segunda-feira, 27 de abril de 2009

DIÁRIO


O Gomes agora trabalha no "universidade". Ficou imortalizado, salvo erro, no poema "Garrafa" do "Á Mesa do Homem Só". Encontrei o Miguel Guedes dos Blind Zero no "Piolho". Estivemos a falar de política, do Bloco e de outras coisas. Ontem a D. Rosa perguntou-me porque é que eu estava sempre a ler e a escrever. Pois é, D. Rosa, para se ser um grande escritor é necessário que os nossos livros se vendam bem e que os jornais falem de nós. Já têm falado, D. Rosa, mas só a espaços. Fogachos. Tenho levado uma vida de fogachos. São as tais explosões que vão acontecendo. Não sou homem de constâncias, de continuidades. Não sou um Louçã nem um Jerónimo de Sousa. Tal como disse ao Miguel Guedes, eles têm a via deles, eu tenho a minha, que não é só minha. Mas isso eu já tinha escrito. Disse á D. Rosa que escrever era a minha profissão. Afinal de contas estou registado nas Finanças como autor de livros e artista de palco. Os rendimentos é que são escassos. Mas um gajo também não pode passar a vida a queixar-se. Até me convidaram para ir ao Teatro Campo Alegre em Outubro. O Gesta diz que vai ser uma sessão explosiva. Com o João Rios, o Daniel Jonas e não sei mais quem. As pessoas já me pedem o "Manifesto Anti-Teles". Depois da merda do teste de Alemão vou ao Púcaros. Mais uma oportunidade para pregar mais umas coisas. Sabe, D. Rosa, é esta a vida que vou levando. Tem as suas coisas boas. Não me posso queixar. Ontem na sessão de Famalicão na Biblioteca Municipal houve discussão depois da poesia. Houve uma gaja, a Maria, que começou a falar do Che Guevara enquanto ícone, transformado em poster, depois de eu ter dito o poema "Che" e deu o mote. Às tantas já se estava a falar na violência doméstica e nos direitos das mulheres antes e depois do 25 de Abril. Mas voltanto à questão da Maria e do Zé que, entretanto, interveio. Acho preferível, mesmo que haja jovens que não saibam bem quem ele foi, que andem com posters e boinas do Che em vez de andarem com posters do Ronaldo. Por um lado, pode dizer-se que a imagem do Che foi absorvida pelo capitalismo mas, por outro lado, é sinal de que a sua mensagem e o seu exemplo continuam actuais quarenta anos depois da sua morte. É uma mensagem que resiste à queda do Muro de Berlim, que resiste á queda de outras referências da esquerda e da liberdade, que se mantém perfeitamente actual em plena crise capitalista. E é isto, D. Rosa. Isto tem sido a hostória da minha vida. Avanços e recuos. EXplosões e hibernações. Não é apenas falar do passado mas também e sobretudo falar do presente. O presente que é. O presente que somos e criamos. E pronto! Lá aparecem umas mamas para estragar tudo. Estava a ter um discurso sério, guevarista, e lá aparecem umas mamas para desestabilizar. Mas pronto. É o presente. O presente que passa à minha frente. As mamas que bebem cerveja. O prazer que anda á solta. E que sai e se dá a outro.

1 comentário:

Claudia Sousa Dias disse...

tens sempre de ter umas mamas por perto...


:-)


csd