O bêbado adormece à mesa da confeitaria
eu leio o grande Ezra Pound
e descubro o poeta-irmão
o bêbado acorda
e eu tenho as unhas compridas
preciso comprar um caderno novo
para escrever.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
LUIZ PACHECO

A LUIZ PACHECO
A. Pedro Ribeiro
Evocar Luiz Pacheco é dizer não à vidinha deprimente de todos os dias que faz vencidos, vendidos e convertidos ao império do tédio, do dinheiro, do consumo e do mercado. Evocar Luiz Pacheco é denunciar as capelinhas e as honrarias literárias. É celebrar a liberdade, o espírito livre, que se coloca à margem, que caga nos políticos postiços, nos moralistas de esquerda e de direita. É dizer que é possível dizer não à norma e às convenções, à merda instituída através da via libertina e libertária de Sade ou de Henry Miller. É acreditar que a provocação e a subversão constantes revelam o homem autêntico, generoso, puro. É celebrar o grande escritor, a literatura que se confunde com a vida. É dizer que a vida não é a vidinha, que há um espaço dentro do homem onde a liberdade é livre.
domingo, 6 de janeiro de 2008
AS MENINAS E OS POEMAS

Voltei a oferecer poemas
às meninas dos cafés
as meninas bonitas
merecem poemas
mesmo que só te agradeçam
e a coisa não dê em mais nada
Não tenho de me armar
em poeta consagrado
autor de seis livros
distante, inacessível
Até porque o gesto
de oferecer poemas
dá origem a outros poemas
É certo que já tenho 39 anos
e estou cheio de cabelos brancos
mas ainda não estou velho
Vou continuar a oferecer poemas
às meninas bonitas
nos cafés.
Padeirinha, 6.1.2008
LUIZ PACHECO
Reacções à morte do escritor
Espírito crítico e irreverência de Luiz Pacheco elogiados
06.01.2008 - 13h45 Lusa, PUBLICO.PT
Irreverência, liberdade crítica e capacidade de “destruir corrosivamente as convenções” foram três aspectos destacados em Luiz Pacheco pelo investigador de literatura Vítor Aguiar e Silva em declarações à Lusa, hoje, a propósito da morte do escritor.
A morte do escritor e crítico literário Luiz Pacheco está a suscitar reacções de consternação e elogio à irreverência e ousadia da sua obra literária. Aos 82 anos, faleceu ontem à noite, tendo dado entrada já sem vida no Hospital do Montijo.
“Sempre admirei muito em Luiz Pacheco, o seu espírito de irreverência, a liberdade crítica, a capacidade de destruir corrosivamente as convenções, quase sempre mortas já”, disse ainda Vítor Aguiar e Silva.
Era “um espírito que, naquela atmosfera passiva, adormecida, dos anos 50, 60 e ainda 70, trouxe, por vezes com excessos de linguagem, uma lufada de ar novo. Era dos espíritos mais irreverentes deste país”, acrescentou.
Sobre o facto de a obra do falecido escritor ser fragmentada, observou que ele “tinha de ganhar dinheiro aqui e ali – e, porventura, porque a censura não lhe permitiria escrever essa grande obra satírica. Ele é, no fundo, um grande satirista”.
Fusão da literatura com a vida
O professor universitário e ensaísta Manuel Gusmão também lamentou a morte de Luiz Pacheco, considerando a sua obra “escassa, mas bastante interessante”, com destaque para “Comunidade” e “O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor”.
Luiz Pacheco praticou “uma fusão entre a literatura e a vida, o que significa uma espécie de projecto de linhagem romântica, mas de cariz surrealista”, considera Manuel Gusmão, para quem tudo que “tudo o que [o escritor] fez foi marcado, entretanto, por um riso ao mesmo tempo satírico, irónico e auto-irónico”.
Por seu lado, Vítor Silva Tavares, editor que acompanhou durante mais de 40 anos o percurso de vida e literário de Pacheco, realçou o “fulgor anímico, estilístico e estético que marcam o grande escritor que é”.
Silva Tavares foi, então na Ulisseia, o primeiro a editar em livro textos de Pacheco, “Crítica de Circunstância”, que reunia “os estilhaços que estavam dispersos em papelinhos, opúsculos só conhecidos de meia dúzia de pessoas que o admiravam”. E recordou: “Esse livrinho foi de imediato apreendido pela PIDE, o que marca o poder interventivo de Pacheco. Era tudo menos um livro inofensivo”.
Ria-se da morte
O escritor Pedro Paixão, que dedicou um livro a Luiz Pacheco, chama-lhe “mestre querido”, cuja “inteligência era um raio nas trevas deste país adormecido”. Pedro Paixão, que num comentário deixado no site do PÚBLICO, diz ainda que Pacheco se “ria da morte”.
Rui Zink disse, por sua vez, que iorá recordar Luiz Pacheco como "um dos escritores mais importantes do século XX português, um dos grandes estilistas da literatura portuguesa". "Ele é o nosso Jorge Luís Borges, porque, não tendo nada a ver, à partida, com o escritor argentino, escrevendo também sempre textos curtos, escrevendo prosa normalmente com não mais de cinco páginas, dez páginas, marcou as nossas letras", sustentou o escritor.
Leitor de Pacheco desde os "14 ou 15 anos", Zink confessa ter ficado logo então "espantado com o quase-jazz daqueles textos, textos sem fio condutor, com uma espécie de preguiça livre, textos que davam a impressao de serem escritos num jacto". "Não conheço autor português que tenha usado tão bem a informação não partilhada como factor de prazer do leitor", acrescentou.
Luiz Pacheco publicou dezenas de artigos em vários jornais e revistas, incluindo o antigo “Diário Popular” e a “Seara Nova”, e acabou por fundar a editora Contraponto em 1950, onde publicou obras de escritores como Raul Leal, Mário Cesariny, Natália Correia, António Maria Lisboa, Herberto Hélder e Vergílio Ferreira.
Com uma vida atribulada, por vezes sem meios de subsistência para sustentar a família, Luiz Pacheco chegou a viver situações de miséria que ia ultrapassando à custa de esmolas e donativos, hospedando-se em quartos alugados e albergues. Foi nesse período difícil da sua vida que se terá inspirado para escrever o conto “Comunidade” (1964), que muitos consideram ser a sua obra-prima.
Espírito crítico e irreverência de Luiz Pacheco elogiados
06.01.2008 - 13h45 Lusa, PUBLICO.PT
Irreverência, liberdade crítica e capacidade de “destruir corrosivamente as convenções” foram três aspectos destacados em Luiz Pacheco pelo investigador de literatura Vítor Aguiar e Silva em declarações à Lusa, hoje, a propósito da morte do escritor.
A morte do escritor e crítico literário Luiz Pacheco está a suscitar reacções de consternação e elogio à irreverência e ousadia da sua obra literária. Aos 82 anos, faleceu ontem à noite, tendo dado entrada já sem vida no Hospital do Montijo.
“Sempre admirei muito em Luiz Pacheco, o seu espírito de irreverência, a liberdade crítica, a capacidade de destruir corrosivamente as convenções, quase sempre mortas já”, disse ainda Vítor Aguiar e Silva.
Era “um espírito que, naquela atmosfera passiva, adormecida, dos anos 50, 60 e ainda 70, trouxe, por vezes com excessos de linguagem, uma lufada de ar novo. Era dos espíritos mais irreverentes deste país”, acrescentou.
Sobre o facto de a obra do falecido escritor ser fragmentada, observou que ele “tinha de ganhar dinheiro aqui e ali – e, porventura, porque a censura não lhe permitiria escrever essa grande obra satírica. Ele é, no fundo, um grande satirista”.
Fusão da literatura com a vida
O professor universitário e ensaísta Manuel Gusmão também lamentou a morte de Luiz Pacheco, considerando a sua obra “escassa, mas bastante interessante”, com destaque para “Comunidade” e “O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor”.
Luiz Pacheco praticou “uma fusão entre a literatura e a vida, o que significa uma espécie de projecto de linhagem romântica, mas de cariz surrealista”, considera Manuel Gusmão, para quem tudo que “tudo o que [o escritor] fez foi marcado, entretanto, por um riso ao mesmo tempo satírico, irónico e auto-irónico”.
Por seu lado, Vítor Silva Tavares, editor que acompanhou durante mais de 40 anos o percurso de vida e literário de Pacheco, realçou o “fulgor anímico, estilístico e estético que marcam o grande escritor que é”.
Silva Tavares foi, então na Ulisseia, o primeiro a editar em livro textos de Pacheco, “Crítica de Circunstância”, que reunia “os estilhaços que estavam dispersos em papelinhos, opúsculos só conhecidos de meia dúzia de pessoas que o admiravam”. E recordou: “Esse livrinho foi de imediato apreendido pela PIDE, o que marca o poder interventivo de Pacheco. Era tudo menos um livro inofensivo”.
Ria-se da morte
O escritor Pedro Paixão, que dedicou um livro a Luiz Pacheco, chama-lhe “mestre querido”, cuja “inteligência era um raio nas trevas deste país adormecido”. Pedro Paixão, que num comentário deixado no site do PÚBLICO, diz ainda que Pacheco se “ria da morte”.
Rui Zink disse, por sua vez, que iorá recordar Luiz Pacheco como "um dos escritores mais importantes do século XX português, um dos grandes estilistas da literatura portuguesa". "Ele é o nosso Jorge Luís Borges, porque, não tendo nada a ver, à partida, com o escritor argentino, escrevendo também sempre textos curtos, escrevendo prosa normalmente com não mais de cinco páginas, dez páginas, marcou as nossas letras", sustentou o escritor.
Leitor de Pacheco desde os "14 ou 15 anos", Zink confessa ter ficado logo então "espantado com o quase-jazz daqueles textos, textos sem fio condutor, com uma espécie de preguiça livre, textos que davam a impressao de serem escritos num jacto". "Não conheço autor português que tenha usado tão bem a informação não partilhada como factor de prazer do leitor", acrescentou.
Luiz Pacheco publicou dezenas de artigos em vários jornais e revistas, incluindo o antigo “Diário Popular” e a “Seara Nova”, e acabou por fundar a editora Contraponto em 1950, onde publicou obras de escritores como Raul Leal, Mário Cesariny, Natália Correia, António Maria Lisboa, Herberto Hélder e Vergílio Ferreira.
Com uma vida atribulada, por vezes sem meios de subsistência para sustentar a família, Luiz Pacheco chegou a viver situações de miséria que ia ultrapassando à custa de esmolas e donativos, hospedando-se em quartos alugados e albergues. Foi nesse período difícil da sua vida que se terá inspirado para escrever o conto “Comunidade” (1964), que muitos consideram ser a sua obra-prima.
TROFA
Sou poeta
escrevo versos
e o comboio
a caminho
da Trofa
terra da minha infância
sou poeta
escrevo versos
nos vidros, nas escadas
nas paredes, nas caras
em todo o lado.
3.1.2008
escrevo versos
e o comboio
a caminho
da Trofa
terra da minha infância
sou poeta
escrevo versos
nos vidros, nas escadas
nas paredes, nas caras
em todo o lado.
3.1.2008
BRASILEIRA

Venho à "Brasileira"
e tu não sais da cama
a cidade sai à rua
e tu não sais da cama
as pessoas saúdam-me
mas os meus amigos
já não estão
os casais reúnem-se
e os amigos já não estão
sou um poeta
nada mais do que um poeta
escrevo poemas
e comporto-me civilizadamente
Venho à "Brasileira"
e não se fuma
Braga é a mesma
mas os meus amigos já não estão
bebo cerveja
e tu nunca vens comigo
gostava de voltar a morar aqui
independentemente de ti
esta é a minha cidade
será sempre a minha cidade
a cidade que me inspira
a cidade que me faz sentir em casa
a cidade que sorri
mas tenho de voltar a ti
porque te amo
porque te preocupas comigo
porque ainda estás comigo
e vais deixar de estar amanhã
sou um poeta
definitivamente poeta
escrevo poemas
e vivo na corda-bamba.
Cai a noite
e volto para ti.
A LUIZ PACHECO, ESCRITOR MALDITO

Morte de Luiz Pacheco foi "perda irrecuperável", diz João Pedro George
06.01.2008 - 02h16 Lusa
A morte do escritor e crítico literário Luiz Pacheco constitui "uma perda irrecuperável", disse hoje à agência Lusa o professor universitário João Pedro George, que considerou o escritor um "tipo humano singular e irrepetível".
Em declarações à agência Lusa, João Pedro George - que está a fazer a tese de doutoramento sobre a biografia do escritor e crítico literário - disse lamentar "imenso" a morte de Luiz Pacheco, que considerava um "amigo pessoal", um "tipo humano singular e irrepetível" e não "um exemplar em série como acontece normalmente".
Luiz Pacheco, que chegou a ser conhecido como "um escritor maldito", fez da crítica a maneira de estar na literatura e da literatura o estar, referiu.
"Sinto a morte de Luiz Pacheco de uma forma muito profunda, já que o considerava um amigo pessoal e é quase como se o conhecesse intimamente", acrescentou João Pedro George.
A nível literário, João Pedro George considerou que com o desaparecimento de Luiz Pacheco "se perde um escritor como não voltará a existir outro".
Sublinhou ainda que o projecto literário de Luiz Pacheco foi "indissociável" da sua vida, razão por que é difícil perceber um sem que se entenda a outra.
"Era uma personalidade que poderíamos considerar excêntrica, que sempre que abria a boca nunca se sabia o que ia dizer, mas era um ser humano único", frisou.
João Pedro George acrescentou que há "vários anos" que estuda a vida e obra de Luiz Pacheco, pelo que a vida do escritor tem "estado quase diariamente presente" na sua vida nos últimos anos.
"O crocodilo que voa" é o título do livro de João Pedro George, que sairá ainda este mês pela Tinta da China e que reúne as últimas entrevistas dadas por Luiz Pacheco.
sábado, 5 de janeiro de 2008
MANIFESTOANTI-TELES

O Teles estuda com método
O Teles é um aluno aplicado
O Teles tem horas certas
para se levantar, para se deitar
e para estudar
O Teles é um caso de sucesso
Morra o Teles! Morra! Pim!
O Teles tem uma carreira
O TEles trabalha com método
O Teles não apanha bebedeiras
O Teles não sai dos trilhos
O Teles está nos antípodas
do Rocha e do Ribeiro
O Teles é um antílope
O Teles anda sempre controlado
O TEles é disciplinado
O Teles nunca falta ao trabalho
O Teles é um caso de sucesso
Morra o Teles! Morra! Pim!
O Teles está feito com o sistema
O Teles nunca tem um problema
O Teles é um dilema
O Teles está no poema
O Teles é uma borboleta
O TEles é uma marioneta
O TEles é uma avioneta
O Teles vai lá das canetas
O Teles é um maneta
O Teles bate uma punheta
O TEles é um esteta
O Teles é um personagem
de opereta
O Teles é um caso de sucesso
Morra o Teles! Morra! Pim!
O Teles é um burguês
O TEles é um gato maltês
O Teles anda sempre direitinho
O TEles está feito com o povinho
O TEles subiu a pulso
O TEles é eunuco
O TEles suou atrás do canudo
O TEles enganou meio mundo
O Teles nunca vai ao fundo
O TEles é politicamente correcto
O Teles nunca foi insurrecto
O Teles é um matreco
O Teles fala em dialecto
o Teles é o aluno predilecto
O TEles acende a tocha
O Teles nunca se deu com o Rocha
O TEles é o maior
O TEles não conhece a dor
O Teles foi ao cu ao professor
O TEles não escreve poemas
O Teles nunca esteve em Atenas
O TEles é um chato
O Teles é um pato
O TEles tem óptimas notas
O Teles anda de fatiota
O TEles não tem sexo
O TEles é um abcesso
O Teles é um sucesso
Morra o Teles! Morra! Pim!
O TEles não dança
O TEles não tem pança
O TEles nunca se cansa
O TEles é um carreirista
O TEles é um oportunista
O TEles dá-se bem com
os capitalistas
O TEles saúda-me
O TEles tem bom coração
O TEles é um cabrão
O TEles anda de pastinha na mão
O TEles obedece ao Estado
O Teles está em todo o lado
O TEles preenche-me o cérebro
O Teles não gosta dos Doors
O TEles torna o poema interminável
O Teles é reciclável
O Teles é um bom sacana
O Teles é um banana
O TEles nem imagina
o que escrevo acerca dele
O Teles desfila na passerelle
O TEles é um caso de mobilidade
e de ascensão social
o Teles não aparece no Telejornal
O Teles nunca vai às putas
O Teles não participa nas lutas
O Teles não tem depressões
O TEles está ao serviço
dos senhores dos milhões
O Teles é um pateta
Õ Teles não me sai da cabeça
O TEles não vai à bola
O TEles não fala da bola
O TEles é um estratega
O TEles é racional
O Teles tem moral
O Teles nunca se expõe
O Teles põe e dispõe
O Teles tem uma vida mesquinha
O teles come galinha
O Teles acredita no Pai Natal
O Teles nunca esteve num bacanal
O TEles vê o Telejornal
O Teles comenta o Telejornal
O TEles acredita nas notícias
O Teles nunca esteve no Jardim das DElícias
O Teles é o senso comum
O Teles faz pum
O Teles não nos deixa sair daqui hoje
O Teles ilumina-me
O Teles abençoa-me
O TEles não gosta de rock n' roll
O Teles só se envolve
quando lhe interessa
O Teles é uma peça
O TEles não tem pica
O Teles não tem piça
O Teles dá-me pica
O Teles é infinito
O Teles não vai ao pito
O Teles é adorado pelo Sócrates
O TEles está entre os deuses
O TEles é funcional
O TEles é capital cultural
O Teles nunca mais acaba
O TEles nunca se gaba
O Teles é comedido
O TEles nunca foi fodido
O Teles adora o Sócrates
O teles masca chiclete
O Teles vai à Rosete
O TEles é um cidadão empreendedor
O Teles é um cidadão cumpridor
e o poema nunca mais acaba
e o Teles nunca mais se enraba
talvez me ponha em Tribunal
talvez se queixe ao Comité Central
Que se foda!
Afinal de contas, não tenho nada a perder
não sou o Teles
talvez seja também burguês,
aristocrata talvez
não tenho de me identificar
com os explorados
não tenho de ser marxista-leninista
nem anarquista-moralista
não tenho de andar a enaltecer o povo
nem o polvo
afinal de contas, é mais propaganda
para o PSSL
precisamos de 5000 filiados
Morra o Teles! Morra! Pim!
Vilar do Pinheiro, 27.12.2007
MANIFESTO ANTI-RIO

MANIFESTO ANTI-RIO
MANIFESTO DO PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO PELA CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À CÂMARA DO PORTO
UM POETA A MIJAR-3
O poeta mijou na àrvore de Natal do Rio
o poeta plantou uma árvore mais alta da Europa
em todas as esquinas da cidade do Rio
o Rio prostitui-se na esquina
O Rio e o La Féria ocuparam o Rivoli
o poeta vomitou, em fúria,
as peças do La Féria
O Rio engoliu o vomitado
e masturbou-se no túnel
o poeta mijou no Rio
o Pai Natal e as renas
enrabaram o La Féria
As renas voaram com o poeta
o Pai Natal comeu o BCP
o PCP mantém-se marxista-leninista
O espírito do Natal mantém-nos juntos
o espírito do Natal está nos bancos
o Rio é o Pai Natal
a àrvore mais alta da Europa
é patrocinada pelo BCP
o poeta mija na árvore, na Europa e no BCP
o PCP mantém-se marxista-leninista
o poeta mantém-se surrealista
o Rio faz uma pirueta
e cai ao rio Douro
o La Féria enforca-se
na árvore mais alta da Europa
O PSSL ocupa a Câmara.
Porto, 24. Dez.2007
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A miúda do café saúda-me
a miúda do café é simpática
é pena não estar mais vezes
por estes lados
2007 está a chegar ao fim
2007 foi um ano para esquecer
o meu pai morreu
andei deprimido
as alucinações quase deram
cabo de min
salvaram-se os dois livros
A Katiucha finalmente saiu de casa
vamos festejar o ano novo
com vinho e aletria.
A VOZ DE BAGAÇO

A voz de bagaço mexe o café
a mulher regressa
a voz de bagaço graceja
a mulher volta a sair
as mamas da patroa sorriem ao poeta
a voz de bagaço dialoga
os bigodes dirigem-se para a porta
ninguém fuma com medo do Governo
e o poeta pondera voltar a fumar
o poeta e o fumo juntos vão derrubar o Govereno.
Braga, 1.1.2008
Bloco

O BLOCO DE ESQUERDA EM SALVATERRA
Esta tarde, no seu Blogue "Abrupto", o historiador José Pacheco Pereira fez uma reflexão sobre a crise política que estamos a viver em Portugal. Sobre o Bloco de Esquerda, este analista político fez uma radiografia fantástica:
- "O BE está em crise. Deixou-se enredar com o PS em Lisboa, o pior sítio para alguém se enredar com o PS. Deixou-se reduzir a Louçã e Louçã fixou-se num discurso cujo esgotamento irrita mais do que cansa. Para a contestação social o PCP é mais eficaz, e as causas "fracturantes" são na maioria dos casos ou inócuas, ou tão vanguardistas que ficam na marginalidade e no radical chic."
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
O PRIMEIRO-MINISTRO SÓCRATES

O primeiro-ministro Sócrates está omnipresente
o primeiro-ministro Sócrates altera o meu estado de espírito
o primeiro-ministro Sócrates vem dar-te duas palmadas
se não te portares bem
o primeiro-ministro Sócrates passa-te uma multa se fumares
o primeiro-ministro Sócrates tem agentes infiltrados
em todo o lado
o primeiro-ministro Sócrates faz cara de mau
o primeiro-ministro Sócrates controla
o primeiro-ministro Sócrates não descola
o primeiro-ministro Sócrates nunca desiste
o primeiro-ministro Sócrates é quadrado
o primeiro-ministro Sócrates é equilibrado
o primeiro-ministro Sócrates é uma seca
o primeiro-ministro Sócrates tem cara de alforreca
o primeiro-ministro Sócrates põe-te na ordem
o primeiro-ministro Sócrtates dá-te palmadas
se não te portares bem.
Braga, 2.1.2008.
O DONO DO CAFÉ E O GOVERNO

A proibição de fumar domina as conversas
O Governo dá palmadas aos cidadãos mal comportados
o Governo trata os cidadãos como crianças mal comportadas
o Governo deveria ser proibido como o tabaco
o Governo é prejudicial à saúde
o Governo é sério
o Governo nunca faz disparates
o Governo é um polícia
o Governo nunca dorme
o Governo está sempre vigilante
o Governo não bebe copos
o Governo está sempre a trabalhar
o Governo não mija
o Governo não caga
o Governo não fode
o Governo é uma seca
O governo é quadrado
o Governo saca impostos
o Governo é rigoroso
o Governo é disciplinado
o Governo é um general
O dono do café está contra o Governo
o dono do café quer organizar uma manifestação
o dono do café está contra a televisão
mas mantém-na ligada
o dono do café, o poeta e o fumo vão derrubar o Governo
mas a conversa do trabalho dá cabo da aliança
o dono do café quer pôr todos a trabalhar
o Governo aplaude
o dono do café e o Governo querem deixar o poeta
e todos os malandros que não querem trabalhar
a dormir na rua
lá se foi a revolta!
Lá se foi a revolução!
E lá vem a teoria económica
e o dólar e o euro
e os americanos e a China
e o 25 de Abril
e as empresas e o trabalho
o trabalhinho é que fode sempre tudo!
Vamos todos trabalhar!
Trabalhar até à morte!
Trabalhar 24 horas por dia!
Trabalhar para o Governo!
E o poeta e o fumo que fiquem na rua
a morrer de frio.
ODE AO QUIM
O Quim abandonou o café do Quim
os cafés de Braga estão sempre
a mudar de gerência
a Katiucha não sai da cama
Já estou com saudades do Quim
Braga não é a mesma sem o Quim
a Katiucha não sai da cama
O café do Quim não é o mesmo
sem o Quim
Braga não é a mesma sem a Katiucha
e eu leio Holderlin.
30.12.2007
os cafés de Braga estão sempre
a mudar de gerência
a Katiucha não sai da cama
Já estou com saudades do Quim
Braga não é a mesma sem o Quim
a Katiucha não sai da cama
O café do Quim não é o mesmo
sem o Quim
Braga não é a mesma sem a Katiucha
e eu leio Holderlin.
30.12.2007
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