terça-feira, 8 de julho de 2014

O HOMEM QUE NASCE E RESSUSCITA

Ouço alguns jovens. Também eles são críticos em relação ao sistema neo-liberal capitalista. Também eles acreditam num mundo novo, sem competição, sem intriga. Falam-me do conhecimento, da leitura. O padre Mário de Oliveira diz que somos seres humanos ainda em vias de criação. Precisamos de nos unir, de nos reunir, como os gregos na ágora. Precisamos de criar, de ir buscar o amor ao fundo de nós mesmos, não de pactuar com os bancos, com os impérios financeiros que destroem o humano. Precisamos de romper com um sistema que nos afasta, que nos isola, que nos aliena, que nos escraviza. Não nascemos para isto. Éramos crianças livres, adolescentes com sonhos, desejamos o paraíso na Terra, não nos céus. Mas fizeram de nós, de muitos de nós, máquinas de produzir e de consumir, sem tempo para o encontro, para a descoberta. Ainda temos em nós, em alguns de nós, capacidades prodigiosas. A capacidade de produzir a ideia, a capacidade de inventar, a capacidade de dar. Sim, deveriamo-nos sentar à mesa fraternalmente a discutir o homem, a literatura, a filosofia. Deveriamo-nos abraçar e anunciar o novo homem. Não este mundo de interesses, de negócios, de manha. Não estes políticos imbecis, incapazes de uma ideia. Não estes seres televisivos que nos tomam o ser e passam. Não estes animais que acumulam. Não a injustiça. Não o desamor. Não a destruição do homem pelo homem. Não a pressa. Mas o encontro, a curiosidade, a dádiva. O homem pleno, autêntico, cheio de vida. O homem que nasce e ressuscita.

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