Olho
para ti
E
escrevo
Ao
balcão
És
rainha
Trazes
cafés
Cervejas
Bandejas
Sabes,
sou o mais
Louco
dos poetas
Já
apareci bêbado
Caído
na estrada
Já
ocupei hipermercados
Já
derrubei estátuas
Sabes,
não sou
Como
os outros
Já
quando era miúdo
Pensava
muito
Era
o mais inteligente
O
melhor aluno
Agora
só tenho pena
De
não ter mais uns trocos
Para
ficar de bar em bar
De
cerveja em cerveja
De
qualquer maneira,
Tu
já quebras
A
monotonia do dia-a-dia
Lembras
a Paulinha
E
eu deixei de ser
Um
poeta lírico
Escrevo
o que penso
E
o que sinto
Raramente
emendo
Sou
um mau rapaz
O
último dos poetas de café
O
último dos beats
Bebo
cerveja
E
desejo-te
Não
tenho aquela vida
trabalho-casa
Sou
um homem livre
Um
poeta só
Com
Nietzsche à minha frente
E
o rock n’ roll
No
centro comercial
Sabes,
eu era o menino de ouro
O
menino da mamã
Depois
apanhei umas patadas
Tornei-me
agressivo
Tornei-me
maldito
Insulto
Deus e o Poder
Procuro
a mulher
Talvez
venha a ser reconhecido
Como
poeta maldito
E
animal de palco
De
certa forma já o sou
Mas
ainda não tenho
Os
dias preenchidos
O
Natal na Terra de Rimbaud
Sim,
vou aos bares
Bebo
uns copos
Converso
com este e aquela
Mas
depois há dias como este
Em
que venho até aqui
E
depois regresso a casa
Ao
computador
Não
há aquele brilho
Não
há a celebração
Estás
aqui tu, é certo
Mas
tens os teus clientes
Os
teus afazeres
Não,
não me sinto
Como
Morrison ou Rimbaud
Reino
a espaços
Falta
algo
O
banquete
O
estarmos unidos à mesa
A
comemorar
Nada
além disso
A
ceia
A
primeira ceia
Nada
de homens médios
Nada
de homens pequenos
Nada
de medos
O
homem pleno
Na
hybris
Na
desmesura
Na
aventura
O
homem-deus
Que
cria
Que
se afasta
Dos
carneiros
Que
voa
Como
a águia
O
homem livre
Que
vai ao infinito
E
volta
O
homem
No
café
Que
bebe
E
te aguarda.
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