sexta-feira, 3 de julho de 2009

DEUSES


DEUSES

Homem, que porra de sociedade construíste?
Homem, em que porra te tornaste?
Num predador do teu irmão,
Do teu semelhante?
Tornaste-te uma cotação na bolsa
Uma percentagem que sobe e desce
Uma marioneta nas mãos do mercado
Uma mercadoria que se compra e vende
Homem, como é que desceste tão baixo?

Alguns de nós
Ainda andamos por aí
A agarrar-nos desesperadamente
Ao que resta da alma
Do amor
Do coração
Mas somos poucos, muito poucos
Às vezes deixamos de acreditar
Quase cedemos

Onde está o homem?
Que é feito do homem?
Onde está o homem livre?
Onde está o homem
Que canta e dança?
Está morto
Quase morto
Tornou-se escravo
Do seu semelhante
Tornou-se o homem pequeno
O homem da intriga, da inveja
Da usura, da mercearia
Da agiotagem, da sacanagem

Por quanto mais tempo aceitareis ser comidos
Por aqueles que vos governam,
Por aqueles que vos pilham,
Por aqueles que vos roubam
A alma e a vida?
Por quanto mais tempo
Aceitareis ser escravos?
Quanto mais tempo
Permanecereis na lama?
Quanto mais tempo
Permanecereis mortos?
A que deus vos agarrais agora?
Ao Deus dos cristãos, a Alá,
Ao deus-dinheiro?
A coisa bateu no fundo
A bolsa bateu no fundo
O mercado bateu no fundo
É preciso um novo começo
Uma nova linguagem
Uma nova poesia
É preciso que abandoneis a economia, companheiros,
Deixai o trabalho, a casa, a família
Ide pelas praças passar a mensagem
Falai da alma nobre
Do homem sem preconceitos
Da mulher
Da criança
Da criação
Do novo mundo
Do amor
Da liberdade
Esse mundo está dentro de nós
Só nós podemos ser deuses.



Poema inspirado em Jim Morrison

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