domingo, 30 de outubro de 2011

O POETA NÃO CONSEGUE DORMIR


Volta a ser madrugada. Está tudo fechado. O poeta não consegue dormir. Espera o dia. O seu pensamento não pára nem com o "Morphex". Escreve o que lhe vem à cabeça. Escreve e, ao escrever, cria. Dá novos mundos ao mundo. Põe em contacto o mundo interior com o exterior. Procura o bem e o belo. A Gotucha está a dormir. O poeta não pára de pensar. Explode por dentro. Já desceu várias vezes aos infernos. Agora está aqui vivo, exuberante de vida. Cheio de verve. Deveria pintar. O pensamento dança. Não tem limites. Basta-se a si próprio. É capaz de sair e de enfrentar a madrugada. É louco, já o sabemos. Não pensa como o homem comum. É capaz de actos non-sense. Mas também é capaz da bondade, do amor, de socorrer aquele que cai na rua. Viveu estes anos na noite, nos livros, e agora encontrou-se. Ouve os carros lá fora. Não suporta a linguagem do mercado e dos mercados. Odeia-a. É seu inimigo mortal. Pensa que o homem está a ser assassinado. Expõe-se. Vai publicando no facebook. Aspira a ter um jornal panfletário. A coisa agora parece possível. Acredita agora que vai chegar onde quer. É uma questão de tempo. Escreve como nunca. Aumenta a cadência. Não consegue parar. Quer voltar a escrever como no "Á Mesa do Homem Só", aqueles poemas vertiginosos e místicos.

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