sábado, 28 de abril de 2012

O ÚLTIMO HOMEM

Edição 77, 13 Abril 2012 CULPADOS Aumentam os sem-abrigo na cidade do Porto, aumentam os casos de depressão e suicídio, muita gente está a ficar endividada e sem dinheiro. Eis a Europa de Merkel, eis os seus empregados portugueses, eis a terra prometida de Obama e dos mercados. Os seres humanos são tratados abaixo de cão, são abandonados a um canto, nas ruas da cidade ou então sofrem sozinhos perante um mundo cão que não lhes dá amor, apoio, liberdade, dignidade. Passos Coelho, Merkel e a troika são mesmo culpados da morte, da solidão e da infelicidade de milhões de portugueses. Entretidos a fazer o jogo dos especuladores e dos banqueiros são incapazes de um gesto de humanidade. Só há poder e negócios dentro daquelas mentes. Não merecem sequer que lhes chamemos seres humanos, são sub-homens, sub-mulheres. Eles e todos os seus criados e todos os que os seguem. Não são sequer dignos que lhes dirijamos a palavra. Merecem cair. ---- O ÚLTIMO HOMEM Segundo Allan Bloom ("Gigantes e Anões"), para Nietzsche, a democracia liberal é o lar do "Último Homem", um ser sem coração e sem convicções, uma marioneta dedicada à preservação e ao conforto. Eu vejo esse "Último Homem" aqui no café. Apenas sente amor pela família e aproxima-se dos outros homens graças ao medo da morte e da solidão. De resto, nada de elevado, de nobre, as conversas são perfeitamente banais e superficiais. O último homem, o homem burguês deixa-se levar por cançonetistas pimba, por programas que exploram os sentimentos primários, por "reality-shows", por notícias manipuladas. Não há convicções, tanto se vota no PSD como no PS. O último homem fala do sustento, do conforto, das doenças, do dinheiro ao fim do mês. Em suma, uma tremenda vulgaridade, um bocejo permanente. Deseja-se que as crianças sigam a linha dos pais e que venham a ganhar muito dinheiro, porque isso corresponde á felicidade. Daí que as crianças estejam limitadas à partida, apesar dos beijos e dos carinhos, a menos que se venham a revoltar contra a máquina. No fundo, estamos perante um sub-homem, incapaz de criar, que se limita a reproduzir o sistema e a imitar, por medo, o parceiro do lado. Não há qualquer enriquecimento ou engrandecimento do eu nem criação de valores. Estamos muito longe do homem superior de Nietzsche. www.jornalfraternizar.pt.vu

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