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Não me atires mercados, leilões, dívidas
não sou desse mundo
nem quero ser
sou da palavra que fere,
que mata
ando por aqui à solta
não tenho obrigações nem negócios
estou simplesmente aqui
a agarrar o dia
não me atires empregos, horários,
preocupações
não me contamines
tenho o direito
de passar o dia a pensar
não me atires relógios, televisões
não me faças correr
atrás do dinheiro
ou do que quer que seja
tenho o direito
de permanecer aqui sentado
não tenho que dar-te explicações.
Porto, Piolho, 15.1.2011
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