sábado, 24 de janeiro de 2009


Tenho a consciência de que estou a escrever uma tese filosófica. Talvez ela venha aos repelões, aos aforismos. Mas ela está a vir, tenho a certeza. Há bocado saiu daqui uma gaja jeitosa mas entrou muda e saiu calada. Estas tardes em Vilar do Pinheiro entediam-me. Nada se passa a não ser as minhas leituras. Desta feita, "Mensagens Revolucionárias" de Artaud e os "Últimos Escritos de Jim Morrison". Falta-me uma cerveja para acelerar. Mas não há cacau, gastei-o em fotocópias para a sessão de quarta-feira no "Gato Vadio". Mais uma oportunidade para brilhar. Só falta que as gajas venham ter comigo no fim do espectáculo e me amem e me beijem na boca. Começo a ficar com uma certa fama. AS pessoas reconhecem-me nos cafés e nas ruas. AS pessoas saúdam-me e eu não me lembro de onde as conheço. Mas a vida continua uma seca. Amanhã estarei em Famalicão. Agora lembraram-se de misturar o fado com a poesia. Isso não me afecta. Não sou fadista. A criança sorri para mim. Não há gajas para comer. Só automóveis a passar. E troféus expostos para a melhor confeitaria da zona. As pessoas falam com as crianças e parecem atrasadas mentais. Aliás, as pessoas parecem atrasadas mentais de qualquer forma. E chega a D. Rosa e suaviza-me a prosa.