quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
DROGA
AUMENTO DO RENDIMENTO DAS FAMÍLIAS? ESTES FILHOS DA PUTA CONTINUAM A MENTIR

Banco de Portugal revela previsões de Inverno
A recessão esperada mas com aumento do rendimento das famílias
07.01.2009 - 08h43
Por Sérgio Aníbal
Nelson Garrido (arquivo)
As empresas orientadas para o mercado externo estão mais vulneráveis com a recessão
Portugal vai entrar, durante este ano, numa situação inédita nas últimas três décadas: a economia vai contrair-se, mas o rendimento disponível das famílias vai ter, em média, um crescimento real.
A previsão é feita pelo Banco de Portugal (BdP), que ontem, na apresentação do seu boletim económico de Inverno, confirmou as piores expectativas em relação à evolução da actividade económica no país. Desde logo, a entidade liderada por Vítor Constâncio estima que, na segunda metade de 2008, Portugal já entrou em recessão técnica (definida como dois trimestres consecutivos de crescimento negativo). Depois da variação de -0,1 por cento no terceiro trimestre do ano, a economia terá apresentado, segundo Constâncio, "um desempenho muito negativo no quarto trimestre". Feitas as contas, para que a economia conclua o ano de 2008 com um crescimento de 0,3 por cento, como agora prevê o Banco de Portugal, a variação negativa do PIB nos últimos três meses terá sido de pelo menos 0,7 por cento.
Em 2009, os resultados negativos mantêm-se. O BdP aponta para uma contracção do PIB de 0,8 por cento, um resultado idêntico ao da crise de 2003. Apenas em 2010 surgirá a recuperação, embora muito modesta, com um crescimento de 0,3 por cento. A confirmarem-se estes números, prolonga-se por mais dois anos o período em que Portugal regista taxas de crescimento inferiores à da média da zona euro, que, segundo o Banco Central Europeu, deverá recuar 0,5 por cento em 2008 e crescer um por cento em 2010.
Impactes nas famílias
Para os portugueses, quando a economia apresenta um crescimento negativo, o resultado é, habitualmente, uma redução em termos reais do seu rendimento médio disponível. Foi isso que aconteceu em 1983, 1984, 1993 e 2003, os anos de contracção económica das últimas três décadas.
Mas desta vez não. No meio da crise nacional e internacional, o rendimento disponível das famílias portuguesas deverá, segundo o BdP, registar uma subida de 1,6 por cento este ano, o melhor resultado desde 2001. Isto acontece porque, ao mesmo tempo que se registam alguns aumentos nominais dos salários e pensões, a taxa de inflação deverá cair para um por cento, o valor mais baixo desde que o país está em democracia.
"Este ano, os que conservam os seus empregos, e são a grande maioria, verão os seus rendimentos aumentar e poderão expandir ligeiramente os seus níveis de consumo", disse Constâncio.
Sendo assim, se, em termos médios, as famílias vão ter mais dinheiro nas mãos, porque é que a economia vai contrair-se, colocando mais pessoas no desemprego e tornando ainda mais difícil, para os que já estão desempregados, sair dessa situação?
As causas da recessão
Em primeiro lugar porque, perante este inesperado aumento do rendimento, os portugueses vão poupar.A taxa de crescimento prevista pelo BdP para o consumo privado é de 0,4 por cento, bastante menos que os 1,4 por cento de 2008, sendo que a poupança cresce um por cento, o valor mais alto da última década. Num cenário em que as taxas de juro até descem, o banco assinala "o aumento da poupança por motivos de precaução, num contexto de acrescida incerteza e deterioração das expectativas dos agentes sobre a evolução futura do seu rendimento e da sua riqueza".
Depois há a queda a pique das exportações, que promete colocar em dificuldades muitas empresas. Em 2008, este indicador já não terá conseguido melhor do que uma variação de 0,6 por cento. E, em 2009, prevê-se uma diminuição de 3,6 por cento, o pior resultado dos últimos 28 anos. Este é o principal contributo para a variação negativa do PIB que se prevê para 2009 e, sem uma recuperação dos principais mercados, dificilmente se pode pensar num ritmo de crescimento mais elevado para a economia.
As expectativas negativas e as dificuldades de acesso ao crédito terão também um efeito negativo no investimento que, entre 2008 e 2010, terá, mesmo com a anunciada ajuda pública, sempre uma evolução negativa.
Esquecer o défice externo
Na conferência de imprensa que se seguiu à divulgação do boletim económico de Inverno, Vítor Constâncio aproveitou para revelar o que acha que deve ser a resposta de política económica a esta crise.
E começou por deixar claro que, nesta fase, não é no défice externo que deve estar colocada a preocupação central. Antes pelo contrário. "No curto prazo, conter mais o crescimento do endividamento externo implicaria o agravamento da recessão, que não seria aceitável face aos riscos de desemprego e perda de rendimento que implica", afirmou.
Na mensagem de Ano Novo, o Presidente da República tinha elegido o défice externo como uma das preocupações centrais para a economia nacional, assinalando que "Portugal não pode continuar, durante muito mais tempo, a endividar-se no estrangeiro ao ritmo dos últimos anos". Ainda assim, Constâncio recusa a existência de uma perspectiva diferente nesta matéria. "Conheço suficientemente o pensamento do Presidente da República para saber que não é isso [fazer da redução do défice externo a prioridade da política económica] que está a pensar", disse.
Deixando o combate ao défice externo para outra altura, Constâncio pede para já medidas para "produzir efeitos na expansão da procura no mais curto espaço de tempo possível". E deixa alguns reparos ao Governo sobre a forma "ideal" de o fazer. Em primeiro lugar, pede uma concentração em "despesas de investimento de imediata realização e rápido acabamento, para não implicarem grandes despesas futuras". Elogia a construção de escolas, mas os grandes projectos de infra-estruturas, em que grande parte da despesa é feita no futuro, não são referidos.
Depois diz para se evitarem reduções gerais de taxas de impostos e apoios descricionários a sectores inteiros de actividade. Recentemente o Governo fez descer o IRC e apoiou o sector automóvel. Constâncio apela ainda, para evitar uma subida do défice muito acima dos três por cento, o anúncio de medidas de compensação em receita ou despesa, algo que ainda não foi feito pelo Governo.
Palavras-chave da actual crise económica
Desemprego
O Banco de Portugal nunca faz previsões para a taxa de desemprego, mas quase não há dúvidas de que esta irá aumentar em 2009. O abrandamento do consumo e a queda das exportações vão colocar muitas empresas em dificuldade, tornando o cenário no mercado de trabalho muito mais complicado. Para o volume de emprego, o banco faz previsões e, claro, as notícias não são positivas. Depois de um crescimento de 0,3 por cento em 2008, queda de 0,5 por cento em 2009 e de 0,1 por cento em 2010. O objectivo de 150 mil empregos na legislatura parece definitivamente posto em causa.
Bens duradouros
É aqui que os portugueses já estão a revelar a sua precaução perante a crise. Com a palavra "recessão" na boca de toda a gente, a compra de bens como carros ou televisores com ecrã plasma é a primeira a ser adiada. No total de 2008, a diminuição do consumo de bens duradouros já será de 0,5 por cento. E em 2009, apesar da subida do rendimento real disponível, a queda chegará aos 5,1 por cento, prolongando-se por 2010. Nos bens não duradouros, o consumo abranda, mas de forma moderada. No total, o consumo privado vai crescer a uma taxa de 0,4 por cento em 2009, bastante menos que os 1,4 por cento de 2008.
Crédito
Os bancos vão conceder menos empréstimos durante este ano, mas a autoridade monetária diz que isso não significa necessariamente que o sector esteja a guardar para si todo o dinheiro que tem disponível. "Num contexto recessivo existe uma normal diminuição da procura de crédito por particulares e empresas", afirmou ontem Vítor Constâncio, assinalando não ser possível "distinguir na prática o que na desaceleração do crédito é o resultado da quebra da procura ou das restrições da oferta pelos bancos". O Banco de Portugal parece, assim, pôr-se à parte de qualquer ameaça de redução dos apoios à banca se esta não emprestar dinheiro às empresas e às famílias.
Exportações
Ao contrário do que aconteceu em 2003, uma parte muito importante da actual entrada em recessão da economia portuguesa deve-se à evolução das exportações. A procura em países como a Espanha, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos está a recuar e as empresas que fazem do estrangeiro um dos seus principais mercados vão sofrer. O problema já se fez sentir em 2008, em que por pouco se conseguiu uma variação positiva das exportações. A queda prevista para 2009 é a maior desde 1981. Não é só nas mercadorias que a quebra da procura se nota. Nos serviços, onde o turismo tem um peso fundamental, depois de aumentos superiores a dez por cento nos dois anos anteriores, o acréscimo já só foi de 2,2 por cento em 2008, entrando em terreno negativo durante este ano.
Défice público
Pode subir acima de três por cento, mas não muito, aconselha o governador do Banco de Portugal. Se, por um lado, Constâncio aconselha a colocação em prática de estímulos orçamentais para a economia, por outro, assinala que Portugal não tem "grande espaço de manobra".
O Pacto de Estabilidade de Crescimento (PEC) permite que um país a atravessar um período de recessão (como acontecerá com muitos Estados europeus) pode deixar o seu défice ultrapassar de forma moderada e temporária o limite dos três por cento. "Não é um país como Portugal que isoladamente pode quebrar esta regra", diz Constâncio, lembrando os efeitos negativos que uma decisão desse tipo poderia vir a ter ao nível dos custos de financiamento da economia portuguesa no exterior. Por isso, e tendo em conta os efeitos que uma recessão pode ter nas contas públicas, o governador do Banco de Portugal considera que,
apesar de as regras do PEC permitirem ir um pouco mais longe, é melhor que o Governo português mantenha como ponto de partida para 2009 um objectivo de défice de três por cento. "Convém manter essa margem", defende.
Estados Unidos
"Estamos muito dependentes do que vier a acontecer nos Estados Unidos", afirmou ontem Vítor Constâncio. Para ao governador, da mesma forma que foi na economia norte-americana que a crise começou, terá de ser nela que deverá começar a desanuviar-se. Fica o conforto de, nos EUA, muito mais do que na Europa, as autoridades estarem de forma muito agressiva a adoptar políticas para contrariar a travagem da economia.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
A VIDA E A ECONOMIA
Este é o tempo dos economistas. Nunca como hoje se assistiu à ditadura da economia em todas as esferas da vida. EStamos nas mãos de números, contas, percentagens, défices, PIB's, orçamentos. Predomina o cálculo mesquinho, a estreiteza das décimas e dos trocos, a mentalidade do comerciante. Mas também a vertigem do lucro, do ganho, do dinheiro, do chega-te para lá que este monte é meu. Dá-se a vida por notas e moedas, por contas bancárias, DÁ-SE a vida por um absurdo, por entidades absurdas e castradoras. Nada disto é nobre. Nada disto é grande. Nada disto é vida. Tudo isto é rebanho. Tudo isto é imitação do outro. A vida é criação. A vida é seguir o caminho que conduz a si mesmo, como diz Nietzsche. A vida é estar acima, é estar fora da economia. A vida é gozar com a economia e com os economistas. A vida é gozar e dançar.
"Temos de procurar um novo paradigma, visto que, manifestamente, o que tínhamos não serve. Trouxe corrupção, numa escala nunca vista, falências, descontentamento, desemprego, desigualdades, mais pobreza, e quem sabe se trará ainda revoltas, fruto do descontentamento..."
Mário Soares, "Diário de Notícias", 6-1-2009
Mário Soares, "Diário de Notícias", 6-1-2009
POLÍTICA À ESPLANADA

Pronto, voltou a falar-se livremente
em marxismo-leninismo nas esplenadas do café
É a Ana Drago que rompeu com o PC pela direita
é o outro que rompeu pela esquerda do Bloco de Esquerda
e o outro que está acima e abaixo e já não sabe onde
e é anarco-nietzscheano
voltou a falar-se de política a valer, revolucionária,
na esplandada de um café de Braga
no meu tempo um gajo começava a falar de política
e afastavam logo as gajas
porque não se podia falar de política em frente às gajas
É uma longa discussão acerca do BE de Braga
já perdi tanto tempo da minha vida em volta destas discussões
e da FER e do Gil e do Louçã
começo a fartar-me...
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
NAZIS DE ISRAEL FORA DE GAZA

Número de mortos sobe para 555
Confrontos entre Exército israelita e activistas do Hamas intensificam-se na cidade de Gaza
05.01.2009 - 19h53 Agências
A cidade de Gaza é palco de violentos combates entre o Exército israelita e o braço armado do movimento radical Hamas. Enquanto vários países e entidades pressionam o cessar-fogo, o número de palestinianos mortos subiu para 555.
Só hoje já foram mortos 50 palestinianos dentro da Faixa de Gaza, dos quais doze são crianças, anunciou o chefe dos serviços de urgência do território palestiniano, Mouawiya Hassanein. Mesmo assim, Israel parece irredutível a realizar o cessar-fogo.
A ministra israelita dos Negócios Estrangeiros, Tzipi Livni, rejeitou hoje os apelos a um cessar-fogo dos diplomatas europeus em visita a Jerusalém. “Nós combatemos o terrorismo; não faremos acordos com eles”, afirmou Tzipi Livni, referindo-se aos islamistas do Hamas.
George W. Bush diz “compreender” o desejo de Israel de se defender, embora queira o término do conflito, Bush defende que o Hamas tem que dar as condições que Israel deseja para o cessar-fogo. “Qualquer cessar-fogo tem que garantir as condições de que o Hamas não se sirva de Gaza para disparar os ‘rockets’”, disse o ainda Presidente dos Estados Unidos, citado pela AFP.
No terceiro dia da invasão terrestre, várias dezenas de combatentes do Hamas enfrentam o exército israelita no bairro de Choujaiya, no leste de Gaza, adianta a AFP com base em vários testemunhos palestinianos. No bairro ouve-se continuadamente explosões enquanto os helicópteros continuam a disparar raides. O Hamas afirmou ter acertado em sete tanques com os seus ‘rockets’ contra a artelharia.
Os combates continuam noutros locais da Faixa de Gaza. A situação humanitária vai se degradando, a maioria da região está sem electricidade e a água e os mantimentos vão escasseando. Desde que a ofensiva se iniciou a 27 de Dezembro, o número de feridos já chegou aos 2700.
O alto-comissário da ONU para os refugiados, António Guterres, já exigiu a abertura das fronteiras para permitir que os palestinianos possam abandonar o território. “Aqueles que querem fugir da Faixa de Gaza, devem poder fazê-lo e encontrar segurança noutros países, de acordo com as leis internacionais”, disse o antigo primeiro-ministro português.
Enquanto isso, os esforços diplomáticos continuam. O Presidente francês Nicolas Sarkozy, depois de ter tomado o pequeno-almoço com o Presidente egípcio, Hosni Mubarak, viajou para a Cisjordânia, onde afirmou que a violência em Gaza deve cessar “o mais rapidamente possível”, e mais uma vez condenou a ofensiva terrestre israelita e responsabilizou por sua vez o Hamas.
“O Hamas agiu de uma forma imperdoável e irresponsável” e “carrega uma grande responsabilidade no sofrimento dos palestinianos em Gaza”, acrescentou Sarkozy, referindo ainda que a Europa vai fazer de tudo para conseguir o cessar-fogo.
Abou Obeida, o porta-voz das brigadas de Ezzedine al-Qassam – o braço armado do Hamas –, afirmou que milhares dos seus combatentes estão prestes a entrar em combate contra o exército israelita nas ruas de Gaza.
Por seu lado, o chefe mais influente do Hamas que está em Gaza, Mahmoud al-Zahar, afirmou que a “vitória vai chegar graças a Deus”. Segundo a AFP, o Hamas acusou Sarkozy de estar a favor de Israel.
Os activistas palestinianos continuam a disparar ‘rockets’ para o território do Sul de Israel. Quatro israelitas já morreram desde 27 de Dezembro. No exército, um soldado foi morto, e 55 foram feridos depois da invasão terrestre ter iniciado, sábado passado.
SUGESTÕES DE LEITURA DO CLUBE LITERÁRIO DO PORTO

SUGESTÕES DE LEITURA PARA JANEIRO por António Pedro Ribeiro
“Assim Falava Zaratustra“ - Friedrich Nietzsche, Relógio D’ Água Editores
Longo poema profético, anti-Bíblia, assim se pode caracterizar “Assim Falava Zaratustra”, a obra imortal de Friedrich Nietzsche.
“Zaratustra” é uma crítica ao cristianismo e às sociedades do rebanho. Não se dirige ao que se dilui na multidão, ao que age sempre como os outros agem, ao que não tem rosto, ao que não possui o poder de uma vontade afirmativa. Não faz a apologia dos pobres, dos humildes, dos doentes, dos fracos nem promete o Reino dos Céus. O profeta Zaratustra nega o Reino dos Céus e proclama a morte de Deus. A morte de Deus representa o fim e o declínio da formulação de Deus que a metafísica clássica ocidental construiu. A ideia de Deus para o cristianismo corresponde a um sistema de valores que, segundo Nietzsche, o homem deveria abandonar e substituir por outro. A resignação, a docilidade, a simplicidade e o servilismo seriam substituídos pelo orgulho, pelo egoísmo, pela vontade de potência, pela sensualidade e pela nobreza de espírito. O homem procede à transvalorização de todos os valores. Mas não qualquer homem. O homem superior, o super-homem. Zaratustra fala aos vencedores, aos afirmadores da vida, aos que querem viver o aqui e o agora, aos que têm a Terra como único reino. Zaratustra opõe-se aos sacerdotes e aos moralistas, aos “acusadores da vida”, aos que negam e detestam a vida, aos que reprimem e condenam a volúpia, aos que associam as paixões e as pulsões vitais ao diabo e ao pecado, aos que pregam o Outro Mundo. Celebra a carnalidade, a vida vivida, a sensualidade, o simples gozo de existir.
“Zaratustra” é também um hino à liberdade, à liberdade de criação, ao espírito livre. O homem superior é um menino e um grande bailarino. “É aquele que não tem preconceitos, que faz da vida um jogo permanente, que se passeia na corda-bamba do devir”. O menino, a criança é o criador de novos valores, é o espírito livre. O querer liberta. A vontade que cria é libertadora. O homem superior é o homem livre.
“Memórias de um Alcoólico“ - Jack London, Edições Antígona
“Os devotos de John Barleycorn são assim. Quando lhes bate à porta a boa sorte, bebem. Quando não têm sorte, bebem na esperança de boa sorte. Se a sorte é madastra, bebem para esquecer. Se encontram um amigo, bebem. Se discutem com um amigo e perdem essa amizade, bebem. Se os seus assuntos amorosos são coroados de sucesso, ficam tão felizes que é obrigatório beberem. Se forem abandonados, bebem pela razão contrária. E se não têm nada para fazer, pois bem, tomam uma bebida, seguros de que, quando tiverem tomado um número suficiente de bebidas, as larvas começarão a rastejar nos seus cérebros e não terão mãos a medir com coisas para fazer. Quando estão sóbrios querem beber, e, quando bebem, querem beber mais.”
“Memórias de um Alcoólico” de Jack London é um tratado quase sociológico e sem falsos moralismos acerca do consumo do álcool e do alcoolismo. London descreve magistralmente a vida de “saloon” no início do séc. XX e a sua relação com o álcool. A bebida como sinal de virilidade e de sociabilização, a bebida ao lado da aventura e do romance, a bebida como símbolo de camaradagem, a dependência e os efeitos, está tudo na prosa de London que, em conclusão, defende a proibição do álcool.
“Guy Debor“ - Anselme Jappe, Edições Antígona
Anselm Jappe analisa o percurso teórico do principal mentor da Internacional Situacionista, Guy Debord.
Vivemos numa sociedade-espectáculo, uma sociedade marcada pela contemplação passiva de imagens, escolhidas por outros, que substitui a vivência e a capacidade de modificar os acontecimentos por parte do individuo. O espectáculo torna a comunicação exclusivamente unilateral, é aquele que fala enquanto os outros se limitam a escutar. A separação está na base do espectáculo. Às celebridades, aos actores ou aos políticos cabe representar os aspectos ausentes da vida pobre e desinteressante dos restantes indivíduos. Em todas as esferas da vida a realidade é substituída pela sua imagem.
Não é do homem e das suas obras que o espectáculo trata mas da mercadoria e das suas paixões. Toda a vida humana se submeteu às leis da economia. A Internacional Letrista, os situacionistas e a arte, a crítica da vida quotidiana, os situacionistas e os anos 60, Maio de 68 e depois e o mito Debord são outros dos temas abordados.
A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 68. É licenciado em Sociologia e foi fundador da revista “Aguasfurtadas”. Vocalista da bandas punk-rock MANA CALORICA e LAS TEQUILLAS. e desde há 19 anos que diz poesia e actua em performances poéticas por todo o país.
"Um Poeta a Mijar" (Corpos) é o título do seu último livro de poesia. Publicou ainda "Saloon" (Edições Mortas,2007) , "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro. Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário" (Objecto Cardíaco, 2006), ("Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Edição Pirata, 2004) e "À Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001).
- escreve nos blogues Trip na Arcada e Xamãs.
REBANHO

Escrevo
mas escrevo para quê?
Quem me publlicará?
Tenho dois livros prontos
e ninguém se chega à frente
mas chega de lamúrias
estou no café a beber cerveja
e os homens comem
os apanhados passam na televisão
e o povo ri
contenta-se com pouco
o gado eleitoral
dirige-se ordeiro às urnas
e a coisa vai
imbecilidade sobre imbecilidade
gargalhada aqui gargalhada ali
lá se vão contemplando as imagens
o espectáculo com que nos presenteiam
o quinhão que cada um conquista
pensando que é seu e só seu
na batalha da vida
agarrados à carteira
macacos que imitam os outros macacos
mmacacos que correm atrás do cacau
macacos que se guerreiam pelo prémio
e que se disfarçam de natais
e anos novos
está tudo porreiro
mas fica aí na tua, meu
não me chateies
não me cobices a mulher nem o cacau
que isto está tudo em cima, meu
o meu quinhão está guardado
e os outros que se fodam
vamos tosos ser empreendedores
como diz o nosso primeiro-ministro
cada um por si
cá nos vamos divertindo numas festinhas
lá vamos dando umas galas
com as melhoes mamas e os melhores lábios do mercado, meu
lá vamos dando uns beijos e uns abraços
lá vamos gozando a nossa prosperidade
desde que esses gajos chatos se mantenham longe
desde que esses gajos não venham dizer para aqui aquelas coisas,
desde que aqueles gajos não venham estragar-nos o Natal
não toques o meu quinhão!
não toques o meu colhão!
eu disse: não toques o meu quinhão!
Eis a máxima
eis a máxima que rege a nossa sociedade
a sociedade da inveja e do rebanho
enquanto vos invejais, o capitalista acumula
sois o rebanho
sois o macaco que obedece
que imita o outro macaco
odiais aquele que procura a lucidez e a loucura
aquele que se refugia nas montanhas
aquele que grita nas ruas
aquele que cria e provoca
aquele que dança e canta.
Braga, 27.12.2008
domingo, 4 de janeiro de 2009
MACEDO VIEIRA ESQUIZOFRÉNICO
Macedo Vieira continua a perseguir blogues na Póvoa de Varzim, desta feita foi o Tony-Vieira. Macedo é fascista! Se tiver a coragem de censurar o trip na arcada vai ter guerra...a valer!
António Pedro Ribeiro.
António Pedro Ribeiro.
GUERRILHEIRO

Um guerrilheiro não é um mercenário nem um soldado. O guerrilheiro dá a usa vida por um ideal, por um combate. Tem de se de se separar da família e dos amigos pars ir combater para selva ou para a montanha. Um guerrileiro não é pago, tem de matar para não ser morto. Tem de ser duro. Ser guerrilheiro não é brincadeira. Assim era Che Guevara.
isto a propósito de texto descontrxtualiazado saído no "Jornal de Notícias".
sábado, 27 de dezembro de 2008
NIETZSCHE
Enviai-me a loucura, habitantes dos céus. A loucura para que finalmente eu acredite em mim.

Estou só na confeitaria
com o bêbado
os outros agarram-se ao bolo-rei
e ao Natal
o bêbado acende o cigarro
gesto proibido
que provoca a ira da Maria
o bêbado fuma lá fora
e o Rocha não atende o telefone
chateou-se comigo o Rocha
por causa do baiano e do guitarrista
sinto falta do Rocha
e das suas análises futebolísticas
o bêbado reentra
coloca a cerveja no balcão
paga a despesa
estou-me a ver daqui a uns anos
se continuar assim
o bêbado tolerado pela gerência
com um pouco mais de literatura, claro,
com umas ideias
mas bem sei que, a partir de certo ponto,
as Marias deixam de nos respeitar
deixamos de pertencer ao círculo
dos cidadãos respeitáveis
passamos a estar completamente à margem
e isso é triste, muito triste.
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