terça-feira, 24 de janeiro de 2012

ESPÍRITO INFINITO


Pensar
pensar o mundo
não ter os conhecimentos de outros
em certas áreas
mas discutir
entrar nas conversas do Pinguim
depois voltar á "Padeirinha"
á limitação do futebol e das novelas
e sentir-me de novo sábio
espírito infinito
em Hegel
não, há reinos que ainda não atingi
mas não acredito no determinismo
no homem malvado por natureza
acredito que alguns de ñós
são capazes
de ultrapassar a mercearia
os jovens dizem que a sua geração
foge a estas conversas
posso não saber tudo
todos os pormenores
da História e da cultura
mas vim cá provocar algo
tenho em mim um deus
quero construir
não apenas destruir
não tenho que ser sempre coerente
como Zéca Afonso ou Che Guevara
cometi erros
estive bêbado
tive alucinações
não sou um cidadão exemplar
não mereço prémios
nem ando atrás deles
mas tenho um percurso
sim, construi um percurso
uma história
não preciso que estejam
sempre a bater-me palmas
embora também viva delas
sou narcisista
mas sei que isto não se resume
a vir buscar o pão
a enfiar-se em casa
a jantar
e a ver televisão
sei que o espírito
é muito mais do que isso
o espírito voa
alcança novos mundos
houve quem lhes chamasse
deuses, o deus único,
não, não me queiram reduzir
á matéria
ao quotidiano
á mercearia
sou muito mais do que isso
cumprimento as pessoas
por uma questão de educação
mas estou muito para além
chovem festins
nas profundezas de mim mesmo
danças, rituais, sexo
vi-o nos teus olhos
ontem no Pinguim

a vossa publicidade não me vence
festins em mim
noite fora
uma vez mais
sigo a estrada da loucura
a sabedoria louca
jardins imensos
palácios de inverno
são meus os reinos de outrora.


Padeirinha, Telha, 24.1.12

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