quinta-feira, 18 de setembro de 2008

NERO


É noite e escrevo. Não tenho sono. Dois dias consecutivos a dizer poesia levam-me a concluir que devo continuar a dizer essencialmente as minhas coisas. Há coisas que resultam melhor aqui, outras que resultam melhor ali, mas concluo que estou mais virado para a juventude.



Os bancos fecham. O capitalismo está a arder. Não deixo de estar contente. Bebo a isso. A minha revolução é caótica, morrisoniana. Não tenho de ser racional. Dinamitemos a bolsa!- os velhos slogans estão de volta. De qualquer modo, não tenho nada a perder. Não sou obrigado a gramar com o capitalismo todos os dias. Há que fazer a guerrilha. Mostrar o desprezo pelo dinheiro e pelo mercado. Há que ser um terrorista poético.


Agora chove lá fora. As ideias do bem e do mal guerreiam no meu cérebro. Tenho medo de me deixar levar pelas ideias demoníacas. Pareço um Nero. Roma arde. Já não sei quem ateou o fogo. Agarro-me aos poemas e canto. As pessoas correm desesperadas, tentando por-se a salvo. É o caos. Roma em chamas. O fogo consome tudo. E eu danço com a minha amada. É a imagem que vem. Tenho medo.

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