha e há dias em que são mais felizes do que tu. Todavia, tu sabes que não vieste para o sustento, para o lar, para a família. Tens lar, tens família mas vieste para criar, para pensar o mundo. No fundo, achas ridículo o reino do dinheiro, dos especuladores, dos banqueiros. Achas ridículo tanto sacrifício, tanta preocupação, tanta guerra por causa das contas bancárias. Não é isso que te entusiasma. O que te entusiasma é o conhecimento, é a liberdade, é a vida pela vida. O que te entusiasma é o próprio pensamento. Daí que não suportes a incultura, a ignorância, a imbecilidade. O teu pensamento chega muito longe, ó poeta. É certo que conheceste pessoas muito inteligentes que acabaram na miséria: o Jaime Lousa, o Sebastião Alba. No entanto, no fundo, tens a esperança de um dia vires a ser realmente reconhecido. Sempre foste um dos mais inteligentes. Sabes que isto pode cair na barbárie, como já cai na imbecilidade tipo "Preço Certo" ou outros programas televisivos. Não tens que te vender. Tens de prosseguir o teu trabalho de investigar o homem e a vida, com o objectivo de entregar o homem à vida porque nada está acima da vida.
AGARRAR A VIDA
Ainda não fui reconhecido enquanto escritor como outros o são. No entanto, não me considero inferior a eles. Fazem uns truques, dizem umas coisas engraçadas mas nada de verdadeiramente profundo. Não vão à essência da vida. Não questionam a luta pela existência, o esforço, o trabalho nem os macacos que trepam uns para cima dos outros em busca do lugar, do emprego, do estatuto. Claro que há o esforço, o trabalho em prol de uma obra de arte, de um poema maior. Mas há também o trabalho alienado, o trabalho escravo em favor de um explorador, de um capitalista, o trabalho que é sacrifício, que provoca a dor em vez do prazer ou então o tédio.
Neste momento estou num café de Vila do Conde e observo um grupo de macacos a vociferar em torno de um jogo de futebol. O que é que esta gente tem na cabeça? Tem instintos agressivos, primários, é totalmente manipulada pelo jogo e pela máquina. Esta gente tira prazer da bola, vive da bola, não é capaz de um raciocínio elevado. Vive de cânticos, de gritos, de insultos ao clube inimigo. Não sou da espécie deles. Não estou na mesma galáxia. Esta gente nunca questionou a existência, o que faz aqui, julga-se afirmativa, agressiva mas é dominada pelo chefe, pela televisão, pela polícia. Arrisco-me a dizer que não tem alma, que não tem humanidade. Que é incapaz de apreciar uma obra de arte, que é incapaz de ouvir ou entender uma mulher sensível. É gente sem cultura e sem educação. São macacos que trepam. Não são os únicos, claro. Há mais.
Verdadeiramente começo a compreender a vida. Temos de agarrar a vida, é certo. Mas colocam-nos a competir uns contra os outros desde muito cedo. Há as notas escolares, há a pressão para integrarmos os grupos, mesmo que nos descaracterizemos, que adulteremos o nosso crescimento. Só a espaços acontece a verdadeira união, a comunhão, a celebração. Temos de agarrar a vida, repito, mas a vida não tem que ser guerra, luta, corrida, competição. A vida são os dias em que criamos mas são também os dias, noites em que dançamos, em que partilhamos, em que construímos em comum. Daí que não possamos admitir que eles nos roubem o tempo, que eles nos manipulem, que eles nos façam guerrear uns com os outros seja por que motivo for. É isto que eu vos tenho a dizer.
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quarta-feira, 6 de março de 2013
VIVA CHÁVEZ!
Morreu Hugo Chávez. Morreu um revolucionário que sempre fez frente ao capitalismo e ao imperialismo, mesmo que não concordemos com algumas das suas posições. Morreu Hugo Chávez mas o seu legado fica. Agora o Obama, os imperialistas e os mercados querem meter as patas na Venezuela. Mas o povo venezuelano, os pobres, os injustiçados que Chávez ajudou não vão deixar. Acreditamos. De qualquer maneira, está aberta a guerra entre as forças da revolução e da utopia e os Obamas, as Merkels, os Cavacos, os Passos e os Gaspares. Assim seja.
domingo, 3 de março de 2013
O HOMEM DO AMOR E DA LIBERDADE

1,5 milhões de pessoas nas ruas de Portugal a exigir a demissão do Governo. Jovens, velhos, desempregados, precários, reformados, funcionários públicos, estudantes, intelectuais, artistas, todos juntos nas ruas a exigir a demissão do Governo e a saída da troika. Face a este cenário, Passos Coelho e Vítor Gaspar só podem pedir a demissão. Basta de austeridade, de desemprego galopante, de recessão, ...de pobreza, de miséria. Basta também de troikas, de dívidas, de "investidores", de "credores", de "mercados", que nos sugam a pele e nos roubam as vidas. Basta que nos tornem infelizes, que nos atirem para o tédio, para a depressão, para o suicídio. O capitalismo tem os dias contados. Está a nascer um novo homem. Dos escombros da rapina, da competição, da mercearia, ergue-se uma nova consciência: o homem que não aceita mais a sub-vida, a escravatura, o homem que canta, dança e ri nas barbas dos politiqueiros, o homem que se encontra mesmo e com os seus mitos, o homem que cria e descobre, o homem do amor e da liberdade.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
O QUE VIESTE FAZER À VIDA?
Alguma vez te perguntaste o que fazes aqui?
Porque és obrigado a seguir
Determinado percurso,
A estudar, a trabalhar, a assentar,
A ficar velho?
Quem te pôs essas ideias na cabeça?
Porque raio há-de ser como eles querem?
Porque não podes desbundar, gritar
A qualquer momento?
O que vieste fazer à vida?
Porque continuas dentro dos trilhos?
Porque agradas aos teus amiguinhos?
Porque hás-de fazer concessões,
Porque não segues o teu caminho?
Quem te obriga a seres o que não és?
A máquina? O dinheiro? O capitalismo?
Não passam de convenções
Dentro da tua cabeça.
Porque não sais do jogo?
Porque não os mandas à merda?
domingo, 24 de fevereiro de 2013
A BARBÁRIE
Em 1845, em “A Essência do Dinheiro”, Moses Hess afirma que o capitalismo traduz a dominação exercida pelo deus-dinheiro sobre os homens, constituindo um sistema que coloca à venda a liberdade humana. O dinheiro é a essência e traz um mundo pior do que o da escravatura antiga porque “não é natural nem humano que alguém se venda a si próprio voluntariamente”. A tarefa do comunismo é, assim, abolir o dinheiro. Para Gustav Landauer essa tarefa não é aperfeiçoar o sistema industrial-capitalista mas ajudar os homens a redescobrirem a cultura, o espírito, a liberdade, a comunidade. Para outros, o capitalismo é traficar a alma, o espírito, o pensamento. Para Marx, exige-se “a revolta contra um mundo que transformou cada coisa numa mercadoria e degradou o homem, reduzindo-o ao estatuto de objecto”. Sim, temos o direito de exigir o homem integral. O poder do dinheiro pode destruir todas as qualidades humanas e naturais, reduzindo-as ao quantitativo. A troca de afectos é substituída pela troca do dinheiro por uma mercadoria. Não existe nada de mais abjecto do que o capitalismo e os seus mercadores e economistas. Reduzem tudo ao cálculo, ao deve e haver, ao orçamento. Cortam na vida das pessoas como se tratassem com objectos. A sensibilidade é substituída pela posse. Como dizem Michael Lowy e Robert Sayre em “Revolta e Melancolia”, “o ser, a livre expressão da riqueza da vida por actividades sociais e culturais, é cada vez mais sacrificado ao ter, à acumulação do dinheiro, das mercadorias e do capital”. O homem está fortemente condicionado na sua capacidade criativa pelas drogas que nos atiram todos os dias via media e por um mercado implacável. Segundo Lukács, “tudo deixou de ser avaliado por si próprio, pelo seu valor intrínseco – artístico ou ético – e apenas tem valor enquanto mercadoria vendível ou comprável no mercado”. É a barbárie, a selvajaria. Nem sabemos como ainda pode haver algum amor, algum diálogo, alguma filosofia. Eles estão a destruir o que de mais genuíno há no homem, esses merceeiros, esses moedeiros. Isto não é apenas a crise económica, isto não é apenas o irem-nos aos bolsos, isto é irem-nos à alma, destruírem os verdadeiros progressos da humanidade. Isto é destruir a vida. Não podemos mais aceitá-lo. Somos homens e mulheres. Não somos objectos, não somos notas e moedas.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
AO SOM DA GRÂNDOLA
Os ministros, onde quer que vão, estão a ser silenciados ao som da "Grãndola". Os ministros, acobardados, perderam o pio ao som da "Grãndola". O país está a virar ao som da "Grãndola". O país está a dançar ao som da "Grãndola". Os ministros estão a perder o poder ao som da "Grândola". O poder está a arder ao soim da "Grãndola". Os macacos dos mercados falam e falam mas não sabem o que os rodeia. Agora já sabes se a plateia te ama ou te odeia. Agora que todos eles te aplaudem ou te rogam pragas. Agora que deixaste a miúda. Agora tu és um revolucionário de corrida.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
O MEU CAMINHO
Tive, claro, a influência dos meus pais, de alguns professores na escola. Houve também o "boom" do rock português aos 12/13 anos- os UHF, os Táxi, os Jafumega-, depois os Pink Floyd, as letras do Roger Waters. Os meus grandes amigos do liceu- o Jorge, o Rui- que me indicaram caminhos na música, na literatura. Depois vieram os Doors, o Jim Morrison. Nunca mais fui o mesmo. Poderia ter seguido outros caminhos. Vieram também as boas notas no 12º, o jovem promissor que eu era. Comecei a soltar-me, a falar com as miúdas. Veio a experiência traumática na Faculdade de Economia do Porto mas vieram também as noites e os concertos em Braga, o "Apocalipse Now", o "Assim Falava Zaratustra". Comecei a ler Marx, Lenine, Trotsky, os anarquistas. Escrevi os meus primeiros bons poemas. Poderia realmente ter sido outro. Mas fui seguindo a via, pondo em causa o sistema de ensino, as notas, o próprio capitalismo. Tive as grandes depressões, foram muito dolorosas. Não conseguia falar, comunicar, fugia das pessoas. Caí mas estou aqui hoje, pronto a enfrentar o inimigo. Fui eu que escolhi o meu caminho. Não foi a TV, não foi a moda, não foi o mercado, não foi o capitalismo. Fui eu que me construí, que construí a minha personalidade. Agora estou aqui.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
A VIDA PELA VIDA
Leste Nietzsche, sobretudo "Zaratustra", e por isso achas absurda essa preocupação quase exclusiva com o sustento, com os trocos, o metro-trabalho-casa. Eles e elas lá vão levando a sua vidinha e há dias em que são mais felizes do que tu. Todavia, tu sabes que não vieste para o sustento, para o lar, para a família. Tens lar, tens família mas vieste para criar, para pensar o mundo. No fundo, achas ridículo o reino do dinheiro, dos especuladores, dos banqueiros. Achas ridículo tanto sacrifício, tanta preocupação, tanta guerra por causa das contas bancárias. Não é isso que te entusiasma. O que te entusiasma é o conhecimento, é a liberdade, é a vida pela vida. O que te entusiasma é o próprio pensamento. Daí que não suportes a incultura, a ignorância, a imbecilidade. O teu pensamento chega muito longe, ó poeta. É certo que conheceste pessoas muito inteligentes que acabaram na miséria: o Jaime Lousa, o Sebastião Alba. No entanto, no fundo, tens a esperança de um dia vires a ser realmente reconhecido. Sempre foste um dos mais inteligentes. Sabes que isto pode cair na barbárie, como já cai na imbecilidade tipo "Preço Certo" ou outros programas televisivos. Não tens que te vender. Tens de prosseguir o teu trabalho de investigar o homem e a vida, com o objectivo de entregar o homem à vida porque nada está acima da vida.
domingo, 10 de fevereiro de 2013
CONFUSÃO
Tenho poemas que são estórias
a miúda do café fala com os clientes
conta a vida
ganha o salário mínimo
é confusa em relação ao poder
queixa-se
dá graças a Deus
tem 26 anos
diz que não está
psicologicamente preparada
para ter filhos
quer que eles estudem
fala em emigrar
nas vantagens da emigração
em "construir a vida"
no euro que não vale nada
nos doutores
que trabalham nos supermercados
há alguma consciência
mas muita confusão.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
A LUTA ESSENCIAL
O capitalismo ocupa as pessoas, afasta-as do gozo, do lazer, do ser. Faz-lhes também a cabeça, enche-as de medo e preconceitos, impede a celebração e o encontro. Aliás, essa é a questão essencial: o big brother. Poucos procuram a deriva, a verdadeira festa, a verdadeira alegria. São só obrigações, papões, castrações. Políticos que nos exigem sacrifícios, "vidas" alienadas, sofrimento, depressões, doenças mentais, suicídios. Não, não está tudo dito. É preciso continuar a denunciar o big brother. É preciso ser guerrilheiro da palavra. Os grandes media bombardeiam-nos todos os dias, fragilizam-nos, infantilizam-nos. O capitalismo quer destruir o homem. Quer tornar-nos escravos de uns poucos. Não podemos deixar. Somos soberanos, temos um deus em nós. Procuramos o ser uno, o ser completo. Desde a infância que nos andamos a descobrir. Não nos podemos deixar levar mais. É esta a grande luta, a luta essencial. Trava-se dentro da nossa mente, da nossa alma. Expulsemos os vendilhões. Se uma grande parte de nós tomasse consciência disto a revolução estava feita.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
QUEREMOS A VIDA
O mais importante é, de facto, o pensar, a própria filosofia. Esse pensar, apesar dos bombardeamentos diários da máquina, é livre, é absolutamente livre, pelo menos em alguns de nós. É esse pensar que nos dá a certeza de que estamos vivos, bem vivos, de que nada está acima de nós. Somos deuses. Queremos o mundo agora. Temos o direito de querer o mundo agora. Temos o direito de querermos ser quem somos. Queremos agarrar o instante, queremos agarrar cada pedaço de vida. Queremos a vida.
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