quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
O INFERNO
Segundo o filósofo Herbert Marcuse, urge a liberdade económica, ou seja, a libertação da luta quotidiana pela existência, da necessidade de ganhar a vida. Urge também a liberdade intelectual, isto é, a reafirmação do pensamento individual, o que significa a abolição da "opinião pública", da doutrinação da comunicação de massas e dos seus fabricantes. A livre empresa e a concorrência, enquanto "liberdade de escolha" entre trabalhar e morrer à fome, impuseram o trabalho penoso, a insegurança e o medo à grande maioria da população. O ser humano é reduzido ao estado de coisa. A escolha entre uma variedade de bens e serviços representa a alienação. Efectivamente, este mundo dos gestos mecânicos, da simpatia de plástico, onde tudo está à venda e "ninguém dá nada a ninguém" não presta e conduz à servidão esgotante, embrutecedora, inumana. A lei do número, do cálculo prevalece matando sentimentos, amizades, paixões. Alguns dominam essa linguagem entediante, a da finança, que a grande maioria não entende. Grande maioria da população que aceita, ou é levada a aceitar, a sociedade mercantil, o que não torna esta nem menos irracional, nem menos condenável. Porque é, de facto, condenável. Porque mata à fome e de tédio. Porque castra o desenvolvimento do homem. Porque é inimiga do amor, da liberdade e da criação. A própria tecnologia funciona de modo a instaurar novas formas mais eficazes e mais agradáveis de controlo social. É, com efeito, um inferno que uns poucos instauraram. Um inferno que urge destruir.
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