domingo, 15 de março de 2009

NOITE FORA


Ontem andei noite fora. Cerveja após cerveja sem parar. Já não fazia isso a algum tempo. VI-me com algum cacau nos bolsos e pronto. Vi as mulheres insinuarem-se. Vi o jogo dos olhares. Noite fora. Alguns amigos e amigas. Falar com eles, ficar calado, depois deixá-lo. Ser o gajo que dança. Na minha. Dançar ao som da música. Vadiar. Encontrar este e aquela. Vender livros. Andar à solta pela cidade. Sem horas. Deixar a vida correr. NOite fora. COmo um dandy. Um libertino contra a corrente. Que vai apresentar os seus manifestos ao Gato Vadio. Houve diálogo, participação. A coisa correu bem. Rasguei a nota em público. Estou bem. As empregadas da "Motina" cirandam e riem. Ontem andei noite fora. Estoirei o dinheiro todo e não estou arrependido. A Cláudia que me desculpe. Apesar de ter as minhas depressões, houve sempre noites em que pus à prova os meus limites. Há um livro novo. Há uma namorada(não sei até quando ela me vai aturar...). Ofereci um livro a um jornalista do "Jornal de Notícias" que tinha escrito sobre mim. Fiz bem, já diz o Oliveira. O que interessa é que a coisa corre. Noite fora. Até presto mais atenção às conversas. Porque raio me hei-de diminuir perante os outros? Há sempre os que se safam sempre. Não pertenço a essa tribo. O rapaz pede as guloseimas. E eu escrevo. Estou condenado a escrever. Mas hoje escrevo com vontade. O que importa é manter o ritmo. E dizer umas coisas sobre as gajas. As gajas ontem na "Tendinha" apareciam por todos os lados. Carne que se dá e se mistura. Sou o poeta. O poeta que escreve e está só ao fundo da confeitaria. Sou o poeta que observa e anda noite fora. Bebo cerveja após cerveja, sem parar. A Gotucha liga e eu quase não consigo ouvir por causa do barulho da multidão à porta do "Piolho". A rádio passa música melada. E eu continuo a escrever porque não consigo fazer outra coisa. Não tenho conseguido escrever aquelas coisas com piada, que fazem rir a audiência. Mas que se foda! O que importa é que continuo a escrever. Passei uns dias em que não saía nada. Sou o poeta que observa as empregadas de amarelo. Vão-me convidando para ir a uns lados. Só é pena que o Rocha tenha deixado de ser meu amigo. Coisas do Rocha. Também não vou andar a mendigar. O Rocha que fique sozinho com as suas análises sociológicas. O Rocha é um egoísta. O Rocha é um preconceituoso. Raios partam o Rocha! Que fique com todos os futebóis e todas as tácticas! Ó Rocha, tu não me fazes falta nenhuma! Apesar de tudo, tenho saudades tuas, ó técnico. O meu livro fala de ti mas já não to dou. Sinto uma estranha alEgria. Uma sensação de dever cumprido. Apetece-me saltar, dançar, dar berros de contentamento. Hoje o dia começou tarde. Mas sinto-me realmente bem. Apetece-me rasgar notas. E lá entra a Maria. Aproximam-se as horas do fecho. A música puxa por mim. Estou cheio de speed. Quem diria. As depressões estão a conhecer estranhas variações. Cumpri uma semana exigente. É claro que há sempre quem discorde das minhas posições acerca do dinheiro, do mercado e da economia. Há sempre uns merceeiros e uns economistas. Morte à economia! Merda de praga que está por todo o lado. Ontem andei noite fora. Hoje escrevo. Sinto-me bem mesmo estando sozinho. Há uns tempos que não me sentia assim. Nietzsche está em mim. Digo sim à vida, aos afirmadores da vida, aos que têm o sentido da Terra. Afastai-vos profetas da morte, economistas! Vós que trazeis a linguagem do servilismo, das décimas, das estatísticas. Vós que provocais a crise com o vosso jogo das bolsas. Vós que sois o absurdo.

PCTP/MRPP

1. As medidas que se impõem na presente crise dificilmente podem ser impostas num só país, exigindo a mobilização e a organização dos trabalhadores à escala europeia;

2. Todo o edifício jurídico e legislativo em que assenta a União Europeia está posto em causa pela presente crise, pelo que, mesmo numa perspectiva imediata e reformista, não faz sentido condicionar as propostas de solução dessa mesma crise às normas europeias em vigor.

No que respeita às eleições legislativas, a participação do PCTP/MRPP nestas eleições, como, aliás, em todas as batalhas eleitorais sob democracia burguesa, terá, acima de tudo de traduzir-se numa forte e consistente campanha política que contribua fundamentalmente para elevar o nível de consciência política das massas, com base numa clara linha demarcação entre os programas e as pretensões meramente eleitoralistas de repartição da gamela do poder por parte dos partidos parlamentares e um programa político autónomo dos trabalhadores, dos verdadeiros democratas, de todos aqueles a quem é negada a liberdade de gritar e organizar a sua revolta e que não se revêem no oportunismo, na demagogia e na traição do partido do poder e dos que lhe têm servido de capacho.

Importará, antes de mais, confrontar sem ambiguidades o Governo de Sócrates com a verdadeira natureza de governo do bloco central que assumiu desde o primeiro minuto após a sua tomada de posse e que todos os partidos ditos de oposição de esquerda se recusaram a atribuir-lhe.

E isso significa evidenciar que, para além das promessas já previsivelmente não cumpridas, este Governo do PS tomou todas as medidas que mais interessavam aos capitalistas para resolver a crise a seu favor, erigindo como objectivo sacrossanto a redução cega do défice orçamental, no caso, para se mostrar um bom lacaio das burguesias imperialistas europeias.

Não foi apenas no domínio da economia e no campo social - onde se destacou a aprovação de um código do trabalho ainda mais retrógrado que o de Bagão Félix - que a maioria absolutista da direita ostentou o seu reaccionarismo.

É que não se pode escamotear e perdoar a vergonhosa e abjecta posição do governo Sócrates de recusar-se a submeter a referendo popular o chamado tratado de Lisboa, logo após a histórica vitória do Não do povo irlandês, e do total alinhamento, a exemplo do seu "porreiraço" amigo Barroso, com a política imperialista e agressora de Bush na invasão do Iraque e a descarada violação das mais elementares regras do direito internacional por parte dos EUA.

Com base no balanço da actuação anti-popular do governo, o Partido rejeita qualquer maioria absoluta do PS, que equivaleria a um aprofundamento inevitável da pobreza do povo e da liquidação das liberdades democráticas.

Finalmente, o Partido está numa posição privilegiada - à vista do que anunciam os restantes partidos que disputam o nosso eleitorado - para demonstrar que esta crise é a crise do sistema de exploração capitalista, que as crises do sistema capitalista não são uma fatalidade com que os trabalhadores e o povo se têm de conformar e, muito menos - como alguns propugnam -, ajudar a superar, e que elas só deixarão de repetir-se, bem como a inerente destruição maciça das forças produtivas e o cortejo de despedimentos e miséria, se os trabalhadores dela souberem retirar os devidos ensinamentos, em termos ideológicos e organizativos.

Em termos de objectivos eleitorais, para além de um aumento substancial da votação no Partido, bater-nos-emos pela eleição de um deputado que faça do Parlamento uma verdadeira tribuna de defesa e organização dos explorados e oprimidos.

Finalmente, o PCTP/MRPP, tendo decidido participar nas eleições autárquicas, discutiu as bases programáticas fundamentais do mandato popular para as autarquias que se propõe defender, reafirmando a sua oposição às tentativas de impor a regionalização já rejeitada por referendo.

Pela justa apreciação feita pelo Partido sobre a situação política actual, encontram-se claramente excluídas do horizonte quaisquer plataformas de entendimento com o partido do Governo e a sua política de direita.

Lisboa, 8 de Março de 2009

A Comissão de Imprensa

do PCTP/MRPP

sexta-feira, 13 de março de 2009

NA PRIMEIRA PESSOA: DA CARLA BENTO


António Pedro Ribeiro é uma longa história de actos revolucionários. Poeta e fundador do Partido Surrealista Situacionista Libertário, no Porto, acredita numa nova “ ordem “ mundial, no homem que explora as suas capacidades máximas, o homem deus. Assume se como anti capitalista e tem sempre uma palavra anti a dizer quanto a uma sociedade moralista e moralizador. Imaginação ao poder!! Já !
1. Quais as linhas gerais do Partido Surrealista Situacionista Libertário? O Partido Surrealista Situacionista Libertário (PSSL) opõe-se à vidinha do rebanho, previsível, rotineira, sem interesse de todos os dias. O PSSL opõe-se à não-vida do mercado, da economia, do dinheiro, do lucro, do governo, do défice, das décimas, das percentagens. O PSSL recusa que o homem se reduza à condção de número, de mercadoria, de objecto de compra e venda, o PSSL abomina a troca mercantil "que emporcalha as relações humanas". O PSSL quer silenciar o discurso assexuado dos economistas. O PSSL acredita no amor, na liberdade e na poesia como forças inaugurais de um mundo onde o homem seja criador, deus, poeta. O PSSL acredita na vida autêntica, plena, divina tornada banquete permanente, onde sejamos profetas e afirmadores da vida. O PSSL quer acrescentar caos ao caos actual de forma a atingir a revolução. O PSSL entende que a culpa da crise do capitalismo é do próprio capitalismo e que, portanto, é preciso derrubá-lo mas sem as tácticas eleitoralistas dos partidos e organizações tradicionais que apenas contribuem para o reformar. O PSSL não acredita em transições pacíficas para o socialismo nem para o anarquismo por isso defende a revolta permanente.

2. O apedro é exemplo desse inconformismo... tem uma longa história de actos revolucionários . Como foi quando foi a ocupação do Feira Nova de Braga? A história da ocupação do Feira Nova de Braga aconteceu em Setembro de 1990. Eu, na altura, colaborava com um jornal chamado "Minho" que teve uns problemas com o hipermercado Feira Nova e então o director pediu-me para escrever qualquer coisa contra o hipermercado. Em vez disso saí de casa com uma faca de plástico no bolso e, através do jornal, comecei a distribuir panletos anti-consumistas à porta do hipermercado. Entretanto, as rádios ou os jornais locais anunciaram que o Che Guevara tinha mandado fechar o Feira Nova. Havia pessoas a fugir de mim na rua e os velhotes faziam-me continência. Na altura, eu era contra o consumismo e contra o monopólio dos hipermercados. Outra história interessante aconteceu em 2003 quando fui acusado de deitar abaixo a estátua do major Mota na Póvoa de Varzim. O major Mota tinha sido presidente da Cãmara no tempo da ditadura e eu comecei a distribuir panfletos a dizer que a estátua era um insulto ao 25 de Abril. Meses depois a estátua foi derrubada e eu e a Frente Guevarista Libertária fomos acusados de a deitar abaixo. Eu tinha escrito um mail a dizer que a estátua ia cair e dois dias depois caiu mesmo. Nunca se soube quem foi mas eu fui interrogado pela Judiciária.3. Dás a entender que não vivemos numa democracia efectiva... a "máquina-sistema" não te parece ser muito pesada ?

Pela tua lógica, o derrube das réstias do fascismo, os países bascos já seriam independendes à muito tempo ... foram invadidos no tempo de franco... O padre Mário de Oliveira disse me uma vez que a revolução de abril nao tinha chegado ao seio da igreja católica onde predominavam réstias de fascismo ... "um homem máquina acorrentado?"
Vivemos na democracia da vidinha. Na democracia da compra e venda. O deus-dinheiro substituiu o Deus de Nietzsche. É um deus que afasta a vida, que converte tudo em mercadoria. É um deus que tem os seus prfetas que pregam estatísticas, percentagens, défices, orçamentos. Tudo isso é morte, é vidinha, não é a verdadeira vida. O fascismo está em todo o lado, não é só no País Basco (aí talvez seja mais evidente). Como dizia Nietzsche, tem de nascer um novo homem, sem preconceitos, livre, capaz de substituir o sub-homem da sub-vida, da vidinha. Há que derrotar todos os servilismos, todo o espírito do rebanho. Para isso é necessária uma revolução global, espiritual, não apenas política ou económica.

4. Imagina, os Estados Unidos sao o primeiro país a declarar se defensores dos direitos do homem e ainda perseguem comunistas. Onde está a liberdade de expressão? O Estado serve para alimentar os tais "carneiros" ... achas possível uma anarquia num futuro brilhante para a humanidade? Os Estados Unidos não são exemplos para ninguém. Nem acredito que Obama melhore as coisas por aí além. Quem manda nos Estados Unidos são os grandes grupos económicos que só estão interessados em lucros astronómicos, os generais e a indústria de guerra. São interesses que nada têm a ver com direitos humanos.Eu tenho que acreditar no anarquismo. Se ele é possível em pequena escala também poderá ser possível ao nível da humanidade. é precisa a tal revolução dionisíaca, é preciso acreditar no amor, na liberdade, na revolução e também no caos. Isto não é acreditar no amor de forma ingénua como as religiões ou os "hippies". É dar caos ao caos. Ir para a rua partir os bancos e a bolsa que nos oprimem, partir coisas como há pouco tempo se fez na Grécia. A revolta é necessária para chegar onde queremos.

5. Defendes uma nova ordem ... revolucionária. não achas que vivemos em pseudo democracias? Nao achas que se deturpou Abril de 74?
Não sei se é uma ordem. Acho que não gosto muito da palavra. Acredito na revolução mas não tenho de apresentar sistemas alternativos. Vivemos em democracias de rebanho. O 25 de Abril ficou por se completar. Houve aquela esperança em 1974/75 mas depois veio a normalização.

Já alguma vez te candidataste à liderança de uma instituição?
Já me candidatei à presidência da Junta de Vila do Conde e à Junta da Póvoa de Varzim pelo Bloco de Esquerda, onde fiquei a três votos de ser eleito mas, se calhar, ainda bem que não fui. Já fui candidato a deputado pelo PSR por Braga e várias vezes candidato à presidência da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras do Porto, sempre em listas minoritárias. Ganha-se uma certa notoriedade, podem-se discutir umas ideias mas os partidos controlam muito, especialmente o Bloco de Esquerda. No PSR era mais livre e espontâneo.

Carla Bento.
http://voodooexperience.blogspot.com
C.

quinta-feira, 12 de março de 2009

NIETZSCHE


Nietzsche. Que me dás a volta à cabeça. Que me advertes contra a populaça que só pensa no seu próprio sustento, que odeia tudo quanto é nobre e livre, que tem em si o espírito do rebanho. NIetzsche. Que me falas dos profetas da morte, daqueles que apelam à vidinha e a servilismo, que odeiam as pulsões vitais e a alegria. Nietzsche. Que dizes que o querer liberta, porque querer é criar e o espírito livre é o espírito que cria. Nietzsche que criticas o espírito merceeiro e os moedeiros. Que me dás a volta à cabeça.

Estou, de novo, no "Orfeuzinho"
logo tenho o lançamento do livro
espero que os meus amigos e amigas compareçam
as gajas levantam-se
e a TV fala de futebol.

quarta-feira, 11 de março de 2009

MANIFESTOS

Poesia - Manifestos por A.Pedro Ribeiro na livraria-bar Gato Vadio (dia 14 às 18h.)

Poesia – Manifestos
por A. Pedro Ribeiro

Apresentação a cargo de A. Da Silva. O

Sábado, dia 14 de Março, 18h

Gato Vadio

Entrada Livre
Rua do rosário, 281 – Porto
telefone: 22 2026016
email: gatovadio.livraria@gmail.com

http://gatovadiolivraria.blogspot.com/



“Nestes tempos de crise das bolsas, dos bancos, dos negócios, nestes tempos de falência, de desemprego em massa, em que a vida perde o seu valor, a mensagem de Nietzsche e de Jim Morrison ganha uma actualidade única. Ao homem-mercadoria, ao homem-percentagem, ao homem-número, ao homem vencido, há que opôr o homem criador, o homem que diz sim à vida, não à vidinha da submissão, não à vidinha da rotina, não à vidinha do rebanho, mas sim à vida plena, à vida alegre, à vida autêntica. É possível passar do sub-homem ao super-homem se acreditarmos que, como disse Jim Morrison, isto não passa de um jogo, de um jogo imbecil. Se num desafio de futebol um jogador, uma estrela qualquer, decidir, de repente, pontapear a bola para fora e, pura e simplesmente, abandonar o campo toda a gente vai dizer: ponham esse palhaço na rua! Mas ele responde: ora, isto não passa de um jogo, da merda de um jogo, não sei porque lhe dão tanta importância. E o que temos de fazer é isso: abandonar o jogo, deixar que façam de nós escravos, imbecis. Temos de fazer alguns sacrifícios, seguir a nossa via ("solitário, segue o caminho que conduz a ti mesmo", diz Nietzsche), descurar a sobrevivência, abandonar a máquina mas o ganho será muito superior: tornar-nos-emos livres, poetas, filósofos, super-homens. Temos de nos juntar, fazer a revolução, mas não uma mera revolução política como a de 1917, como a de 25 de Abril, uma revolução global do espírito, das consciências. Teremos de ser até algo irracionais contra a pretensa racionalidade das bolsas, dos bancos, das empresas, da economia. TEmos de derrubar todos os governos. Destruir para construir. Começar do zero. Não ouçamos os jogos eleitoralistas e tácticos dos partidos políticos, dos sindicatos e das outras organizações. Sejamos nietzscheanos, morrisonianos. Punhamos à prova os limites da realidade. SEjamos doidos! Sejamos poetas! Superemos o homem, superemos o real. Construamos a vida. Sejamos afirmadores da vida. Afastemos a morte! Afastemos Deus, o capital e o dinheiro! Brindemos a Dionisos. Construamos o Céu na Terra, o Paraíso na Terra. O mundo é nosso. Não há regras. Não há limites. Queimemos o dinheiro! Queimemos a economia! Calemos para sempre os economistas. Sejamos, como disse Nietzsche, "decifradores de enigmas". Tornemo-nos deuses em vez de carneiros. Demos caos ao caos.”
A. Pedro Ribeiro

segunda-feira, 9 de março de 2009


Regresso ao "Orfeuzinho"
o puto olha para mim
o sol brilha lá fora
a romena pede esmola
e eu penso no estado
em que poderei ficar
daqui a uns anos

tenho saudades do Rocha
coitado do Rocha!
Sempre sozinho
por onde andará aquele
comentador do quotidiano,
aquele analista social?
Não atende o telefone
tripou com o baiano
coitado do Rocha!
Sempre sozinho.

QUEIMAI O DINHEIRO!


"QUEIMAI O DINHEIRO!" DE A. PEDRO RIBEIRO



O livro "Queimai o Dinheiro!" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser lançado na próxima quarta, dia 11, pelas 23,30 h, no no bar Púcaros (à Alfãndega) no Porto. O evento conta com a presença do autor, do editor Ricardo de Pinho Teixeira e do diseur Luís Carvalho. A. Pedro Ribeiro é autor dos livros de poesia "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007) e "À Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001). Nasceu no Porto em Maio de 1968. "Queimai o Dinheiro!" fala de uma sociedade onde o dinheiro se tornou no deus supremo, onde o homem é reduzido a uma mercadoria que se compra e vende no mercado, onde reina a mentalidade do rebanho.

domingo, 8 de março de 2009

ZARATUSTRA


Que felicidade ainda estar vivo e ler "Assim Falava Zaratustra" de Nietzsche. Nunca houve livro que me empolgasse tanto. Nunca nenhum livro me deu assim a volta à cabeça. A sabedoria não está, de facto, na praça pública, entre os merceeiros e os moedeiros. A sabedoria está em ZAratustra. É no seu canto que acredito. Não quero saber da felicidade da maioria, nem do homem da maioria, da média, mas sim dos espíritos livres. Há um mundo que existe aqui. Um mundo de experiências, aventuras, um mundo de criadores. É esse o mundo que eu quero. É essa a minha vontade. E a minha vontade está acima de tudo. Homem livre, abandona o rebanho! Homem livre, torna-te naquele que és! Homem livre, deixa o mundo mesquinho da economia, do mercado, das mercadorias, das percentagens! Homem livre, canta! Canta a vida, não cantes mais a morte! Nietzsche é o teu poeta. O poeta que traz a luz, que te aquece o coração. Homem livre, nunca deixes de ser tu mesmo.

quinta-feira, 5 de março de 2009

O POETA QUE BEBE E ESCREVE


Volto ao "Piolho"
e bebo à minha
saiu-me um peso dos ombros
estava a ver que ia car
mas afinal não
a confiança regressa
tal como a prosa
apesar de hoje não ter amigos
no "Piolho"
há gajas bonitas de boné
brindo à vossa
estou, de novo, em estado de graça
já não vou para a cama cedo
nem passo a tarde a dormir
a vida chama
e a cerveja vem
vou ao "Púcaros"
cantar a boa nova
estou novo, como diz o barbeiro,
e pronto para outra
que está a sair
-diz o empregado
que desliza pelo café-
e há quem peça águas
quem leve vida regrada
e se levante cedo
e se deite cedo
quem não vai aos bares
beber como eu
e tudo gira em torno de mim
as estudantes bebem fardadas
acho que começo a apreciar mais
esses rituais
afinal de contas, não perdi nada
nem devo nada a ninguém
sou o poeta que bebe e escreve
aquilo que vem à cabeça
aquilo que desliza na veia
aquilo que não passa na TV
sou o poeta que bebe e escreve
às vezes os jornais
vêm ter comigo
saber de mim
contar as histórias
que andam por aí
sou o poeta que bebe e escreve
não sou menos do que tu
nem mais
apenas o gajo que anda por aí
sou o poeta que bebe e escreve
cortei as barbas e os cabelos
o barbeiro cada vez gosta mais
de mim
e a cerveja está no fim
não há cacau para mais
e ainda é cedo
para ir ao "Púcaros"
tenho de continuar aqui
o que importa é que passei
esta crise
e a palavra sai.
No "Orfeuzinho" as senhoras conversam
e eu vou-me tornando um habitué
um cliente que olha para as garrafas expostas
um poeta que vai perdendo a veia
apesar de ter um livro novo pronto
apesar da menina gostar dele.

terça-feira, 3 de março de 2009

SUBLIME


Uma vontade doida
de derrubar prisões,
depressões, preconceitos
uma vontade nietzscheana
de ma rir nas vossas caras
imponente, livre, único,
criador
sair da confeitaria aos berros
assustar as velhas
já nada no mundo me surpreende
encontrei o sublime.

LOUÇÃ E A BOA NOVA


LOUÇÃ E A BOA NOVA
António Pedro Ribeiro

O Louçã tem razão acerca de quase tudo quanto diz sobre o Governo. No que toca ao desemprego, aos bancos, aos salários baixos. Louçã tem-se tornado uma espécie de profeta, de pregador que o povo ouve com redobrada atenção. Louçã parece infalível.
Também nós nos deveríamos converter numa espécie de pregadores. Não nascemos para trabalhar mas para pregar a Boa Nova, escrevemos já algures. Mas não temos de saber todos os pormenores técnicos como o Louçã. Nem queremos alcançar o poder como o Louçã. Devemos apenas dizer que há uma diferença de vida e de morte entre a sociedade mercantil e aquilo que desejamos. Que os economistas e os governos pregam a morte alicerçada em percentagens e estatísticas enquanto que nós falamos a linguagem da poesia, do amor, da liberdade. Contra a economia e o mercado propomos o espírito livre de Nietzsche, contra a sobrevida ou subvida ou sub-homem propomos a vida e o super-homem. Eis o que nos distingue do Louçã.

segunda-feira, 2 de março de 2009

No "Orfeuzinho" só se fala no Ronaldo e nas taças do Ronaldo. Nada mais há a dizer.

domingo, 1 de março de 2009

O GAJO QUE ESCREVE


Acabou-se a etapa que se iniciou em Agosto com a Gotucha. Mais uma fase de trevas. Valha-me a cerveja. A escrita não sai célere, automática. Fico preso de movimentos. A. ofereceu-me um livro do Alberto Pimenta que mo autografou. Mas não fui capaz de dizer palavra ao poeta. O poeta panfletário perde a pica. E daqui a duas semanas tenho de apresentar os manifestos. E daqui a semana e meia tenho de apresentar o livro. Como irei estar? As perspectivas não são as melhores. Mas é preciso acreditar no homem. É preciso acreditar na palavra. Dar a volta ao texto. Cagar para o ministro das Finanças. QUeimar as notas. Gozar com a crise. Saborear a cerveja. Gritar. Gritar loucamente. Escrever versos flipados. Deixar correr o marfim. Estou em Braga, é Agosto, a Gotucha aguarda-me em casa. Estou em Braga, é Agosto, escrevo no café o que me vem à cabeça. Estou em Braga, é Agosto, liberto-me de um longo sufoco. Estou em Braga, é Agosto, vadio pela cidade. Estou em Braga, é Agosto, encontro o Luxúria Canibal na "Brasileira". Sento-me à mesa dele, converso. Deixo correr o marfim. Estou no Porto, é Março, e fui ver o Pimenta. A. apareceu mas teve de ir embora mais cedo. Prometeu que vem no dia 14 aos manifestos. A euforia veio há dois meses. Também estava em Braga com a Gotucha. Comecei a imaginar coisas. A alucinar. A estadia em Amarante com a Carlinha retardou a crise. Qual grande escritor! Sou apenas um gajo que escreve umas notas no caderno, uns desabafos, um gajo que anda por aí. Não tenho nada de grande. Sou apenas mais um gajo que escreve, entre tantos outros.