quarta-feira, 1 de abril de 2009

A MENSAGEM


A verdade é que não nasci para esta sociedade do rebanho e das contas. Faz-me confusão esta merda do dinheiro, a submissão ao dinheiro, a ultradependência perante o deus. Nem sequer sei lidar com o dinheiro. Estou sempre a queimá-lo. Como dizia Nietzsche, é necessário quebrar estas correntes que conduzem ao servilismo, à ausência de paixão, à morte. A minha vida é aqui e não é. A minha vida vem de dentro. Nada tem a ver com a vidinha do consumível, do negócio, da troca. A vida é o além que está aqui. Não suporto a mesquinhez da conta, do cálculo, do lucro, da bolsa, da percentagem, dos economistas. Tenho uma missão aqui na Terra. Essa missão não passa por trabalhar normalmente, em empregos das 9 às 5. Essa missão não passa por qualquer pacto com o governo, com qualquer governo e com os políticos. Os políticos e os economistas falam uma linguagem diferente da nossa. Nós cantamos o caos no meio da derrocada económica e financeira. Nós cantamos e dançamos no meio do fogo. Dance on fire if it intends, como canta Jim Morrison. Mas nós não temos de nos andar sempre a exibir. Só quando subimos ao palco. Também temos necessidade de ser espectadores, de observar o mundo. A nossa loucura não é camuflada, a nossa loucura é real. Celebramos o xamã, celebramos Dionisos. Amamos as nossas bacantes. Usamos palavras simples, textos directos, não suportamos escritas herméticas. Apelamos ao amor no meio do caos. Mas não o amor dos cristãos ou, pelo menos, não o dos cristãos actuais. Como disse Nietzsche, só houve um cristão e esse morreu na cruz. Não queremos morrer na cruz! Nem queremos a vida eterna. Queremos a eternidade do instante. A eternidade da palavra. É essa a eternidade que nós amamos. A eternidade aqui e agora. Como disse Nietzsche, este ainda é o tempo do homem pequeno. Do homem da intriga, da mercearia, do hipermercado, da prisão, do rebanho. Nós visamos o homem livre. O homem que segue o seu caminho, que diz não aos ídolos, que diz não ás cadeias, que se opõe ao racionalismo mercantilista, que admira os grandes homens, que é, ele próprio, um espírito livre, que quer construir o Super-Homem. Amamos a Vida, a vida plena, do prazer, das paixões, do sangue na guelra. Amamos as mulheres porque elas nos dão à luz e nos dão a luz. Sim, não estamos cá para agradar à maioria nem para obedecer ás leis da maioria. Por isso não suportamos governos, presidentes, parlamentos. Por isso, rejeitamos a democracia burguesa. A maioria é sempre uma massa imbecil. Os espíritos livres estão fora da maioria. Admitimos, sim, servimo-nos das eleições burguesas como forma de propagandear a nossa mensagem.
O Deus dos cristãos está morto ou, pelo menos, gravemente doente. É o deus-dinheiro que importa matar. Houve um tempo em que o Deus dos cristãos era mais poderoso que o dinheiro. Houve um tempo em que o Deus dos cristãos inspirava o medo e o terror. Esse tempo acabou. Tudo gira em função da economia, do mercado, do deus-dinheiro. A vida que o deus-dinheiro nos dá (ou nos vende) é uma vida de merda, controlada por relógios, trabalhos, hierarquias, contas, percentagens, bancos, trocas. É a essa vida de merda que é preciso dizer não. É preciso dizer não aos bancos e às bolsas. Àqueles que provocaram a crise. Para isso não basta votar no partido x ou no partido y, isso de nada adianta. É necessário que os espíritos se tornem livres. É necessária uma revolução dionisíaca. Com fogo, vidros partidos, ocupações, destruição. Destruir para construir. Destruir para criar. Demos caos ao caos. E depois falaremos do amor no fim, como falou Jim Morrison. É esta a mensagem que queríamos passar. É esta a mensagem que os Telejornais não passam. É esta a mensagem que não nos querem deixar passar. É esta a mensagem que queremos passar. É esta a mensagem. É esta a mensagem.

Sem comentários: