quarta-feira, 21 de setembro de 2011

PEDRA


José Régio?
António Gedeão?
Neste momento
penso que escrevo
melhor do que eles
sinceramente
já desci aos infernos
do rock n' roll
ao Apocalipse Now
vi o Joaquim
no Pinguim
a dizer para as miúdas
tiraram os poemas
das cuecas
e dos soutiens
sou dele
sou dessa loucura
que acende as noites
sou o performer
que baila
e incendeia
que incomoda
as miúdas mansas
e os intelectuais rígidos
bebo dos mestres
dos grandes
daqueles que viram a vida
dos pássaros
dos homens e das mulheres
livres
crio
sou capaz de criar
não reproduzo
mas ainda tenho
o balançar das ancas
o visceral
não sou de Deus
não sou dos vossos amos
dou espectáculo
canto o caos
a barbárie que aí vem
saco de vós
o que tenho a sacar
ouço os senhores
a cascar no Passos
e na América
sou um poeta beat
como dizem
vejo Deus
na empregada do café
perguntou-me se eu
era professor
vêem-me com os papéis
a rabiscar versos
olha, antes isso
do que pensarem
que sou um parasita
um desempregado
ouve, estás a falar
com quem já viu
o paraíso
não sou o Lobo Antunes
estão farto dos Lobos Antunes
falam-me de Nietzsche
de Holderlin
de Rimbaud
estou farto de gajos menores
que escrevem umas coisinhas
para entreter
eu parto vidros
eu percorro
quilómetros de cérebro
numa noite
numa madrugada
eu sei dançar
eu sou do Lou Reed
Take a walk on the wild side
entra na minha barca, princesa,
segue-me
vais onde nunca estiveste
it's gonna be a long trip, baby
vais levar com o inferno nos cornos
mas depois
depois encontrarás a luz
a santidade
a luz que não está
nos macacos que conheces
vem
atravessa os mares
há uma vida
que está aqui
que está no homem livre
não tenhas medo
vem
há um caminho
uma era nova
sai da caverna
de Platão
Platão,
quem são estes
à beira de Platão?
Quem são estes
à beira de Nietzsche?
"Quem chamou estes mortos
para dançar?"
Estais mortos
viveis mortos
comunicais mortos
obedeceis mortos
assim permancereis por mil anos
até ao romper do feitiço

agora estou aqui
a mente abre-se
o sangue corre
o homem dança
fui e regresso
assim permaneço.

2 comentários:

ZMB disse...

envio-te um texto de Claudio Mur a ser publicado futuramente nas Edições Cassiber, é parte integrante dum livro em preparação de nome "Até que a morte nos separe". tem tudo a ver com frustrações que se escrevem para assim serem sublimadas.
Dedica-o se te apetecer a uma mulher bonita e salva-te, meu primo na doença.

"
Pão e caviar. Só pão e não caviar. Só caviar e o pão não interessa. O pão é que interessa e o caviar nada. Só posso ter pão e digo mal do caviar só por causa de não conseguir ter caviar. A minha vida é caviar e não tenho fome de pão.
Em que ficamos? O meu coração é teu.
O problema é que esta frase faz lembrar o piroso do Leandro e eu prefiro caviar e ao te ter feito gostar de caviar e não apenas de pão, levei-te à dependência. Tenho medo que morras à fome se não te vier dar o comer.
O meu coração é teu até que a morte nos separe.
" Claudio Mur 2011

A. Pedro Ribeiro disse...

obrigado, amigo.