quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
A VIDA ÚNICA
Cada um de nós veio para o mundo para viver a sua vida que é única. Contudo, segundo Agostinho da Silva, o nosso sistema educacional e o sistema capitalista global impedem-no, empurrando-nos para um trabalhinho que garante o salário mensal mas que não nos proporciona a missão de criadores, de tomarmos a iniciativa, de vivermos livremente a vida. A própria universidade serve para tirar cursos, para alcançar canudos, não para formar homens e mulheres. Forma, sim, essencialmente técnicos, especialistas, homens cuja linguagem deixa de ser inteligível para outros homens. Na escola as humanidades, a filosofia, são relegadas para segundo plano, desprezando-se o questionamento e o verdadeiro debate de ideias. Reinam o caos e a confusão, apenas refreados pela moral judaico-cristã. A ignorância, a manha e o chico-espertismo são premiados. A coesão é meramente artificial. Vivemos na civilização da concorrência, do combate, da mera luta pela vida, da batalha pela sobrevivência, como na selva. Poucos mantêm a dignidade. Poucos estão conscientes. Poucos mantêm em si a criança que faz o milagre de conseguir que o tempo desapareça.
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
A NOVA LINGUAGEM
Não falarei mais a linguagem dos partidos. Não falarei mais a linguagem da economia. Falarei como Jesus, Sócrates ou Nietzsche. Chegou a minha vez de me dirigir aos homens e às mulheres. Venho combater os mercadores e os vendilhões do templo. Mas também o homem pequeno que trepa e inveja. Amo as mulheres belas, mesmo que elas amem o ouro. Amo a liberdade e a justiça. Procuro o ser e não o ter. Todavia, vejo as pessoas separadas, fechadas em grupos, muitas isoladas. As próprias conversas normalmente não são elevadas, são triviais, corriqueiras. Está tudo cheio de medo do papão. De perder o emprego, de perder o cargo, de perder o dinheiro. As pessoas não se movimentam à vontade. Andam controladas. Só alguns escapam. E mesmo esses, algumas vezes, têm problemas de solidão ou de dinheiro. Ainda assim são homens e mulheres livres. Não obedecem a ordens nem têm patrões. Nem sequer têm nada a perder. É aqui que cheguei. Posso dizer e escrever tudo o que me apetece. Posso insultar o governo, o Presidente, os banqueiros, os empresários, os especuladores, a Merkel, o Obama. Posso gozar com esta merda toda. Posso dizer que o caos está próximo, como disse na RTP. É claro que preciso de um pouco mais de atenção, é claro que preciso de mais companheiros. No entanto, sei que digo o que poucos dizem. No entanto, sei que há forças suficientes para formar, quiçá, um novo partido ou um novo movimento. Porque sei que há gente descontente, gente que também põe em causa a linguagem dos partidos. Gente que pensa mais ou menos como eu.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
QUE REINEM DIONISOS E AS BACANTES!
A mulher dos livros apareceu e quer mesmo comprar os meus livros. Como Bukowski tenho que manter uma disciplina de escrita. E escrever estórias, nem que sejam auto-biográficas. A confeitaria está quase deserta. É Natal e o Natal nada me diz. Preciso de outro café senão morro de sono. Acordei muito cedo. A Ana tira bem os cafés, curtinhos. As mãos tremem. Têm dificuldade em segurar a chávena. Talvez acabe como o Bukowski. Pelo menos vou aparecendo nos media. Vamos ver o que dá o "Beat". Que tenho talento já não tenho dúvidas. Queria ir viver para Braga para junto daquela de que tanto gosto. Para isso precisaria que os jornais me pagassem mais. No entanto, não há dúvida de que estou no bom caminho. Mais tarde ou mais cedo a coisa vai estoirar. Sou um gajo porreiro, um tipo sincero mas também um indivíduo perigoso. Agora até tenho um jornal, "A Rebelião". Não sei, não sou como os outros. Quando começo a beber a valer quero a festa permanente, o banquete permanente, não este tédio, não esta falsa alegria. Sim, eu vou alcançar as alturas. Não me contento com mediocridades. Fui lançado para aqui pelos céus, fui abençoado. Agora compreendo. Outros, outras também o foram. Uma minoria. Essa minoria já sofreu muito. Não fomos feitos para a norma, para a ordem, para a troca. Queremos caminhar livres. Queremos dançar. O dia é nosso. A noite é nossa. Evoé! Que reinem Dionisos e as bacantes!
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
A LAVAGEM CEREBRAL
Segundo Erich Fromm, existem métodos de lavagem cerebral na publicidade comercial, industrial e política. Graças a esses métodos compramos coisas que não necessitamos e elegemos políticos que não queremos. O que é pior é que a grande maioria de nós não é senhora da sua mente devido a métodos hipnóides empregues para nos doutrinar. Esses métodos hipnóticos utilizados na propaganda comercial e política constituem um grave perigo para a saúde mental, nomeadamente para o pensamento claro e crítico, bem como para a independência emocional. Trata-se de um fenómeno imbecilizante.
A própria informação, na melhor das hipóteses, refere-se apenas à superfície dos acontecimentos, e raras vezes dá aos cidadãos uma oportunidade de ir além da superfície e de identificar as causas profundas dos factos. A venda de notícias é encarada como um negócio como qualquer outro. Ou seja, estamos perante um sistema fascista que nos controla e estupidifica e poucos têm consciência disso. Tudo é feito no sentido de nos formatar e de nos fazer a cabeça. Permitem-nos beber uns copos, assistir a uns espectáculos, ir a umas festas mas logo voltamos à máquina. Por outro lado, as pessoas sentem-se cada vez mais deprimidas. Sentem o isolamento, a impotência, a vida vazia do consumo e da futilidade, a falta de sentido da vida. É preciso ser, dar, participar e compreender em vez de andar atrás do lucro, do poder, do sucesso. É necessário ler, estudar, desfrutar, procurar, descobrir, amar em vez de competir e lutar. É necessária uma "religiosidade" sem religião que vai de Buda a Marx mas é necessário também um grande grito, um grito que acorde aqueles que estão doentes, que parecem mortos, é necessário um grito profético que derrube muros e muralhas porque, de facto, estamos quase perdidos como espécie.
sábado, 19 de dezembro de 2015
O AQUI E AGORA
Contrariamente ao que possa parecer, as pessoas essencialmente movidas pela avidez de dinheiro ou posses são basicamente doentes, segundo Spinoza. Ora, a sociedade capitalista é uma sociedade doente, onde o sucesso depende do modo como as pessoas se vendem bem no mercado, do modo como impõem a sua personalidade. Depende do facto de serem joviais, sadias, agressivas, ambiciosas ou "honestas". Ao vender a sua personalidade, o ser humano sente-se e é uma mercadoria, sendo, ao mesmo tempo, o vendedor e a mercadoria a ser vendida. A pessoa desinteressa-se pela sua vida e felicidade, preocupando-se apenas em ser vendável. As questões filosóficas ou associadas ao sentido da vida não constituem preocupação para essas pessoas. Eis a podridão a que chegámos. Podridão e doença. Afinal, os loucos, os inadaptados é que estão perfeitamente sãos. Afinal, o que importa é o ser, o aqui e o agora. De acordo com Erich Fromm, redigir as ideias dá-se no tempo mas concebê-las é um acto criativo intemporal. A experiência do amor, da alegria, da apreensão da verdade, não ocorre no tempo, mas aqui e agora. O aqui e agora é eternidade.
Na sociedade mercantil o tempo reina. Cada acto tem que ser rigorosamente cronometrado. Além disso, o tempo é também dinheiro. Mais terrível ainda: os nossos valores superiores ainda estão associados à masculinidade- ser mais forte do que os outros, sair vitorioso, conquistar outros povos e explorá-los. Para Aristóteles, pelo contrário, a mais elevada forma de práxis, de actividade, é a vida contemplativa, dedicada à procura da verdade. Daí que tenhamos que virar este mundo de pernas para o ar. Acabar com toda a alienação, com toda a lavagem ao cérebro, com toda a publicidade. Isto precisa mesmo de uma limpeza geral. Ousemos. Provoquemos. Desafiemos. Derrubemos todos os poderes.
Na sociedade mercantil o tempo reina. Cada acto tem que ser rigorosamente cronometrado. Além disso, o tempo é também dinheiro. Mais terrível ainda: os nossos valores superiores ainda estão associados à masculinidade- ser mais forte do que os outros, sair vitorioso, conquistar outros povos e explorá-los. Para Aristóteles, pelo contrário, a mais elevada forma de práxis, de actividade, é a vida contemplativa, dedicada à procura da verdade. Daí que tenhamos que virar este mundo de pernas para o ar. Acabar com toda a alienação, com toda a lavagem ao cérebro, com toda a publicidade. Isto precisa mesmo de uma limpeza geral. Ousemos. Provoquemos. Desafiemos. Derrubemos todos os poderes.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
ESTA NOITE CRESCI 1000 ANOS
Esta noite cresci 1000 anos. Damásio indicou-me a imortalidade. Ceei com Zeus e Afrodite. Nunca mais serei o mesmo. Combati ao lado de Aquiles e Ulisses. Amo os meus companheiros e as minhas companheiras. Pernoito na casa da amada. Aguardo pelo dia. Nunca mais é dia. Prossigo o poema. Braga, rua Nova de Santa Cruz, 195, 2º, dezembro de 1995. 20 anos. A minha casa. A casa onde amei. Eram sonhos, era a vida. Agora estou aqui. Renascido. Pleno de vida. Com iluminações, vozes e fantasmas. As pessoas olham-me. Tantas noites, tantas vidas. Ácidos e mescalina. A chuva bate. Nunca mais é dia. Sou o mais louco dos homens. Possuo também a sabedoria. A sabedoria selvagem e a sabedoria olímpica. Estive muito tempo calado, a ouvir os outros. Aprendi muito ao balcão a beber cervejas. Agora estou curado.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
A REVOLUÇÃO POR SI MESMA
Segundo Simone de Beauvoir, o revolucionário "quer a revolução por si mesma, procura através dela a afirmação da sua liberdade e da sua transcendência". Não procura somente o dia a seguir à revolução. O homem é o único soberano e senhor do seu destino, mas apenas se quiser sê-lo. De facto, nós procuramos o orgasmo da revolução, o aniquilamento dos poderes, a festa. E queremos ser senhores do nosso destino, das nossas vidas, não queremos entregá-las aos senhores do dinheiro, aos políticos castradores, aos especuladores, aos senhores dos media e da lavagem ao cérebro. Por isso caminhamos livres, sem obrigações nem chefes, por isso dizemos e escrevemos o que nos dá na real gana, por isso não temos medo. E prosseguimos a viagem a incomodar, a provocar, a insultar os chacais, os abutres e os carneiros. Por isso somos loucos divinos. E amamos.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
MANIFESTO ANTI-MARCELO
O Marcelo é telegénico
o Marcelo é fotogénico
o Marcelo é papel higiénico
o Marcelo é um comunicador
o Marcelo é fotogénico
o Marcelo é papel higiénico
o Marcelo é um comunicador
O Marcelo sabe muito
o Marcelo fala de tudo
o Marcelo é professor
o Marcelo fala de tudo
o Marcelo é professor
O Marcelo é um fala-barato
o Marcelo é um porco aquático
o Marcelo é um encantador
o Marcelo é um porco aquático
o Marcelo é um encantador
O Marcelo é um demagogo
o Marcelo engana o povo
o Marcelo está no polvo
o Marcelo é um engraxador
o Marcelo engana o povo
o Marcelo está no polvo
o Marcelo é um engraxador
O Marcelo é janota
o Marcelo veste fatiota
o Marcelo é cor-de-rosa
o Marcelo é um estupor
o Marcelo veste fatiota
o Marcelo é cor-de-rosa
o Marcelo é um estupor
O Marcelo lidera as sondagens
o Marcelo cuida das imagens
o Marcelo dá palpites
o Marcelo tem apetites
o Marcelo é hiperactivo
o Marcelo é radioactivo
o Marcelo é tóxico
o Marcelo é veneno
morra o Marcelo
morra, pim!
o Marcelo cuida das imagens
o Marcelo dá palpites
o Marcelo tem apetites
o Marcelo é hiperactivo
o Marcelo é radioactivo
o Marcelo é tóxico
o Marcelo é veneno
morra o Marcelo
morra, pim!
O Marcelo julga que tem piada
o Marcelo é uma anedota
o Marcelo dá-se com os patrões
o Marcelo dá-se com os senhores dos milhões
o Marcelo anda aos trambolhões
o Marcelo é um cota
o Marcelo é um idiota
morra o Marcelo
morra, pim!
o Marcelo é uma anedota
o Marcelo dá-se com os patrões
o Marcelo dá-se com os senhores dos milhões
o Marcelo anda aos trambolhões
o Marcelo é um cota
o Marcelo é um idiota
morra o Marcelo
morra, pim!
O Marcelo já se julga presidente
o Marcelo está demente
o Marcelo mente
o Marcelo esbraceja
o Marcelo cacareja
o Marcelo é um telemóvel
o Marcelo é um automóvel
o Marcelo é o que faço dele.
o Marcelo está demente
o Marcelo mente
o Marcelo esbraceja
o Marcelo cacareja
o Marcelo é um telemóvel
o Marcelo é um automóvel
o Marcelo é o que faço dele.
O Marcelo é uma foca
O Marcelo é uma fofoca
o Marcelo vai ao "Big Brother"
pregar aos imbecis
o Marcelo é marmelo
o Marcelo é martelo
o Marcelo é caramelo
o Marcelo não serve
o Marcelo não presta
morra o Marcelo
morra, pim!
O Marcelo é uma fofoca
o Marcelo vai ao "Big Brother"
pregar aos imbecis
o Marcelo é marmelo
o Marcelo é martelo
o Marcelo é caramelo
o Marcelo não serve
o Marcelo não presta
morra o Marcelo
morra, pim!
A HUMANIDADE EM PERIGO
A Humanidade e a Terra estão em perigo. A quantidade de emissões de dióxido de carbono (CO2) até agora lançadas na atmosfera, que corresponde a um aumento de 0,85 º C é suficiente para fazer derreter metade das calotes polares do Ártico e causar cada vez mais secas extremas, inundações dramáticas e tempestades terríveis, ou seja, grandes catástrofes naturais. Segundo o teólogo Leonardo Boff, as sociedades mundiais continuam obcecadas pelo ideal do crescimento ilimitado, medido pelo PIB. Falam em desenvolvimento, mas na verdade o que buscam é o crescimento material. Para Michael Lowy, co-fundador do eco-socialismo: "é evidente que a corrida louca atrás do lucro, a lógica produtivista e mercantil da civilização capitalista/industrial leva-nos a um desastre ecológico de proporções incalculáveis. A dinâmica do crescimento infinito, induzida pela expansão capitalista, ameaça destruir os fundamentos da vida humana no planeta". A questão central não está, como viu o Papa Francisco, na relação entre crescimento e natureza. Mas entre ser humano e natureza. Este não se sente parte da natureza, mas seu dono, que pode dispor dela como quiser. Não cuida dela nem se responsabiliza pelos danos da voracidade de um crescimento infinito com o consumo ilimitado que o acompanha. Assim caminha célere rumo a um abismo, pois a Terra não suporta mais tanta exploração e devastação. Como na Cimeira do Clima em Paris não foram tomadas medidas drásticas, dados os interesses instalados, os próximos 20 ou 30 anos poderão ser caóticos.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
NADA NOS VAI PARAR
Os tempos são mesmo de caos e barbárie. A extrema-direita de Marine Le Pen venceu as eleições regionais francesas. O fascismo contra o diferente, contra os imigrantes, contra os refugiados ganha terreno. Os chacais nazis cerram os dentes. Na Venezuela a revolução do comandante Hugo Chávez e de Maduro perde terreno para a máfia capitalista. É uma guerra esta que travamos. Entre a vida e a morte. Entre o socialismo e a direita trauliteira e fascista. Entre a castração e a liberdade. Entre a manha e a justiça. Não cederemos. O mundo é nosso. Usaremos o caos a nosso favor. Já lá estivemos várias vezes. Não suportamos mais estes gajos. Não suportamos mais as suas fortunas, os seus bancos, as suas empresas. Vimos de outros mundos. Nascemos sob a tal estrela. Seguiremos Chávez , Fidel e o Che mas também Bakunine e Kropotkine. Estivemos muito tempo calados. Agora é a nossa hora. Tomaremos as ruas e as praças. Ocuparemos bancos, palácios e assembleias. Empurrá-los-emos para fora da vida, a esses imbecis endinheirados. Um novo mundo nascerá. Um mundo de amor, liberdade e celebração. Sim, nós somos os primeiros homens. Nós nascemos para criar e transformar. Do caos nascerá a luz. Nós amamos loucamente as mulheres belas. Nada temos a ver com a ditadura tecnológica. Renegamos o império financeiro e mediático. Não suportamos o consumismo do Natal e o consumismo em geral. Sim, vimos de longe. Descemos a montanha com Zaratustra. Viemos para junto dos homens. Uns amam-nos, outros odeiam-nos. Temos que nos habituar a isso. Como Sócrates, como Jesus. Começamos a ganhar fama. Aqui em Braga. A nossa cidade. A cidade onde crescemos. Onde conhecemos a noite e a mulher. Aqui reinamos. Aqui somos soberanos. Agora nada nos vai parar.
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
POETA BÊBADO
Merda de álcool que me envenenas
estive com a Fernanda
e não paro de beber
bebo se estou triste
bebo se estou alegre
vai ser assim até morrer
bebo se estou triste
bebo se estou alegre
vai ser assim até morrer
bebo
vou de bar em bar
o fígado aguenta
as gajas falam
preciso de uma mulher
mas não de uma qualquer
vou de bar em bar
o fígado aguenta
as gajas falam
preciso de uma mulher
mas não de uma qualquer
saí do partido
sou anarquista
poeta bêbado
candidato a Presidente
agora estou no Aduela
nunca escrevi aqui
já merecia uma estátua
vão-se lá foder
sou anarquista
poeta bêbado
candidato a Presidente
agora estou no Aduela
nunca escrevi aqui
já merecia uma estátua
vão-se lá foder
bebo porque quero
porque não os suporto
nem ao proletariado
nem ao comité central
afinal até descendo
de um rei
mas isso não me adianta
a ponta de um corno
reino nesta cidade
reino porque bebo
reino porque sou louco
Hamlet
Quixote
Zaratustra a bradar
a diferença é que a minha escrita
é automática,
senhores
não preciso de emendas
só de copos
e de empregados a servir
o senhor
mesmo que este pague
não quero educar
a classe operária!
A classe operária
nada me diz
os sem-abrigo sim
ao frio, nas ruas
a Fernanda sabe muitas coisas
falou do amor infinito
do amor universal
e eu fiquei siderado a olhar
preciso mesmo de uma mulher
mas não de uma qualquer
bebo a isso
bebo a tudo
é só fazer rolar o marfim
o amor está no fim
"o fim,
amigo querido,
o fim,
amigo único,
nunca mais te olharei
nos olhos
custa-me deixar-te
mas tu nunca me seguirias"
Morrison está aqui
e eu sou a estrela
a puta do rock n' roll
não tenho realmente limites
sou doido, querida
nada há a fazer
ride-vos
pensais estar na maior
mas o caos está à porta
o caos aperta
o caos dança
dancemos pois
o apocalipse
apocalipse now
Marlon Brando
xamã
porque não os suporto
nem ao proletariado
nem ao comité central
afinal até descendo
de um rei
mas isso não me adianta
a ponta de um corno
reino nesta cidade
reino porque bebo
reino porque sou louco
Hamlet
Quixote
Zaratustra a bradar
a diferença é que a minha escrita
é automática,
senhores
não preciso de emendas
só de copos
e de empregados a servir
o senhor
mesmo que este pague
não quero educar
a classe operária!
A classe operária
nada me diz
os sem-abrigo sim
ao frio, nas ruas
a Fernanda sabe muitas coisas
falou do amor infinito
do amor universal
e eu fiquei siderado a olhar
preciso mesmo de uma mulher
mas não de uma qualquer
bebo a isso
bebo a tudo
é só fazer rolar o marfim
o amor está no fim
"o fim,
amigo querido,
o fim,
amigo único,
nunca mais te olharei
nos olhos
custa-me deixar-te
mas tu nunca me seguirias"
Morrison está aqui
e eu sou a estrela
a puta do rock n' roll
não tenho realmente limites
sou doido, querida
nada há a fazer
ride-vos
pensais estar na maior
mas o caos está à porta
o caos aperta
o caos dança
dancemos pois
o apocalipse
apocalipse now
Marlon Brando
xamã
estes gajos não percebem nada de nada
é a revolução
a puta da revolução
ardei pois
rebentai pois
a hora está a chegar
vós bebeis copos
eu bebo copos
não sabeis o que se está
a passar
o Che está aqui
Bakunine está aqui
dancemos pois
this is the beggining
of a new age
cantou Lou Reed
Take a walk on the wild side
nem do bom rock n' roll
vos lembrais?
Ai, eu canto
ai, eu sou supremo
ai, Arnaldo
como te gozo
a ti e ao teu proletariado
eh!Eh!Eh!Eh!Eh!Eh!
Agora a estrela sou eu
Virgínia
Gotucha
a estrela sou eu
e como a pena é poderosa
vale por mil armas
money
get back
i'm all right, jack
keep your hands
off my stack
Pink Floyd
Roger Waters
1984
não sabeis o que eu sei
não sou de Deus nem de Alá
mato a jihad mato americanos
como criancinhas
ao pequeno-almoço
ai, Maria
sou tão louco
tão louco
para esta gente
ainda vos ris
das prendas de Natal
dos telemóveis
da puta que vos pariu
estou como Charles Bukowski
e estou-me nas tintas
para os vossos risinhos idiotas
é tempo de combater
de pegar em armas
é a revolução
a puta da revolução
ardei pois
rebentai pois
a hora está a chegar
vós bebeis copos
eu bebo copos
não sabeis o que se está
a passar
o Che está aqui
Bakunine está aqui
dancemos pois
this is the beggining
of a new age
cantou Lou Reed
Take a walk on the wild side
nem do bom rock n' roll
vos lembrais?
Ai, eu canto
ai, eu sou supremo
ai, Arnaldo
como te gozo
a ti e ao teu proletariado
eh!Eh!Eh!Eh!Eh!Eh!
Agora a estrela sou eu
Virgínia
Gotucha
a estrela sou eu
e como a pena é poderosa
vale por mil armas
money
get back
i'm all right, jack
keep your hands
off my stack
Pink Floyd
Roger Waters
1984
não sabeis o que eu sei
não sou de Deus nem de Alá
mato a jihad mato americanos
como criancinhas
ao pequeno-almoço
ai, Maria
sou tão louco
tão louco
para esta gente
ainda vos ris
das prendas de Natal
dos telemóveis
da puta que vos pariu
estou como Charles Bukowski
e estou-me nas tintas
para os vossos risinhos idiotas
é tempo de combater
de pegar em armas
as gajas chegam
sentam-se
não me conhecem
sou o António Pedro Ribeiro,
47 anos,
poeta maldito,
ando por aqui
sei umas coisas
aprendi-as com o meu pai
com a minha mãe
mas também na rua
nos cafés
nos bares
no palco
e agora estou aqui
bebo
gosto de beber
como tu, Jaime
como tu, Pacheco
como tu, Joaquim
como tu, Alberto
somos assim
não somos como os outros
temos a ternura
mas também a manha
o rien-faire destes gajos irrita-me
a indiferença destes gajos
irrita-me de morte
põe Doors
põe Led Zeppelin
estou farto destes merdas
no Candelabro oferecem-me cervejas
sou a estrela
e estes gajos não me ligam
vão pagá-las
uma a uma
é o hedonismo
sem mais nada
filhos da puta
nada dizeis de jeito
nada que eleve
como a Fernanda.
sentam-se
não me conhecem
sou o António Pedro Ribeiro,
47 anos,
poeta maldito,
ando por aqui
sei umas coisas
aprendi-as com o meu pai
com a minha mãe
mas também na rua
nos cafés
nos bares
no palco
e agora estou aqui
bebo
gosto de beber
como tu, Jaime
como tu, Pacheco
como tu, Joaquim
como tu, Alberto
somos assim
não somos como os outros
temos a ternura
mas também a manha
o rien-faire destes gajos irrita-me
a indiferença destes gajos
irrita-me de morte
põe Doors
põe Led Zeppelin
estou farto destes merdas
no Candelabro oferecem-me cervejas
sou a estrela
e estes gajos não me ligam
vão pagá-las
uma a uma
é o hedonismo
sem mais nada
filhos da puta
nada dizeis de jeito
nada que eleve
como a Fernanda.
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
CAMELOT
O reconhecimento. Algum narcisismo, confesso. Mas se não fosse narcisista já teria dado um tiro nos cornos. Já estive na merda várias vezes, meses seguidos no inferno da depressão. Agora é a minha vez de reinar. Sou candidato anti-capitalista à presidência da República. Sou anarquista-guevarista-nietzscheano. Isso não me impede de passar noites de bar em bar, de copo em copo. Venho de Henry Miller, de Jim Morrison, de Charles Bukowski. As pessoas olham para mim porque sou diferente. Não sou escravo do trabalho nem das horas. Escolhi a vida que quis. Falta-me a mulher amada. Falta-me a revolução concretizada. No entanto, sinto-a próxima. O capitalismo está num caos por causa dos atentados dos fanáticos de Alá e da barbárie interna. As pessoas não sabem o que querem. Falam de futilidades. Não se calam. Pobres vidas. Anda um gajo em busca da glória e esta gente contenta-se com telemóveis, televisão, dinheiro e sobrevivência. Sim, estou na estrada de Camelot, de Artur, do Santo Graal. Não como desse pão!, como disse Péret. Estive muito tempo calado, a ouvir os outros, agora é a minha vez de me dirigir ao mundo. Agora o mundo é meu, nada está acima de mim nem da minha vontade. Sou deus de mim e da minha vida, como afirma Max Stirner. Sou único, sou soberano. As palavras saem livres, soltas. Sou aquele que dança. Dionisos a Presidente. E mulheres, muitas mulheres, mulheres belas, as minhas bacantes. Não, este mundo não me agrada. Eu sou da celebração do lagarto, do banquete permanente, da criação. "A estrada do excesso conduz ao palácio da sabedoria", já dizia William Blake. Não sou sequer deste tempo, deste século, venho de Camelot, de Elsenor, da Grécia Antiga. Amo-vos mas tenho pena de vós.
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
MAGOS, POETAS
Queria transmitir o que sei aos mais novos. Mas raramente estou com eles. Nem sei bem o que eles pensam. Queria transmitir-lhes que esta via não é única nem irreversível. Que, dentro de nós, existem forças maravilhosas, forças que nos elevam, que fazem de nós poetas, magos, criadores. Que o mundo de todos os dias, das obrigações, do trabalho não é o único. Pelo menos alguns de nós somos capazes de superar esse mundo porque somos enviados dos céus e podemos construir o céu na terra. Temos capacidades mentais prodigiosas. Não as desperdicemos.
terça-feira, 17 de novembro de 2015
NEM JIADISMO NEM CAPITALISMO
Nem jiadismo nem capitalismo. Condenamos os atentados de Paris, condenamos os carniceiros de Alá mas também condenamos um complexo mediático "que manipula sistematicamente as consciências, mantendo a população numa condição de passiva inconsciência", como afirma Herbert Marcuse. Condenamos também os bombardeamentos franceses na Síria que matam inocentes, tal como condenamos os bombardeamentos americanos e ocidentais no Iraque e no Afeganistão, bem como os bombardeamentos israelitas sobre os palestinianos. Condenamos a sociedade de consumo e da opulência que aspira por aparelhos de televisão, computadores e telemóveis cada vez mais eficientes, por automóveis cada vez mais velozes e sofisticados, por este ou aquele conforto. Nada queremos com essa merda! Nada queremos, como dizia André Breton, com este "monstruoso sistema de fome e escravidão". Nada queremos com uma sociedade que castra o desejo e a própria vida. Não temos que defender uma sociedade que, ao contrário do que pregam Hollande, Obama ou Cameron, já não é a da liberdade, igualdade e fraternidade. A revolução prepara-se, apenas, retomando a expressão de Trotsky, para "conquistar para todos os homens direito, não apenas ao pão, mas também à poesia".
domingo, 15 de novembro de 2015
COMPRAM. VENDEM-SE.
Eles andam por aí como macacos. Saúdam-se, cumprimentam-se. Dizem umas graçolas. Compram e vendem. Assim existem. Não lêem. Não evoluem. Repetem os dias, os comportamentos, as ideias. Reproduzem as ideias que lhes vendem. Não têm pensamento próprio. Macaqueiam. Arrastam-se. Pagam. Compram. Vendem. Mexem no dinheiro. Propagam a espécie. Reproduzem-se. Passam o Natal, a Páscoa, o Ano Novo. Falam. Conversam. Mexem no telemóvel. Comem. Bebem. Mijam. Cagam. Dormem. Fodem. Compram. Vendem.
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