quarta-feira, 31 de agosto de 2011
PUDESSE EU...
Pudesse eu passar a vida
a ler romances
e a escrever poesia
nenhuma pressão
nenhuma pressão
em cima de mim
ser apenas aquele que sou
sem revoluções
nem sobressaltos
ficar no meu canto
a olhar para mim
agitações, sim
mas interiores
ter uns trocos
e levar uma vida
de santo.
domingo, 28 de agosto de 2011
DO LIVRO DA FELICIDADE
DO LIVRO DA FELICIDADE
Quero escrever um livro que questione o homem e o seu pensamento, que aborde as questões da felicidade, da liberdade, do sentido da existência. Penso que, neste momento, sou capaz de fazê-lo. Aos 16 anos escrevi um texto sobre a liberdade. Perdeu-se. Quero dedicar esse livro aos que agora têm 16 anos e aos jovens de todas as idades. Creio que as questões essenciais são o que fazemos aqui, o que no...s trouxe ao mundo, em que pensamos. Creio que somos consequência de uma dádiva, não viemos ao mundo em função de razões utilitárias ou de progresso. Independentemente dos nossos credos religiosos, transportamos em nós algo de mágico, a própria vida, o espírito, o pneuma. E nada está acima da vida, da vida pela vida. Por que raio é que temos de suportar toda uma existência passada atrás do dinheiro, da acumulação de dinheiro e do conforto material? Que sentido faz esse primarismo de macacos de mercearia? Nós estamos cá para fruir, para gozar a vida e não a sub-vida mercantil. Tentai perceber-me, companheiros. A vidinha do progresso e do sucesso material tem levado a mais casos de depressão, esquizofrenia, doenças bipolares, outros distúrbios mentais, suicídios, além da pobreza e miséria materiais. A vidinha do capitalismo mercantil espeta-nos, via media, propaganda venenosa no intelecto todos os dias, ferindo a nossa capacidade de raciocínio. O corropio desenfreado dos números dos mercados e das bolsas atira-nos para a impotência. É preciso, antes de mais, que pensemos, que reflictamos sobre o problema e que nos inquietemos. Não estamos, de forma alguma, no caminho da felicidade. Mesmo que haja festas, divertimentos, eles correspondem a um hedonismo ilusório. Não somos o deus que dança e ri, como Dionisos. A festa tem sempre um fim. “This is the end”, como cantou Morrison ou é o “Apocalipse Now” de Coppola quando as misses da “Playboy” abandonam a floresta de helicóptero. A seguir à festa vem sempre o trabalho, o sacrifício. A festa nunca é permanente. É a cultura do trabalhar, do arranjar trabalho para sacar dinheiro, para sobreviver que predomina. E depois de arranjares trabalho, começas a assentar, casas ou juntas-te, tens filhos, envelheces e assim assassinam a tua juventude, a tua infância. É isso que o capitalismo quer: destruir a tua juventude. É, por isso, que não podes aceitar mais este estado de coisas. Mesmo os partidos de esquerda não abordam estes assuntos, ficam-se pela rama, pelas reivindicações económicas, pela intriga política. O trabalho imposto mata a tua liberdade, a tua juventude. Escrevo este livro para te dar conta disto. Tens de seguir a via da vida, da vida exuberante, festiva, também na procura de conhecimento, como defendem Nietzsche e Henry Miller. Fomos postos aqui por uma espécie de bênção. Não podemos deixar que a estraguem. Quem é que disse que o dinheiro e o trabalho imposto são uma fatalidade?
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segunda-feira, 22 de agosto de 2011
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
DA ILHA
De há uns anos a esta parte ganhei um modo de vida, tal como diz o dr. Jorge Marques. Talvez desde há seis ou sete anos. Antes só escrevia quando a coisa batia. E agora sou capaz de escrever em estilos diferentes. Aos 18/19 anos já escrevia bons poemas: "Mulher Ausente", "Representação", "Ausência". Talvez se nessa altura me tivesse dedicado à escrita já tivesse ido mais longe. O "Á Mesa do Homem Só" teve uma grande crítica no Diário de Notícias. O Teixeira Moita diz que os últimos textos são os melhores. Sem dúvida que posso chegar lá onde quero- à glória- talvez só depois de morto ou gravemente doente. Dos 19 aos 27/28 estive a fazer outras coisas para lá da escrita. Estive a pôr à prova os limites da realidade, como dizia o Jim, sempre o Jim. Combati o mundo. Apanhei porrada. Vivi o que outros nunca viveram, às vezes em apenas algumas noites, alguns dias. A minha mãe, a minha família, nunca o compreenderão. Depois aos 38/39 também fiz grandes viagens. Cheguei ao além Deus sem precisar de ácidos ou mescalina. Quem perceberá isto? Morrison, Nietzsche, Shakespeare, Miller, Rimbaud, Ginsberg, Kerouac, Cesariny, poucos mais. Há para aí uns putos que nunca chegaram lá perto e estão convencidos de que são bons. Há mesmo escritores ditos consagrados que pensam o mesmo. Eu vivi mesmo as visões, as alucinações. Agora posso dizê-lo. Estou lúcido. Julguei-me Jesus, Deus, o super-homem. E agora estou aqui num cafézito de Vila Nova de Telha sem mulheres, sem ninguém a quem contar esta estória. Aliás, o que é que isto conta para aqueles e aquelas que só têm futebol, trabalho, família e cuscuvilhice na cabeça? Eu estou a falar da "verdadeira vida" de Rimbaud. Mantenho o velho hábito de escrever à mão em cadernos. Este ano estive no 12 de Março, estive na acampada da Batalha com os putos. Recebi uma grande ovação no Campo Alegre. Vivi. Estive do lado da vida. A menina cai e eu preocupo-me. "Prefiro um festim de amigos à família gigante", outra vez o Jim. Talvez devesse falar também assim por imagens. De facto, afastei-me da família gigante. Quando volto lá é como se lá não estivesse. Segui o meu caminho, mesmo quando me desloco apenas ao café da esquina. Afastei-me da vidinha, das conversas da vidinha, daqueles que dizem "vem por aqui!". Não fui. Não vou. Não sou deles, não embarco na felicidade da maioria- carro, frigorífico, casinha. Tenho andado por terras distantes. Nem sequer as consigo descrever. Sei apenas que já tive o ouro. Há dias, como na era das grandes depressões, em que não me consigo expressar. Sei que venho de outros reinos, de outras estrelas, já fui rei, agora tenho a certeza. Por isso, desejo ardentemente as mulheres que, em tempos, foram minhas. Por isso, amo o Graal e Artur. Há quem lhe chame lendas. Estou como Céline. Estou farto da razão, do útil, do interesse. Não consigo viver encarcerado na razão. Está próximo o dia em que voltarei a explodir. Sou dos grandes. Quixote contra os moinhos. Sou da lenda. De Prometeu, de édipo. Quero trazer o conhecimento e as artes aos humanos. Talvez, como Nietzsche, apenas aos meus companheiros, às minhas companheiras. Onde estão eles, onde estão elas? Onde estão eles neste deserto, nesta aldeia inóspita? Sou Perceval. Vislumbro o Graal, a glória. Tenho a sabedoria mas não tenho a quem a transmitir. Limito-me a ser amável com os meus semelhantes, volto a escrever como na "Ressaca". Houve uma altura em que fiz rir os homens, em que escrevi literatura mundana. Agora volto à terra do meu pai, à terra do ouro. Que poderei eu ser senão poeta, senão profeta? Para quê cantar os imbecis da política e da vida? Sê grande, Pedro. Não te preocupes com capelinhas. Sê o bardo. Procura as mulheres belas. Canta-lhes a "Odisseia". Canta-lhes os lugares onde estiveste. Hás-de saber descrever todos os lugares onde estiveste. Volta. Não te deixes levar pelos jornais nem pela "vida prática". Conheceste os grandes, subiste aos céus. Há um país, uma ilha. Não te lembras bem. Havia um rei generoso que te dava tudo. Que te fez guardião da sabedoria. Depois esqueceste. Percorreste as ruas de Atenas. Ouvias Sócrates e começaste a fazer-lhe perguntas. Estiveste também com Diógenes, que te deu uns berros e te acordou de novo. Começaste a recordar a sabedoria. Então, não sabes porquê, vieste dar à terra. Já não eras rei. Desprezaram-te. Não tinhas ouro. Mas quando subias ao palco recebias palmas. Era a tua glória. Alguns invejavam-te. Só a espaços te recordavas da sabedoria. Algumas mulheres aproximavam-se de ti mas temiam a tua pobreza. Hoje a sabedoria voltou a iluminar-te. Voltaste ao rei e a Diógenes. Apetece-te insultar o homem comum e a sua pequena existência. Mas, por outro lado, sentes-te maior. Estás a escrever o livro. A tua vida agora faz todo o sentido. Não falas a linguagem do homem comum. Ñem te apetece fazê-lo rir. Queres ser maiêutico. De qualquer forma, já viveste o caos e o caos está à porta. Vieste da ilha. És da ilha. Agora sabes.
domingo, 14 de agosto de 2011
DO NOVO LIVRO
Quero escrever um livro que questione o homem e o seu pensamento, que aborde as questões da felicidade, da liberdade, do sentido da existência. Penso que, neste momento, sou capaz de fazê-lo. Aos 16 anos escrevi um texto sobre a liberdade. Perdeu-se. Quero dedicar esse livro aos que agora têm 16 anos e aos jovens de todas as idades. Creio que as questões essenciais são o que fazemos aqui, o que no...s trouxe ao mundo, em que pensamos. Creio que somos consequência de uma dádiva, não viemos ao mundo em função de razões utilitárias ou de progresso. Independentemente dos nossos credos religiosos, transportamos em nós algo de mágico, a própria vida, o espírito, o pneuma. E nada está acima da vida, da vida pela vida. Por que raio é que temos de suportar toda uma existência passada atrás do dinheiro, da acumulação de dinheiro e do conforto material? Que sentido faz esse primarismo de macacos de mercearia? Nós estamos cá para fruir, para gozar a vida e não a sub-vida mercantil. Tentai perceber-me, companheiros. A vidinha do progresso e do sucesso material tem levado a mais casos de depressão, esquizofrenia, doenças bipolares, outros distúrbios mentais, suicídios, além da pobreza e miséria materiais. A vidinha do capitalismo mercantil espeta-nos, via media, propaganda venenosa no intelecto todos os dias, ferindo a nossa capacidade de raciocínio. O corropio desenfreado dos números dos mercados e das bolsas atira-nos para a impotência. É preciso, antes de mais, que pensemos, que reflictamos sobre o problema e que nos inquietemos. Não estamos, de forma alguma, no caminho da felicidade. Mesmo que haja festas, divertimentos, eles correspondem a um hedonismo ilusório. Não somos o deus que dança e ri, como Dionisos. A festa tem sempre um fim. “This is the end”, como cantou Morrison ou é o “Apocalipse Now” de Coppola quando as misses da “Playboy” abandonam a floresta de helicóptero. A seguir à festa vem sempre o trabalho, o sacrifício. A festa nunca é permanente. É a cultura do trabalhar, do arranjar trabalho para sacar dinheiro, para sobreviver que predomina. E depois de arranjares trabalho, começas a assentar, casas ou juntas-te, tens filhos, envelheces e assim assassinam a tua juventude, a tua infância. É isso que o capitalismo quer: destruir a tua juventude. É, por isso, que não podes aceitar mais este estado de coisas. Mesmo os partidos de esquerda não abordam estes assuntos, ficam-se pela rama, pelas reivindicações económicas, pela intriga política. O trabalho imposto mata a tua liberdade, a tua juventude. Escrevo este livro para te dar conta disto. Tens de seguir a via da vida, da vida exuberante, festiva, também na procura de conhecimento, como defendem Nietzsche e Henry Miller. Fomos postos aqui por uma espécie de bênção. Não podemos deixar que a estraguem. Quem é que disse que o dinheiro e o trabalho imposto são uma fatalidade?
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sábado, 13 de agosto de 2011
Um homem vem ao café. Tem a cabeça cheia de ideias mas guarda-as para si. Divulga-as apenas no facebook, não no café, a menos que aqui viesse dizer poemas. O homem não está numa fase eufórica. Aparentemente, vem aqui apenas beber e escrever. Não faz comícios nem fica bêbado. Guarda as ideias para outros públicos. Aguarda a sua hora. Aprendeu as normas da convivência. Só alguns conhecem a sua loucura.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
VENHA OUTRO MUNDO
Vamos tirar o medo das nossas ruas, vamos restaurar a lei e a ordem", diz David Cameron, primeiro-ministro britânico. O medo já está nas ruas, sr. Cameron. O vosso capitalismo monetarista tornou o homem lobo do homem. Os vossos comentadores e os vossos telejornais envenenam a nossa cultura e nossa inteligência. A vossa austeridade deixa-nos de tanga. A vossa lei e a vossa ordem castram-nos o desejo. Daí que a juventude reaja desta forma. É o desespero. O "No Future" dos Sex Pistols. De nada vos adianta permanecer no sossego e no tédio dos vossos lares, de nada vos adiantam os sorrisos e os cumprimentos, de nada vos adianta a simpatia de circunstância, de nada vos adiantam os trocos que ainda tendes para jantar fora, de nada vos adianta ir para o trabalho escravizados todos os dias, de nada vos adianta ir para a praia, daqui a 15 dias ides regressar à escravatura, de nada vos adianta jogar no "euromilhões", de nada vos adianta a felicidade fabricada, de nada vos adianta olhar para a bola, de nada vos adianta fazer de conta que nada se passa. Este vosso mundo está a destruir-vos. Venha outro.
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
CAFÉ CENTRAL
No café central bebo
como Owne há 27 anos
não espero ninguém
apenas bebo
a TV passa rituais
religiosos do Perú
e eu ouço os mestres
faço filosofia
dialogo com Sócrates
e Nietzsche
estou atento
aos motins de Inglaterra
Gosto de andar
assim à solta
sem constrangimentos
sem que ninguém
me imponha nada
sou o homem da liberdade
como tu, Jim
de vez em quando
faço loucuras no palco
de vez em quando
fico bêbado
apesar dos conselhos
médicos
estou no café central
e estou a milhas
de distância.
Vilar do Pinheiro, 10.8.2011
~ZARATUSTRA
O profeta Zaratustra regressou à cidade, à praça pública, após 10 anos na montanha, junto dos animais. Mas a populaça rejeitou e zombou de Zaratustra quando ele começou a pregar. Daí em diante, o profeta passou a dirigir-se apenas aos espíritos livres, aos seus companheiros e companheiras.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
A ERA DO ESPÍRITO
Não, não sou menor. Sou capaz de escrever melhor do que alguns de nome feito. Só me falta aprender uns truques, contar estórias, recolher os favores da crítica. Escrever, ler e pensar. Eis a minha vida. Não tenho que fazer cedências. Nem tenho que levae uma vida de imbecil. Sou aquele que procura. Que vai ao fim na demanda. Sou o animal que grita. Estou em guerra. Escrevo o livro da vida.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
NO FUTURE
O capitalismo monetarista está gravemente doente. Depois da Grécia, é agora em Londres e em outras cidades de Inglaterra que os jovens se revoltam contra a violência policial e contra uma sociedade castradora, mesmo que haja alguma delinquência à mistura. Perante o "No Future", uma "vida" sem presente nem futuro, ao sabor dos números dos mercados e de um tédio quotidiano dilacerante, os jovens partem lojas e incendiam automóveis. As canções dos Clash e dos Sex Pistols voltam a fazer sentido. "I Wanna Be L' Anarchie!". Os discursos dos governantes e dos polícias são hipócritas. Não queremos mais mais esta sociedade que os vossos media nos espetam nos cornos. Não queremos mais morrer narcotizados todos os dias. ´Não queremos mais que nos roubem a juventude e a infância. Queremos o nosso mundo de volta!
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