quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

DO AMOR E DA LIBERDADE

O mundo inteiro nunca parou simultaneamente para escutar palavras de sabedoria. Se isso acontecesse a resposta seria a palavra "amor", segundo Henry Miller. Se essa palavra fosse apreendida, o mundo instantaneamente transformar-se-ia. "Quem poderia resistir se o amor se tornasse a ordem do dia?" Quem ambicionaria o poder ou o dinheiro se fosse iluminado pela glória do amor? 
Os homens dos tempos antigos conheciam os deuses. Nós não estamos preparados para isso. Estamos castrados, isolados. Somos escravos uns dos outros. Ainda de acordo com Miller, no momento em que efectivamente desejarmos a liberdade, seremos livres. Agora somos máquinas, ávidas de poder e de dinheiro, vítimas desses elementos. "No dia em que aprendermos a exprimir amor, conheceremos o amor e teremos amor". O mal é uma criação da nossa mente. Só existe como ameaça ao reino eterno do amor. Há homens que têm visões de uma humanidade liberta. Visões dos deuses que, em tempos, foram.
Como disse Lawrence: "Para o homem, a imensa maravilha é estar vivo". Tornêmo-nos inteiramente livres, inteiramente vivos.

domingo, 21 de janeiro de 2018

REGRESSO AO PIOLHO

Regresso ao Piolho. Há muito tempo que não escrevia no Piolho. De qualquer forma, continuo a sentir-me bem no Piolho. O Piolho continua a ser o meu café no Porto. Depois de quase uma semana de abstinência voltei a beber álcool. Pouquinho, para começar. Lembro-me do Carlos Pinto, do Joaquim Castro Caldas, do Rui Costa. Já partiram todos. Eu continuo aqui, apesar dos sustos. E o ano está a começar em grande. Apareço em todo o lado. Hoje tenho mais mais um concerto, no Rés-de-Rua. Dia 2 há o Hard Club. E como me afasto das imbecilidades, como me afasto do Big Brother. Definitivamente abandonei o rebanho. Definitivamente encontrei o caminho. Só preciso de uma mulher bela e inteligente. E da revolução, claro. De resto, sinto-me poderoso. I'm the Lizard King/ I Can Do Anything. No JN já me publicam textos proféticos. Uma mulher...uma fêmea. Quero-a. Não mais atrofiadas. Danço com Dionisos e as Bacantes. Não estou agarrado às horas. Sou um homem plenamente livre. Sou o poeta que foge da moda e da moeda. Sim, eu estou a triunfar. Os meus poemas circulam. Já sou reconhecido, quer queiram, quer não. Sei, no entanto, que, se aguentar, aparecerei muitas mais vezes. Porque eu tenho uma mensagem, porque eu tenho algo de novo a dizer. Os media procurar-me-ão mais e mais porque eu não sou como os outros. Porque eu sou um dos loucos divinos. Porque eu faço da vida um experimento permanente. Porque eu nasço hoje, porque eu nasço todos os dias. E não me contento com homens pequenos nem com meias-medidas.

domingo, 14 de janeiro de 2018

A REVOLUÇÃO E O APOCALIPSE

No café da Vera ouço a Vera e ouço os operários. Agora compreendo melhor os operários mas entendo que a classe operária é uma classe em decadência, já nada tem de revolucionário, como dizia Marcuse. Apenas luta por reivindicações salariais e sectoriais. Não se quer educar como no tempo de Marx, como no tempo de Lenine, como nos anos 60. Só podemos contar com alguns. De resto, os grandes revolucionários continuam a sair da burguesia e da pequena burguesia instruída. De resto, anda tudo enfeitiçado pelo deus-dinheiro e pela ilusão dos euromilhões. Claro que, por outro lado, não vale a pena um homem andar-se a matar. As loucuras do Trump, do Putin, do palhaço da Coreia do Norte, dos terroristas de Alá, da extrema-direita, as alterações climáticas, o Big Brother dos media, a loucura tecnológica, a corrida desenfreada pelo lugar, pelo emprego, pela carreira, a luta pela vida, tudo isso, mais tarde ou mais cedo, levará necessariamente ao caos, à revolução. Não tenho dúvidas. A revolução e o apocalipse estão próximos.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

DA GLÓRIA

Agora, sim, a glória. Até começo a fartar-me dela, de ver a minha cara em todo o lado. Até me começo a fartar de certas gajas bonitinhas. Ontem na Biblioteca de Vila do Conde, com o Valter Hugo Mãe, com o Aurelino, com o Francisco, soltei-me completamente, dei-me à assistência. Uma noite a valer por mil anos. Ir do céu ao inferno, do inferno ao céu numa só tarde, numa só noite como Rimbaud, como Baudelaire. A estrela, de novo, a estrela. Agora já não está tesa. Teresa. Barbas brancas à mesa. As Sereias. Sexo, noitadas e rock n' roll. A GLÓRIA, outra vez, a GLÓRIA. O poeta à solta.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

FÁTIMA LOPES, BRAGA E OS DOORS

Dia dos Doors. Agora até as telenovelas passam Doors. Sinais dos tempos. Tempos de apocalipse mas também de iluminação. De redenção dos pecados. De idas à missa. Em Braga, Sempre Braga. E eu a subir. A ganhar forças. A procurar as moças. A Fátima Lopes. Quero-a nua. Quero-a na cama. Agora é tudo meu. TUDO MEU. Sou um semi-deus. Rei destas terras. Farto-me de ouvir propaganda, macacos, macacas e imbecis. O ouvido até dói. Não tanto como no dia 1, claro. Anjo em chamas, como te chamas? Quero as boazonas da TV. Fora com o colesterol! Não quero ouvir falar do colesterol! Conversa de velhas. Não gozes, Pedro. Podes cair. Também tu. Tu bem sabes. Provaste desse veneno na passagem de ano. Jesus salvou-te. Contudo, não és bem como ele. És mais como o Jim, como o Mário de Sá-Carneiro. Tens a tua loucura. A tua divina loucura. Ai, coração! Agora falam em cardiologia. Bate, bate, coração. Não bebas whisky hoje, Pedro. Não bebas whisky. Apesar de ser dia dos Doors. Não bebas, Pedro. Bebe apenas cerveja. Pouca cerveja. Não abuses. Escuta o bom doutor. Ó Fátima, não me fales de doenças. Fatinha, não me ponhas doente. Eu amo-te. Eu perdoo-te. Eu não digo mais mal de ti. Eu dou-te filhos. Uma carrada de filhos. Eu não sou padre, eu sou de Zaratustra. Eu sou de Morrison, eu sou de Jesus.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

PASSAGEM DE ANO EM BRAGA

Braga. Passagem de ano. Ouvia a tua voz, Goreti. O coração batia. Caminhava até à igreja de S. Vítor. Inferno. Parecia que ia morrer. Àgua. Bendita água. Salvaste-me. Agora eles divertem-se e eu escrevo num bar que encontrei perto da Sé. Uma gaja falou do Bloco. Falou sem parar. Ontem ouvi o Arnaldo de Matos. Ao menos é directo, apesar de tudo. De facto, vão rolar cabeças, quer se queira, quer não. Mas hoje é passagem de ano. Let the children play. Já cá estás há muitos anos. Burgueses filhos da puta. Marx, Lenine, Bakunine. Meteu-me nojo o imbecil de trás a rir do Arnaldo de Matos. Esses putos burgueses vão levar uma lição. A música a bater. Olá, Braga. Miúdas bonitas. Dinheiro no bolso. Senhor doutor, faça cara de mau. Observas o mundo, observas o que te rodeia como um velho leão. Mas não há dança. Não há Juno. Só música e miúdas bonitas. Mas a dança agora aquece. Personagens da noite. Finalmente. O poeta bebe, negro, maldito. Observa. Ao balcão o sexo convida. Hora de sair.