terça-feira, 11 de novembro de 2008

DIONISO CONTRA O MERCADO


BPI:4,6% BES:1,9% BCP:0,4% EDP Renováveis: 9,07% EDP-2,2% Galp Energia: 2,02% PT: -1,54% Sonae Indústria:-2,58%
O que é que isso me interessa? Em que é que isso contribui para a minha felicidade? Estou dependente de percentagens, de números que nada me dizem? Serei eu próprio um número, uma percentagem? Sou apenas um item nas contas do OGE ou nem isso? Ao que nós chegamos! Até quando esta ditadura das estatísticas, dos economistas? Por que raio me hei-de submeter a coisas assexuadas? Não, recuso-me a ser reduzido à condição de investimento! Não estou à venda no mercado! Tenho asco à palavra "mercado"! Tudo o que vem da lógica do mercado é podre, mete nojo! Não me venham falar em mercado! Enquanto o mercado prevalecer o homem não será homem! Não sou um sabonete! Não me vou deixar vencer pelo império dos sabonetes! Merda! Olho para o Arlindo e tenho pena. Sempre agarrado à caixa registadora! Sempre agarrado à merda dos trocos! Sempre escravo do mercado! Foi para isto que nascemos? Foi para isto que tivemos a benção da vida? Que porra de vida é esta? Percentagens e mais percentagens! Sócrates era uma percentagem? Nietzsche era uma percentagem? Henry Miller era uma percentagem? Por que raio se há-de um gajo entregar à mera sobrevivência e dar umas risadas, de vez em quando, para disfarçar? Por que raio não se há-de gozar esta merda na sua plenitude, sem estar sempre a fazer contas? Passamos a vida a fazer contas, dos benefícios e custos disto e daquilo sempre com a calculadora na mão e na cabeça. Que porra de vida é esta? É isto a vida? Porque raio não vem Dioniso? A única coisa que nos excita são as mulheres mas elas, na maior parte das vezes, são inacessíveis. Que prazer, que bem nos traz esta merda? Foi para isto que nascemos? Vá lá que ainda há pessoas que nos admiram, que gostam de nós mas, de resto,...mais valia andar sempre bêbado, sempre anestesiado para a realidade mas nem tenho a merda do dinheiro para isso! Ou, por outro lado, antes enlouquecer de vez. Sei lá, fariam pouco de mim. Foi para isto que vim ao mundo? Leio e escrevo, vou-me aguentando. Mas vim ao mundo para aguentar, para sobreviver? Esta merda não vem nos panfletos, nos programas dos partidos políticos. Os partidos que se preocupavam com estas merdas deixaram de se preocupar. Os partidos têm uma linguagem rasteira, superficial, eleitoralista, não vão ao fundo das questões, não vão ao essencial. O essencial é o combate entre a Vida e a sobrevivência, entre Dioniso e o mercado. Talvez o amor, o amor autêntico possa salvar esta merda.

1 comentário:

João Henrique Alvim disse...

boas, desde o nosso encontro na rotunda hoje . reti o nojo ao número, o henry miller e a mulher -que nos redime com um simples olhar caloroso do número que somos para o mercado. Onde estão os henry millers actuais ? Ideologias, culturas, relações, com sangue, esperma e vinho, por dentro ? Eis o santo graal a encontrar dentro de cada um de nós.