quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
O AMOR EM NIETZSCHE
Para Nietzsche, o amor é um pássaro rebelde, um filho da boémia, que nunca soube o que era a lei. O amor é, portanto, liberdade, não deve ser aprisionado por convenções ou casamentos. Mas o amor é também carniceiro, quer possuir por inteiro o seu objecto, reinar sem partilha, de corpo e alma, no coração da sua alma, dominá-la, devorá-la até. Para o filósofo alemão, a mulher dá vida e "a vida é mulher". "Todo o desprezo pela vida sexual, todo o opróbrio lançado sobre ela por meio da ideia de que é "impura" é em si mesmo um atentado contra a vida, é o verdadeiro pecado contra o Espírito Santo da Vida". Temos de viver intensamente o amor e a vida, fugir ao homem pequeno, burguês, "sensato", do bom senso, das meias-medidas. Temos de perseguir a embriaguez, a criação e as alturas. Somos a minoria que procura a luz, que se afasta do materialismo e da mercearia, combatemos a maioria perdida que empurra para o abismo. Segundo Nietzsche, os espíritos livres, em geral, não querem compromissos, são como os pássaros proféticos da Antiguidade, preferem voar sozinhos. "O vosso casamento põe um ponto final nas muitas loucuras breves, a troco de uma longa asneira", assim falava Zaratustra. Foi uma artimanha da religião cristã fazer crer que o amor se poderia encerrar numa instituição. Se amamos a vida, diz Nietzsche, fazendo do amor o centro criador de todas as coisas, "não é pelo hábito de viver, mas pelo hábito de amar".
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