terça-feira, 13 de novembro de 2007

NIETZSCHE


E voltei as costas aos governantes quando vi o que eles chamam hoje governar: traficar e mercadejar o poder- com a gentalha!
(F. Nietzsche)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

JOANA TENS UM


JOANA TENS UM

Joana
António
Amores algures
Viagens
Dentro do T1
Bonecas de porcelana
Corridas de F1

Joana
À porta do Centro de Emprego
Ofertas de caramelos
Desertos camelos
Minka a linkar

Ébrio 29
Cristo
Nietzsche
Sade
A gemer de sede
Maria Modivas Vila do Conde
Torpedo portento a rebentar

Joana
Pedro
16,30 H
Porteiro ponteiro a controlar
Na pastelaria onde o César come
Onde o César dorme Augusto
De caneta em punho
Punhos no nariz que sangra
Jesus na cruz
Madalenas à solta
Margaridas às voltas
Na Ribeira na Sé
No site nas quintas do Ribeiro
Nos Autos de Fé
Á porrada com os máfias
Puta madre sierra madre sierra maestra
Com o Che com Chávez na Venezuela
Na Colômbia na Argentina no galo no Peru

Dar-te flores cravos Abril
Orquídea selvagem
Na minha garagem
Cocktail molotov no armazém
Maio de 68
Paris Roma Funchal
Quartel infernal
Direcção regional
Comité central
Mistério ministério
Armada professora em Almada
Maria, foge já
Com o António
Irmão camarada Lisboa Rua do Carmo
Mães de Maio na praça
Na TV nos jornais em Mombaça
No alto da torre de controle
Sincero-canta
Tu em mim
No Auto da Barca
No alto da arca
Sexo na praia na arca frigorífica
Braga Cátia S. Marcos
Hospital
Entrar na foto
Sair do esgoto
Rato roto na rata
Apanhar o susto
Busto mamas mini-saia
Encherto de porrada
Rui rei da imagem
Na Avenida dos Banhos
Satanás à solta
A jogar à lerpa com Deus e Alá
A caminho de Meca tanto dá
A comer suecas
Copas dinamarquesas
IVA a 21%
Um clic em Copenhaga
Parafusos na tola
Que rola e enrola
Como a pasta a circular
Ana Maria sem trabalho
Mais um puto para o caralho
Bilhetes na central ao preço do carvalho
Braga Porto Póvoa
Gonçalo Cristóvão
Putas travestis marinheiros
Roubos de igreja
Extravio de telemóvel
A PT dentro do cu do conde
Anarca alucinado
Um broche ao Estado!
266 Câmara Municipal
O vigilante controla o andante
Mão na coima
António Ribeiro no Chiado
A descer a rua do Carmo
Internet Minka mocada
Basta! Diz o Senhor do Vale
A caminho do Carnaval

Morte aos bancos!
Apesar da simpatia
Apesar da fantasia Sapataria
Bárbara Fernanda
Caminho de néon…bom…bom…
Amazonas…boazonas…
Come…come…come, baby…
UH, baby, baby, baby,
Canta o Plant
Rega a planta
Estórias da noite

Maria Carvalho na serra
À cata de papéis
Rata que mata
Rostos de álcool
0% para os pensionistas rotos
E a Alexandra Bento bebe água benta
Em S. Bento

Anda
Joana
Vem comigo
Até ao inferno
Terno fogo

Anda
Rosa
Amar o artista
Que vem do norte
Do burgo
De S. Petersburgo
Do frio do gelo da fonte
Dos icebergs dos vikings dos géisers
Da Islândia da Gronelândia

Vem,
Mulher,
Em Maio em Abril
Ao Gerês
À cena que vês
Acabar de vez
Com este fado!
Vilar do Pinheiro, “Motina”, 24/25 Abril 2006

domingo, 11 de novembro de 2007

ASTÓRIA

ASTÓRIA

O Astória
Voltou ao Astória
Os velhos passam
Os bancos chulam

Os jornais circulam
Como as mamas
Os bebés mamam
Os bancos também

Os polícias controlam
Vêm de vez
Como as águias
Outros
Apreciam
A natureza.

sábado, 10 de novembro de 2007


O CIDADÃO CUMPRIDOR VOLTA A ATACAR

O meu sonho é ser competitivo, ser um cidadão de sucesso. Quero submeter-me voluntariamente às directivas do primeiro-ministro, sacrificar-me em prol do país. Quero lançar uma OPA, investir na bolsa, adaptar-me ao mercado.
Quero tornar-me um executivo e não ficar pensativo. Quero ser empreendedor, um democrata cumpridor. Quero ser responsável, credível, prudente e racional, seguir uma lógica empresarial. Quero suicidar-me, em directo, à porta do Telejornal.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

VENHO


VENHO

Venho para junto das mulheres
Porque as amo
A elas pertenço
Por elas caio
Por elas danço
Por elas estremeço
Venho ao recanto
Onde elas falam e falam

Venho por elas
Para olhar para elas
Para amá-las com os olhos
Mesmo sem saber se elas me amam

São as mulheres que me dão a poesia
A fantasia no meio da merda
São elas que me dão a àgua
O canto
A doçura que traz o encanto
Os lábios
A magia
A alegria

Amo-as só de as olhar
Quero ficar
Petrificado a ouvi-las falar
E esquecer o mundo
Que vai ao fundo

Quero ficar em silêncio
A ouvi-las falar
Até que me reconheçam
E falem comigo
A brincar
A sorrir
A provocar
A falar das tranças e das crianças

Venho para junto das mulheres
Para me acalmar
E deixar-me levar
Até ao céu.

Vila do Conde, 10.0ut.2006

segunda-feira, 5 de novembro de 2007


Na cidade das mulheres
A chupar rebuçados
Na cidade das mulheres
Perdes-te onde queres
Na cidade das mulheres
Hablas castellano
Na cidade as mulheres
Passeiam bulldogues
Na cidade as mulheres
Aguardam a folga
Na cidade, às colheres,
Bebes a fada
Na cidade as mulheres
Servem-se às colheres
Na cidade que tu queres
Colhem-se malmequeres
Na cidade que te fere
As tuas mulheres
Na cidade que te fere
Estoiras os trocos.
BEBO CERVEJA

Bebo cerveja
E as meninas falam de cabelos
Bebo cerveja
Num bar repleto de camelos
Bebo cerveja
E enlouqueço
Com o balançar das tuas ancas
Bebo cerveja
A ela pertenço
As meninas falam
E eu, há meses, sem conversa.

sábado, 3 de novembro de 2007

RIBEIRO NO JORNAL DIGITAL

JORNAL DIGITAL

Braga - O politicamente incorrecto poeta portuense António Pedro Ribeiro veio a Braga, quinta-feira, apresentar a sua «Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro e Outras Pérolas - Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário», obra surrealista e directa que não poupa nas palavras fortes para fazer uso da liberdade de expressão.«Ele tem um modo de estar arrogante, intolerante e mecânico, um modo de falar robótico, tecnológico», diz Pedro Ribeiro sobre José Sócrates, actual chefe do Governo português, a quem dedica o poema que dá nome ao seu mais recente livro. Mas além do primeiro-ministro, que o autor, rebelde assumido, pretende ver «num filme porno», há outros visados. «Este livro não é apenas uma dedicatória a José Sócrates, é um livro assumidamente anarquista, guevarista. Todos os poderes estão em causa, não é só o primeiro-ministro», explicou o próprio ao Jornal Digital aquando do lançamento na Livraria Centésima Página, em Braga, cidade onde viveu muitos anos.«Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro», título cuja escolha «não foi inocente», reconhece o autor, é também um manifesto contra o que se passa actualmente nos partidos políticos em Portugal. Os três primeiros textos são dedicados à Póvoa de Varzim, Porto e Vila do Conde «e respectivos presidentes de Câmara», refere o poeta. Com a primeira autarquia diz ter «uma especial relação de amor. Mais até do que com Sócrates». E nem a Igreja nem os jornalistas escapam à visceral «paixão» de Pedro Ribeiro.A obra, editada no início do ano pela objecto cardíaco, do escritor valter hugo mãe, que esteve presente na apresentação, é «muito influenciada» por leituras que o autor fez no Verão passado. Admirador dos situacionistas e dos surrealistas, o poeta utiliza algumas técnicas que estes usaram, nomeadamente a colagem. Em muitos dos seus textos mistura, por exemplo, excertos de notícias de jornais com frases suas ou de outros autores.Fundador da revista «aguasfurtadas», A. Pedro Ribeiro, que nasceu no Porto no famoso ano de 1968, publicou já outros livros e manifestos. «Eu também escrevo poemas de amor melancólicos», lembra o escritor que é também autor do blog «trip na arcada» e membro da banda Mana Calorica. Alguém que acredita «que a criatividade é o último reduto da rebelião».
Madalena Sampaio

COLT 45


a pele a lata


o poema


que se oferece


em flor


a pose do assassino


que controla


e o saloon é teu


a cidade é tua


gingando de pistola


no coldre


colt 45




A. Pedro Ribeiro in "Saloon" (Edições Mortas)

A. PEDRO RIBEIRO NA RUA DE BAIXO



Por vezes, ao observarmos uma fotografia antiga de Oscar Wilde, de Ernest Hemingway ou um qualquer outro mestre da literatura, somos invadidos por uma vaga de nostalgia; a da figura romântica do escritor, despreocupado pelos pormenores secundários de uma vida passada nas boémias tertúlias de café, por entre o tabaco, o ópio e o álcool, em viagem recreativa por entre as paisagens paradisíacas de países estrangeiros ou em comunhão telúrica com a terra em qualquer esconderijo pessoal no meio da Natureza.
Quem nunca teve um secreto ensejo de ser um Fernando Pessoa a escrever na esplanada d’A Brasileira, um Sebastião da Gama a colocar por palavras a beleza da Serra da Arrábida ou um Almeida Garrett a inspirar-se nas paisagens verdejantes do Douro, que atire a primeira pedra.
Claro que estou a exagerar, esta é apenas uma visão romântica do escritor. No entanto, é uma imagem que já não colamos aos autores contemporâneos. A culpa é da sociedade moderna e de conceitos como o capitalismo ou a globalização. Actualmente, existem demasiadas coisas com que nos preocuparmos, demasiada informação para assimilarmos e bastante pouco tempo livre para desfrutarmos.
O poeta portuense António Pedro Ribeiro parece não querer acreditar nisso e poderá vir a ser o último poeta romântico português. Isto apesar de “Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro e Outras Pérolas – Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário”, o livro que acaba de editar pela Objecto Cardíaco, ser uma obra política, irónica, satírica e algo surrealista, directa e quase panfletária.
“Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro…” é ainda uma obra influenciada pelos situacionistas, que não se furta a utilizar a técnica da colagem, ao utitilizar machetes ou excertos de notícias da comunicação social escrita misturadas com palavras suas.
A Rua de Baixo decidiu dar a conhecer um pouco mais sobre o poeta (e músico) António Pedro Ribeiro, que fez furor na recente edição do festival Paredes de Coura com as suas declamações. Foi sobre isto, sobre o seu inusitado amor pelo primeiro-ministro, sobre os The Doors e sobre muitas outras coisas que conversámos. Para conferir nas linhas seguintes.
Confessou-se apaixonado pelo primeiro-ministro. Pelo actual em particular?
A "Declaração de Amor…" não se aplica só a um primeiro-ministro, aplica-se a todos os poderes que estão podres, como dizem os surrealistas, os situacionistas, os anarquistas e outros esquerdistas. É claro que José Sócrates merece uma menção especial pela sua postura mecânica, robótica, arrogante e intolerante. Julga-se um super-homem, um homem-providência, cheio de rigor e competência como Salazar, mas é uma grande treta. Aliás, tal como a maior parte dos dirigentes dos partidos portugueses. Além disso, faz o jogo do imperialismo e do capitalismo mundial. Nada faz para combater a pobreza ou o desemprego. Os únicos primeiros-ministros portugueses que estimo são Afonso Costa, Vasco Gonçalves e Maria de Lourdes Pintassilgo.
Depois de algumas edições de autor, “Declaração De Amor Ao Primeiro-Ministro…” é o seu primeiro livro publicado por uma editora. Como surgiu o encontro com a Objecto Cardíaco?
A “Declaração de Amor" não é o primeiro livro publicado por uma editora. Em 2001 publiquei "À Mesa do Homem Só. Estórias" através da Silêncio da Gaveta, uma pequena editora sedeada em Vila do Conde e na Póvoa de Varzim, dirigida pelo João Rios e pelo José Peixoto. Ainda assim, em Maio desse ano, surgiu uma boa crítica na revista do "Diário de Notícias" [DNA] que já falava numa certa "descida aos infernos do álcool", só que como nem eu nem a editora éramos conhecidos, a coisa caiu no esquecimento. Eu e o Valter Hugo Mãe, da Objecto Cardíaco, já nos conhecíamos das andanças dos bares e da poesia. Contudo, no ano passado o Valter ouviu-me recitar no café Pátio, em Vila do Conde, o "Poema do Défice" e o texto "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro". Perguntou-me se eu tinha mais coisas do género e eu disse que tinha quatro ou cinco coisas antigas e inéditas. Depois, de Julho a Setembro, escrevi o resto, até porque encontrei na casa da minha avó em Braga uma antologia do surrealismo francês e a "Arte de Viver para a Geração Nova" do situacionista Vaneigem. Foi mais uma volta à cabeça. O livro, no fundo, é um manifesto surrealista situacionista libertário em linguagem poética.
É o A. Pedro Ribeiro um autor exclusivamente político, de intervenção, ou o seu próximo livro poderá muito bem ser sobre outra coisa qualquer?
Não me considero um autor exclusivamente político. Até porque, na senda de Breton, a política não existe separada da vida. O amor, o sexo, a liberdade e a revolução são todas uma coisa só que as máquinas castradoras do sistema sempre tentaram dividir. Mas, ao fim e ao cabo, felizmente nunca o conseguiram no que respeita a alguns homens e mulheres. Nietzsche fala no espírito livre e em Dionisos e eu acredito.
Eu tenho um livro para sair há um ano chamado "Saloon", através das Edições Mortas. O problema é que o editor - António Oliveira, mentor da livraria "Pulga" no Porto - anda teso e eu também. Esse livro é diferente. Tem a ver com a atmosfera dos bares, com as mulheres que estão do lado de cá e de lá, com o sexo que espreita mas raramente vem, com o engate, com as mulheres que amamos e com as outras que passam, com a noite e com os copos até cair, com o pistoleiro que entra no saloon a gingar e que assusta toda a gente, ou então é ostracizado. O meu próximo livro talvez se chame "Um Poeta a Mijar" e terá talvez duas partes ou dois livros: uma das partes vai ser estilo Dada e humorística com textos já conhecidos mas nunca editados em livro, como "Borboletas", "Futebol Dada" ou "Mamas2". A segunda parte ou livro poderá conter as tais iluminações, delírios ou alucinações - a fronteira é ténue -, estilo "Eu vi a morte nos olhos de Deus", os tais textos que não sabemos de onde vêm. Contudo, não deixarei nunca de tomar posições políticas, talvez até funde uma coisa nova, mas não um partido, não suporto mais ver a coisa dividida entre dirigentes e dirigidos.
Não teme que não o levem a sério? Eu já fiz muitos disparates. Mas se não tivesse feito alguns deles teria apodrecido de tédio ou de depressão. Mesmo quando estou a brincar ou com os copos, penso que as pessoas inteligentes entendem que já escolhi o meu lado da barricada. Há quem me ame e quem me odeie. Isso é natural quando dizemos ou cantamos determinados textos ou tomamos determinadas posições. É claro que custa não reagir às provocações quando insultam aqueles que amamos.
Sente-se um “poeta maldito”, como o eram Rimbaud, Baudelaire ou Sade?
Não me coloco ao nível de Rimbaud, Baudelaire ou Sade. No entanto, tenho a certeza que sou deles, que venho dessa linha de malditos onde incluo também Blake, Lautreamont, Jim Morrison, Nietzsche, Henry Miller, Bob Dylan, Allen Gingsberg, Péret e tantos outros. Não nasci para os empregos das 9 às 5 - dou-me mal neles, a rotina mata-me. Léo Ferré disse que o artista aprende a profissão no inferno. Eu vou lá muitas vezes e gosto, porque o céu, muitas vezes, é uma seca, com todos aos beijinhos, aos abracinhos, aos boatos, aos mexericos, às panelinhas e eu detesto. Serei um poeta maldito, mas isso não significa que não ame a Humanidade, as mulheres bonitas, o sol, as crianças. Esta merda que nos querem impingir é que eu não aceito. De qualquer modo, não sou, não quero ser, o versejador da corte.

Mais em http://www.ruadebaixo.com

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

BORBOLETAS

BORBOLETAS

A.PEDRO RIBEIRO + FERNANDA PEREIRA


Borboletas na Internet disquete cassete sai e mete na Rosete que nos submete e promete ceias de Natal à entrada do centro comercial à saída do Telejornal cacetete tête-à-tête confidencial dá-me a tua morada a tua namorada o teu portal envia-me um postal uma queca no matagal uma mulher fatal e diz aos putos para parar com o cagaçal não me trates mal não me ponhas mole, ó Amaral.
Chiclete na net orgia na retrete revista coquete croquetes amor de trotinete atómica supersónica harmónica filarmónica filantrópica psicotrópica Mónica, volta aos meus braços aos meus cansaços aos meus bagaços aos meus palhaços em pedaços laços estilhaços calhamaços caracóis duquesa de Góis rouxinóis prato de rissóis cachecóis em Cascais aos casais jornais informais ais aias saias sais minerais saque no cais de embarque um traque no Iraque tic-tac xeque-mate Camarate serrote garrote pote pichote Senhora do Ó tende piedade do Tó que anda metido no pó Aniki-bobó às quartas-feiras dentro das eiras dentro das freiras dentro das frieiras na àgua das torneiras no universo dos Pereiras das colmeias e das onomatopeias ah já dá cá cara de amenduá meu xará vem cá saravá em Dakar junto ao mar recomeçar dar as cartas cavalgar inventar assassinar penar pinar reinar alcatroar albatroz fêmea feroz fêmea atroz fêmea atrás fêmea com gás que leva e traz prazeres em ruínas suíças preguiças tesão que não sobe mulher que fode mulher que pede e escraviza e sodomiza Torre de Pisa rio Tamisa camisa falsa alça alce alface vegetal tribunal Cabral ao comité central ministros no bacanal com o teu soutien acampado na Lousã no comício do Louçã na casca da maçã a anciã masturba-se turva-se lava-se conserva-se foda-se! Latas de sardinhas minhas campainhas picuinhas lingrinhas xoninhas xanax pentax de alcoolemia cloreto de Eufémia mezinhas da Roménia Ofélia à janela Hamlet dentro dela omelete de cabidela cidadela sitiada aguarela sentinela ao relento rebento em movimento sedento sebento sardento sargento lá dentro whisky alento talento.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O POETA É LOUCO


O poeta é louco
e a TV dispara hipocrisias
o poeta é louco
e naufraga no café a meio da tarde
o poeta é louco
e vocifera contra os cidadãos de sucesso
o poeta é louco
e cai na ribanceira
o poeta é louco
e está longe da menina
o poeta é louco
e a vida é um tédio.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

CASA VIVA


From: Projecto Casa-Viva viva a casa < casaviva167@gmail.com >
Date: Oct 28, 2007 11:44 PM
Subject: CONVITE
To:


CONVITE

Para contrariarmos a esperteza da raposa no galinheiro e não ficarmos cada um a seu canto a esgravatar terra


Às vezes acorda-se sorridente, bem disposto, radioso. Noutras manhãs, tudo é cinzento, triste, irritante. A malta da CasaViva também experimenta estes dois acordares e toda a variedade de outros amanheceres que estão entre um extremo e o outro. Mas incomodamos-nos sempre. Todos os dias.

Sempre que paramos este permanente bulir que nos ensinaram que é o verdadeiro viver. Nesses momentos, ficamos frequentemente cabreados. Existiriam, decerto, formas mais eruditas de colocar a questão, mas o que está dito dito está e pareceu-nos mais simples fazer este acrescento do que procurar um sinónimo para uma palavra cuja abrangência de conteúdo só é permitida por ter a sua origem na sabedoria popular.


Chateia-nos viver num planeta com tanto para partilhar e que apenas é explorado em proveito da espécie dominante, tornando a usurpação e o abuso nos conceitos por onde se começa a definição de ser humano.

Aborrece-nos que nos tomem por parvos quando nos tiram direitos e nos dizem que é para nosso bem, como se os direitos que nos tiram se evaporassem e não fossem, como dizia Lavoisier, apenas transformados em direitos de outros.

Apoquenta-nos que nos controlem, nos vigiem, nos fichem, nos transformem em conteúdos de bases de dados, nos gravem, nos chantageiem, nos cortem o direito a contestar, nos façam a todos bufos e polícias.

Indigna-nos que tudo seja mercadoria. Negociável, transaccionável, passível de ser transformado em lucro.

Não pode ser.

O capitalismo, já todos o sabemos, é apenas esta liberdade da raposa no galinheiro. Também não é segredo que a força do predador aumenta na proporção directa da desunião entre as presas. No entanto, mesmo possuindo o diagnóstico, nunca tratamos da maleita. E a responsabilidade de tentar a aproximação entre todos os que acreditam numa mudança organizacional radical é nossa, dos suficientemente vivos para darem umas bicadas na besta, de forma a que, de dispersas e curáveis, se tornem mais eficazes, provoquem gangrenas e acelerem a morte do carcereiro. De outro modo, continuaremos cada um no seu canto, a esgravatar terra como quem se deixa paralisar pelo medo, e a sair esporadicamente, aplicar uma bicada e recolher.

Já houve várias tentativas de união de esforços. Redundaram quase sempre em grandes exercícios de retórica sobre a maior validade da minha forma de luta em relação à tua. Na melhor das hipóteses, acabaram numa lista electrónica de discussão também electrónica que se foi silenciando com o tempo.

Mas a desistência não pode fazer parte do vocabulário de nenhum de nós. Se a coisa não tem funcionado, talvez seja hora de procurar métodos diferentes para a fazer progredir. E, a nós, parece-nos que não é na conversa formal que a união verdadeira cresce. É nas acções que nos sentimos mais próximos. É em ambientes mais descontraídos que nos sentimos mais preparados para falar uns com os outros. É na rua e na festa que se criam laços e se constroem afinidades, onde se forjam verdadeiras redes de interesses e participação.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

PARABÉNS, VALTER

Valter Hugo Mãe venceu Prémio Literário José Saramago 2007

O poeta e editor Valter Hugo Mãe venceu hoje a edição de 2007 do Prémio Literário José Saramago com a obra “O Remorso de Baltazar Serapião”.

O POETA DO VALE


O poeta Do Vale ri sarcasticamente
no "Piolho" e contagia
os que o rodeiam
a menina é bonita
e veste de azul

O poeta Do Vale recoloca
os óculos de sol
a menina é bonita
e vem ao fim da tarde

O poeta Do Vale canta
a menina é bonita
e traz a palavra.

Porto, Piolho, 25. Out. 2007