sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

TRIP NA ARCADA


Trip na Arcada. O poeta da Arcada. Agora sou mesmo. Não estou na Arcada mas a menina é bela e traz a torrada. O nome dela é Sónia. E eu sou um escritor profissional. Esqueço-me das horas. A Gotucha foi ao Porto mas volta. Acho que só dormi à hora do almoço. Hoje acredito. Acredito verdadeiramente em mim. Afinal, consigo mobilizar gente sem precisar de qualquer partido, de qualquer organização atrás. Sou capaz de, em parte, convencer as pessoas de certas coisas. A escrita flui. Precisava mesmo de estar só, Gotucha. À mesa do homem só. Não me posso prender demasiado. O artista precisa da solidão. Ama-a. Vê mulheres a beijarem-se no espelho mas ama-a. É, de novo, dono da palavra. Não pode ter horários nem compromissos. É. Existe. Está só no mundo mas conhece o homem. Aprofunda-o. Não vai na conversa. Sabe que a criação é livre, espontânea. Com umas emendas aqui e ali, mas sem que a emenda suplante a criação. Porque o essencial é a criação e o homem livre. Há alturas em que o poeta é absolutamente livre, mesmo dentro desta sociedade. Tudo depende do estado de espírito, tudo depende de o artista se soltar ou não. Não, não é o poeta da corte nem o poeta do corte. Não se reduz á exibição do ego. É da noite. Percorre a noite. Olha a menina e deseja-a. Fá-la compreender isso mas não se baba. é da noite. Ama-a.

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