quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
A PAZ NO ORFEUZINHO
Queixa-se o cliente das novas mentalidades
que estragam o mundo
há sempre uma cumplicidade
dos empregados com determinados clientes
as conversas de todos os dias
como se estivessemos em casa
de consciência tranquila
como eu estou agora
não devo nada a ninguém
fala-se de bilhares
conversa inofensiva
nem bombas nem Palestina
só bilhares
e o taco com mais de 40 anos
nada de guerras
o cliente inofensivo
o empregado inofensivo
paz na Terra
e daqui a pouco tenho de ir para a aula
voltei a ser estudante
na Faculdade de Letras
o que importa é meter a bola no buraco
e que haja concórdia entre os homens
era bonito
se não houvesse exploração
se não houvesse alienação
mas não deixa de ser bonito
o ambiente que reina no "Orfeuzinho"
sem guerras
nem discussões
nem sequer acerca de futebol
só bilhar na televisão
as bolas de um lado para o outro
em vez de uma só
de pé em pé
é um bocado mais monótono
enfim
não se pode querer tudo
começo a tornar-me cliente habitual
do "Orfeuzinho"
o empregado ´já graceja comigo
há cafés assim
onde um gajo se sente à vontade com os empregados
e fala
discorre acerca do mundo
mas hoje as coisas andam muito pacíficas
o terreno não está propício a motins
nem a revoltas
tenho de me resguardar
para a próxima Comuna.
Orfeuzinho, 18.2.2009
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