sábado, 30 de julho de 2011

O HOMEM ASSASSINADO

O discurso económico é redutor, castrador mesmo. Não basta dizer, como o fazem os partidos de esquerda, que os impostos aumentam, que os preços dos transportes aumentam, que o poder de compra baixa. É preciso dizer que a miséria não é apenas económica mas é sobretudo espiritual, intelectual. É o... ser humano na sua plenitude que está a ser destruído pelo capitalismo dos mercados. Os gregos reagem como reagem porque têm a noção de que a sua humanidade está a ser violentada. O capitalismo dos mercados, com os seus juros, as suas bolsas, as suas máquinas de propaganda, as suas máfias, está a dar cabo do homem. O homem, inundado por informações e comentadores narcotizantes, mercantis, totalitários, está a perder a sua liberdade, a sua capacidade de raciocínio, a sua vida. Aumentam as depressões, as esquizofrenias, as tentativas de suicídio num mundo que está a perder o sentido.O homem está ameaçado. O homem só poderá derrotar o capitalismo dos mercados se se ultrapassar, se regressar a si mesmo, ao homem interior. Aí chegado, o homem tomará consciência do seu estado e revoltar-se-à. "O governo é a abolição do eu", escreveu Henry Miller, e o homem não aceitará mais os governos, o homem regressará a si mesmo como ser pleno, íntegro, livre. As máquinas de propaganda cairão porque o homem deixará de ser cego e afrontará os imbecis dos poderes, definitivamente.

2 comentários:

AF disse...

O poeta está em força!

A. Pedro Ribeiro disse...

obrigado, meu bom amigo e fiel leitor.