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O que estamos a tentar é, através da poesia, chegar até Deus ou, quem sabe, cagar até Deus ou cagar em Deus de modo a contribuir para a humanização do homem. Não há uma via única. Não temos de seguir a via santa, direitinha, que supostamente conduz a Deus ou ao divino, como seguiu Jesus Cristo. Podemos seguir a estrada do excesso ou da loucura. Podemos chafurdar na merda, cagar para Deus, em busca do homem. Aliás, o homem já está no meio da merda, o homem vive da intriga, da competição e das cotações bolsistas. O homem adora o deus da merda: o dinheiro. Não vive sem ele, não vive fora dele. O que importa é deixar a merda. E dizer merda para Deus!, como Rimbaud. Mas a função da poesia, quer ela se faça no lixo ou nas retretes, quer ela aborde o sublime, Deus, a alma, é elevar o homem, é devolvê-lo ao humano, à humanidade que foi sua há muitos anos atrás no tempo dos xamãs.
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