quarta-feira, 8 de setembro de 2010

MANIFESTO POR UM PAÍS LIVRE DE POBRES

MANIFESTO POR UM PAÍS LIVRE DE POBRES

POBRES, NÃO! ESTRANGEIROS, NUNCA! ANARQUISTAS, JAMAIS!

Acabou, finalmente, a pobreza, a pedincha e a anarquia dos mesmos de sempre.
Nasce uma Nova Sociedade, inspirada pelo pequeno grande Sarkozy e regida pela ciência aritmética dos mercados, pelas inspiradas leis da indústria, comércio e finança!
Agora, todos os pobres, todos os estrangeiros, os anarquistas, iconoclastas, ateus, revoltosos e inadaptados terão um rumo a seguir. Criaremos novas normas, uma nação nova, leis que todos terão de seguir, de forma ordeira e exemplar, segundo o modelo 2177-A do Diário da Republica - IIª série. Os pobres, os estrangeiros, os anarquistas e os demais, serão examinados cuidadosamente nos Laboratórios da Direcção Geral dos Assuntos Fiscais, para avaliar do seu estado físico, mental e, sobretudo, financeiro.
Os que merecerem a aprovação dos Serviços serão devidamente normalizados, desinfectados e hermeticamente fechados!
O critério fundamental para a aprovação prende-se com a saúde financeira de cada espécimen, de acordo com as seguintes regras:
1 – Só é permitida a estadia em Portugal, aos estrangeiros com emprego, que não tenham dívidas de qualquer espécie, como por exemplo, renda de casa, merceeiro, água, luz, telefone, prestações de carro e electrodomésticos. Também incorrem em expulsão os indivíduos de nacionalidade estrangeira que procurem eximir-se ao pagamento do transporte colectivo, da quota do seu clube de futebol ou qualquer outro pagamento.
2- Todos os pobres nacionais que não tenham emprego, ou incorram em dívidas descritas no ponto 1, perderão a nacionalidade portuguesa.
3 – Não é permitida a estadia em Portugal a indivíduos sem nacionalidade definida.
4 – Todos os anarquistas, iconoclastas, ateus, revoltosos e inadaptados, serão submetidos a exames periódicos por parte do Observatório de Segurança.
5 – Todos os indivíduos referidos em 4, que não corresponderem aos parâmetros estabelecidos pelo Observatório de Segurança, particularmente por representarem um perigo para a ordem pública e a tranquilidade dos espíritos ou se revelarem pobres, perderão a nacionalidade portuguesa.
Todos os indivíduos que sejam expulsos do país, terão direito a uma passagem de avião, só de ida.
Os processos de expulsão democrática serão integrados num nível de gestão industrial, organizada e gerida como uma fábrica de enchidos!!!
Expulsões sim; mas muito humanas, com licença e autorização.
Expulsões, sim; mas homologadas pela ASAE e restantes organismos oficiais
Expulsemos os pobres, os heréticos, os anarquistas e demais espécimen deste tipo e marchemos, cantando e rindo, com as carteiras recheadas!
Mais uma vez daremos o exemplo ao mundo. Construiremos um mundo asséptico e inodoro, onde não cabem os pobres, os estrangeiros se forem pobres, e todos os revoltosos. Todos aqueles que não dão garantias de solvabilidade não interessam à nossa Pátria.
Todos terão de se submeter às leis supremas do mercado.
Só importam os úteis, produtivos e rentáveis!!!

DIRECÇÃO GERAL DA COLONIZAÇÃO DAS MENTES

1 comentário:

ZMB disse...

olá Pedro,
a ironia do teu post fez-me lembrar o que o ministro francês disse a uma rádio e eu ouvi num telejornal:
"os ciganos são responsáveis por 15% da delinquência em Paris e por isso...".
Mas ao que parece e segundo lí numa crónica de Manuel António Pina no JN, parece que não é verdade, pois os cerca de 8mil ciganos expulsos não tinham cadastro.

deixo-te um link
http://wwwmeditacaonapastelaria.blogspot.com/2010/09/e-como-todos-ja-terao-percebido-as.html

onde se fala da crise e do papel do cigano. Crónica de Ricardo Araújo Pereira, igualmente em tom irónico.

abraço