Viver para conhecer. Estudar os mestres e
conhecer os deuses e os demónios interiores. Sim, viver para a curiosidade e
para a descoberta, puxar pelo pensamento e pelo coração. Entender o homem.
Porque se move e se levanta da cama. Porque ri e chora. Porque se deixa
controlar por outros homens e pela máquina. Porque alguns se adaptam ao sistema
dinheiro/trabalho e outros não. Porque somos possuídos pela loucura. Porque
criamos grandes obras. Quem somos nós, afinal? Nascemos com a bênção da vida,
brincamos, vamos à escola. Dependemos dos pais, dos professores, dos amigos,
dos colegas. Uns (poucos) mostram-nos a via livre, a vida do conhecimento, da
diversão, do belo, outros empurram-nos para o mercado, para a prisão, para a
ordem. E assim nos vamos distinguindo uns dos outros, alguns de nós pintamos,
fazemos teatro, escrevemos poemas e continuamos nesse caminho. Alguns de nós,
mesmo ficando sós, reflectimos sobre as grandes obras, procuramos o sentido da
vida. Alguns de nós, mesmo sendo rejeitados, malditos, questionamos Deus, o
Estado, o Mercado. Alguns de nós sabemos que a vida é uma bênção, que a vida é
muito mais do que nos mostram. Que a vida é gozo, criação, sabedoria. Alguns de
nós sabemos que a vida é embriaguez, vertigem, que não pode ser trabalho,
imposição, escravatura. Alguns de nós sabemos que a vida é liberdade, amor,
poesia. Alguns de nós sabemos que viemos para reinar, não para fazer o que nos
mandam. Alguns de nós conhecemos a nova sabedoria, a nova ideia, a nova alegria
como preconizava Rimbaud. Alguns de nós sabemos que o pensamento é infinito,
que nada é impossível. Alguns de nós, mesmo renegados, reprovados, atirados
para um canto ou para as ruas, sabemos que podemos escrever a grande obra, que
casando os mestres com a vida interior alcançaremos o paraíso.
sábado, 10 de janeiro de 2015
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