quinta-feira, 21 de março de 2013
O GRITO ANIMAL
Para esta gente sou um senhor simpático e respeitável que se ocupa do estudo e da escrita. Um professor, um historiador, um escritor tímido que raramente fala com alguém. Mal sabem eles os vulcões e explosões que se dão dentro de mim. Mal sabem eles como sou diferente deles, como acho ridícula a vida que "vivem", sempre preocupados com o conforto e a segurança, sempre cheios de medo do papão. Não ouço falar de política nesta aldeia. Esta aldeia é uma pasmaceira. Vá lá que me permite trabalhar, desenvolver as minhas ideias, as minhas teses. Não tenho razões de queixa nesse aspecto. Mas, de facto, sou diferente desta gente. Vá lá que, de vez em quando, aparecem umas beldades para me despertar. Contudo, não posso falar com elas. Não posso expor a minha filosofia. Não posso mostrar quem sou. Serei o último dos homens? Certamente que não, há outros que pensam, que elaboram teorias. No entanto, esta prolongada estadia na aldeia coloca-me à beira da explosão. É o tal grito animal de que fala o Serguilha. É o louco impaciente no meio da normalidade. É o homem que percorre galáxias à mesa da confeitaria. É o louco divino que faz o poema.
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