domingo, 14 de agosto de 2011

DO NOVO LIVRO


Quero escrever um livro que questione o homem e o seu pensamento, que aborde as questões da felicidade, da liberdade, do sentido da existência. Penso que, neste momento, sou capaz de fazê-lo. Aos 16 anos escrevi um texto sobre a liberdade. Perdeu-se. Quero dedicar esse livro aos que agora têm 16 anos e aos jovens de todas as idades. Creio que as questões essenciais são o que fazemos aqui, o que no...s trouxe ao mundo, em que pensamos. Creio que somos consequência de uma dádiva, não viemos ao mundo em função de razões utilitárias ou de progresso. Independentemente dos nossos credos religiosos, transportamos em nós algo de mágico, a própria vida, o espírito, o pneuma. E nada está acima da vida, da vida pela vida. Por que raio é que temos de suportar toda uma existência passada atrás do dinheiro, da acumulação de dinheiro e do conforto material? Que sentido faz esse primarismo de macacos de mercearia? Nós estamos cá para fruir, para gozar a vida e não a sub-vida mercantil. Tentai perceber-me, companheiros. A vidinha do progresso e do sucesso material tem levado a mais casos de depressão, esquizofrenia, doenças bipolares, outros distúrbios mentais, suicídios, além da pobreza e miséria materiais. A vidinha do capitalismo mercantil espeta-nos, via media, propaganda venenosa no intelecto todos os dias, ferindo a nossa capacidade de raciocínio. O corropio desenfreado dos números dos mercados e das bolsas atira-nos para a impotência. É preciso, antes de mais, que pensemos, que reflictamos sobre o problema e que nos inquietemos. Não estamos, de forma alguma, no caminho da felicidade. Mesmo que haja festas, divertimentos, eles correspondem a um hedonismo ilusório. Não somos o deus que dança e ri, como Dionisos. A festa tem sempre um fim. “This is the end”, como cantou Morrison ou é o “Apocalipse Now” de Coppola quando as misses da “Playboy” abandonam a floresta de helicóptero. A seguir à festa vem sempre o trabalho, o sacrifício. A festa nunca é permanente. É a cultura do trabalhar, do arranjar trabalho para sacar dinheiro, para sobreviver que predomina. E depois de arranjares trabalho, começas a assentar, casas ou juntas-te, tens filhos, envelheces e assim assassinam a tua juventude, a tua infância. É isso que o capitalismo quer: destruir a tua juventude. É, por isso, que não podes aceitar mais este estado de coisas. Mesmo os partidos de esquerda não abordam estes assuntos, ficam-se pela rama, pelas reivindicações económicas, pela intriga política. O trabalho imposto mata a tua liberdade, a tua juventude. Escrevo este livro para te dar conta disto. Tens de seguir a via da vida, da vida exuberante, festiva, também na procura de conhecimento, como defendem Nietzsche e Henry Miller. Fomos postos aqui por uma espécie de bênção. Não podemos deixar que a estraguem. Quem é que disse que o dinheiro e o trabalho imposto são uma fatalidade?

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3 comentários:

Celso Augusto, O autor dos rebentos disse...

Muito bom, gostei, a liberdade é tudo, tentam nos domesticar, mas os corações daqueles que se recusam a crescer sempre se oporão!
Lembrei agora de I don´t wanna grow up, do Tom Waits.

A. Pedro Ribeiro disse...

obrigado, amigo, não queremos mesmo perder a infância.

Claudia Sousa Dias disse...

gostei da capa.