quarta-feira, 17 de junho de 2009

DO AMOR


Contrariamente a ontem
hoje estou cheio de raiva
apetece-me cuspir poemas
provocar os direitinhos
insultá-los até
não me venham contar estórias
do amor ao próximo
e do menino Jesus
esta sociedade não presta
mesmo que me dês beijos
mesmo que receba aplausos
mesmo que saia em glória
estive muito tempo calado
é a minha vez de falar
há gente que não me interessa
homens pequenos, mulheres pequenas
esta sociedade não presta
criemos outra
comecemos tudo do zero
da Idade da Pedra
estou farto de ver quadrados,
banqueiros e chupistas
estou farto de ser governado
pelos mesmos imbecis
sempre a apelar ao voto
e a idolatrar o povo
na altura das eleições
estou farto dos imbecis
que votam nesses imbecis
eduquemos as crianças para a anarquia!
Mostremos-lhes as flores
demos-lhes a liberdade absoluta
falemos-lhes do amor
mas do amor puro
não desse "amor" que nos vendem
nos centros comerciais
não desse "amor" de compra e venda
em que para tudo
tens de sacar da nota
falemos-lhes antes do amor puro
que está nas florestas
do amor selvagem
sem controleiros e sem polícias
do amor autêntico
do amor que é a essência.

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