sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A REPÚBLICA DOS FILÓSOFOS

"A não ser que os filósofos se tornem reis nas nossas cidades, ou que aqueles a quem chamamos reis e chefes se tornem filósofos sérios e capazes e haja uma conjunção do poder político e da inteligência filosófica (...) não haverá (...) cessação dos males para as nossas cidades, nem mesmo, segundo julgo, para o género humano." (Platão, "A República") Só um governo de filósofos, isto é, dos mais virtuosos, dos mais justos, dos mais sábios assegurará, como defende Platão, a felicidade dos cidadãos. Ou, em alternativa, a democracia directa, só possível em regiões de pequena dimensão. Mas o governo dos filósofos é o governo "daqueles para quem a verdade é o espectáculo pelo qual estão enamorados". Esses amantes da verdade, do bem e da sabedoria estão dispostos "a provar de todas as ciências", dedicam-se à tarefa de estudar com prazer e são capazes "de se elevar até ao belo em si e de o contemplar na sua essência". De resto, temos governantes e políticos corrompidos pelo poder, pela vaidade, pela riqueza. Temos cães de fila dos mercados, dos banqueiros, dos grandes capitalistas. Temos homens pequenos, medíocres que se atropelam e trepam uns para cima dos outros como macacos. Reina a desonestidade, a corrupção, o compadrio, a negociata. Estamos longe da ideia de bem, de justiça, que Platão preconizava. Estamos num mundo de senhores medíocres e de escravos. Procuremos os filósofos-reis, venha a república dos filósofos.

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