terça-feira, 11 de novembro de 2008
OS POETAS
POETAS
Descemos à cave
para celebrar o poema
trazemos o fogo
que roubámos aos deuses
brindamos à vossa mesa
Somos da raça dos malditos
dos renegados de todas as eras
connosco as damas não estão seguras
connosco o sangue ferve de raiva
Os negócios dos homens nada nos dizem
entre faunos e sátiros
erigimos a nossa morada
o homem vulgar não nos atinge
Os nossos festins não conhecem limites
estamos irmanados com a loucura
O nosso grito é inumano
Vem do centro da Terra
O riso é satânico dionisíaco
Não usamos relógios
a nossa hora é o Grande Meio-Dia
as regras dos homens nada nos dizem
só as seguimos, quando as seguimos,
por conveniência
Entramos no espírito dos homens
convertemos as mulheres em bacantes
semeamos o caos e a anarquia
O sossego e o tédio amolecem-nos
tornam-nos tímidos
mas o vinho robustece-nos
torna-nos xamãs
irmãos dos deuses
Poetas.
Vilar do Pinheiro, Motina, 11.11.2008
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