segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
O MENINO
Bem diz a Cláudia que eu sou muito mais assertivo a escrever do que a falar. A falar enrolo tudo, tropeço nas palavras, fico mole ou amável em demasia. Mesmo depois de ler Nietzsche não consigo expressar o entusiasmo que a leitura me causa. E nietzsche é uma pedra. São muitas pedras. E dá-nos a volta à cabeça, uma vez mais. And now I'm so alone, just looking for a home in every place I see, I' m the freedom man, that's how lucky I am. Sou o homem da liberdade, tal é a minha sorte, canta o Morrison. É inevitável. Volto sempre a Morrison e a Nietzsche. Foram os dois gajos que mais voltas me deram à cabeça. E continuam a dar. E umas gajas boas transportam as bandeiras do futebol. E os polícias controlam o café. Só os loucos atingem a divindade da vida, dizia Nietzsche. É preciso ser louco, louco divino como os poetas, como Morrison, como Nietzsche. É preciso celebrar a loucura. E os polícias bebem cerveja. Agora que a Cláudia partiu nada me resta senão a loucura. A loucura no meio dos alinhadinhos, dos normaizinhos. Posso não manifestá-la, mas ela está dentro de mim. E também a divindade. Posso não manifestá-la agora mas ela está cá e opõe-se à lógica dos negócios, da compra e venda, da moeda. O que roça o divino é a dádiva, a bondade, não a troca mercantil. A dádiva pela dádiva, o bem pelo bem, como dizia Sócrates e não o ficar à espera da recompensa no além como os cristãos. O céu só pode estar aqui, tal como o inferno. O céu está aqui no sorriso do inglês que me sorri sem razão aparente. O céu está nas atitudes desinteressadas, o céu está no bem, na bondade, no amor. Sócrates dizia que o amor é um gajo que anda esfarrapado. Um gajo esfarrapado, sem eira nem beira, sem direcção definida, como eu, neste momento. Neste mundo não podemos ser dóceis para toda a gente, não podemos ser carneiros, camelos, temos de ser a vontade, temos de rugir "eu quero!" como os leões. Temos de chegar ao menino, à criança sábia que joga e que ama.
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1 comentário:
estou sempre de partida...ou de chegada, conforme o ponto de vista
:-)
CSD
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