quinta-feira, 3 de setembro de 2009
PARA JOAQUIM CASTRO CALDAS
PARA JOAQUIM CASTRO CALDAS
António Pedro Ribeiro
"A fidalguia moral, que tende a fazer da vida não um negócio e uma baixa luta de interesses mas afirmação perpétua de lealdade, devoção às ideias, dignidade e fé". É esta fidalguia de que fala Jaime Cortesão, a propósito de Eça de Queiroz ("Eça de Queiroz e a Questão Social"), que movia o Joaquim Castro Caldas, falecido a 31 de Agosto de 2008. Nunca o interesse mesquinho, nunca o acumular do dinheiro moveu o Joaquim Castro Caldas. Aliás, tanto quanto sabemos, o Joaquim não tinha cartão de contribuinte nem mantinha relações com as Finanças. O Joaquim era um nobre nos dias que correm. O poeta não era daqueles que se dão ou se dão a conhecer facilmente. Mas quando se dava dava-se a sério. Era genuinamente sincero. Lembro-me que uma noite, depois de ter ido ao "Pátio", a Vila do Conde, dizer Jim Morrison o Joaquim me perguntou simplesmente: "como vai essa loucura?" Era assim o Joaquim. Imoderado, excessivo, apaixonado, desafiador. A sua forma de dizer poesia era única. O seu canto fica para sempre.
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