quinta-feira, 18 de setembro de 2008

TERRORISMO POÉTICO?


Estudantes defecam e vomitam para protestar


Enviado por Jornalismo em Qui, 04/08/2005 - 01:56.

Um protesto atípico de estudantes encerrou de forma inesperada a audiência do reitor da Unesp, Marcos Macari, no final da manhã de ontem, no salão nobre do câmpus de Franca.

Durante o evento que reuniu o reitor, o diretor da unidade de Franca, Hélio Borgui, professores e alunos para discutir aspectos administrativos da universidade, alunos, supostamente do curso de História, que não quiseram se identificar, aproximaram-se da mesa em que estavam o reitor e o diretor para protestar contra a presença de Macari.

A manifestação abreviou a passagem do reitor por Franca e irritou alunos e professores. A causa da irritação estava na forma como o confronto ocorreu.

Por volta das 11h, um aluno sem camisa e com uma meia fina na cabeça, no estilo “punk”, invadiu o salão com um balde na mão. No mesmo instante, dois outros alunos que estavam na platéia, levantaram-se e se aproximaram da mesa. Uma aluna colocou garrafas com urina muito perto do reitor e do diretor. Um segundo aluno estendeu folhas de jornal no chão, baixou as calças e defecou sobre elas. Em seguida, enrolou-as e as colocou sobre a mesa. O terceiro, o “punk”, vomitou dentro de um balde, que também foi colocado sobre a mesa.

Aos poucos, perto de dez estudantes foram se levantando, enquanto diziam que não agüentavam mais “essa palhaçada”. Visivelmente irritado, Marcos Macari saiu do plenário sem falar com ninguém.

Enquanto diretores e professores procuravam identificar os alunos, uma parte destes seguiu a reportagem para perguntar se as imagens seriam usadas no jornal. Apesar de reiterar que haviam promovido um ato de “terrorismo poético”, os estudantes estavam preocupados com as punições que poderão sofrer.

E pela disposição e rapidez da diretoria, eles devem mesmo ficar preocupados. Ontem à tarde, quando o grupo já estava parcialmente identificado, a congregação, reunida, decidiu registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil e instaurar um processo administrativo que pode determinar até a expulsão dos estudantes.

À reportagem, os alunos disseram que a manifestação foi promovida para que a direção do câmpus e a reitoria não mais os vissem como idiotas. “Queremos ser vistos de outra forma, não assim”, falou um deles, sem muito sentido. A princípio, não aconteceu nem uma coisa nem outra.



Novo câmpus não tem data para sair

do papel

O projeto de construção do câmpus da Unesp em Franca poderá atrasar mais uma vez. A afirmação é do diretor da unidade, professor Hélio Borghi, e confronta outra, dada pelo vice-reitor Hermann Voorwald ao Comércio no mês passado, esfriando as expectativas da comunidade local em relação ao início das obras, anunciadas para outubro.

Na dependência de uma lei que deve ser votada pela Assembléia Legislativa de São Paulo, a Unesp não sabe quando poderá começar a construção do câmpus, orçada em R$ 14,3 milhões. Segundo Borghi, o atraso é inevitável e tem a ver com a demora da votação na Assembléia.

Durante o evento da manhã de ontem, um dos assuntos mais recorrentes foi a situação financeira da Unesp, que não consegue equalizar receita e despesa. A instituição deverá fechar 2005 no vermelho com um déficit de mais de R$ 68 milhões. “A situação não é das mais favoráveis”, respondeu Macari quando foi questionado sobre investimentos em Franca e em outros campi.

Segundo o reitor, algumas unidades estão passando por readequações visando diminuir os gastos com seu custeio. A crise financeira da universidade já ameaça o pagamento do décimo-terceiro salário de professores e funcionários.

NADA MAIS

Macari não falou com a imprensa. Ao final do encontro em Franca, saiu sem dar declarações, após a manifestação contra ele realizada por alunos do curso de História. A escritura de doação da área de 200.250 metros quadrados, e não 10 mil metros como afirmou a Unesp, foi feita à universidade em 1981 pela Infacape, Instituição Família Cavalheiro Caetano Petráglia.

Pelo termo, a Unesp teria cinco anos para começar as obras, caso contrário a área seria devolvida. “Para evitar a devolução do terreno, foi construída uma casa para caseiro e o terreno cercado com alambrado”, disse o médico Reinaldo Sérgio Afonso, 60, presidente da Infacape. “Com isso, justificava-se a existência de obras no local, mas hoje, mais de vinte anos depois, a casa está destruída e o cercado foi quase todo furtado”.

O administrador disse que a entidade não tem competência para exigir a devolução do terreno doado à Unesp, nem mesmo judicialmente. “Quem teria que fazer isso, agora, é a Prefeitura de Franca”.



Fonte: Paulo Godoy




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